quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Dos Medos mais Absurdos

O meu avô é dentista, eu sei. Eu uso aparelho ortodôntico desde a pré-história, eu também sei. Mas descobri um dia desses que...tinha medo de dentista.

A genética me conferiu o karma de ter uma boca cheia de dentes enormes, que mal cabem em mim. E aí, com uns quinze anos, eu escutei que precisaria tirar os quatro sisos, assim que possível.

O primeiro foi aos quinze mesmo, o segundo aos dezesseis. Era tudo tão complexo na minha boca que eles precisavam ir embora um por vez. E eu ficava inchadíssima, sem poder comer direito, sentindo dores, sofrendo. E, ainda por cima, ficava tonta quando ia tirar os pontos. Pode falar que sou uma molenga: eu concordo.

Só agora, no ano passado, precisei tirar o terceiro. Quando fui tirar a radiografia já sentia o pânico se instalando. Ai, Senhor. Uma semana antes do Natal e eu ia ficar uma monstra. E se desse alguma zebra e eu passasse o Natal de cara quadrada? E se não pudesse comer a ceia, tomar sol, ir à praia? Eu me lembrava das experiências anteriores e tremia na base.

No dia fatídico, meu telefone tocou enquanto eu andava na rua. Cirurgia adiantada. Ai, Senhor. Senti uma taquicardia leve, mas dei aquela disfarçada com uma risada e uma piadinha apropriada...coisas da vida em sociedade: se os outros acham que você não está se borrando, você se sente um pouco mais corajosa. E chovia, só para aumentar a tensão no ar. Ai, Senhor.

Quando cheguei no consultório, abri uma revista instantaneamente: afinal, ler me acalma, mesmo se todas as pessoas da revista estiverem com enormes sorrisos...cheios de dentes. Eu ia ter um dente a menos dentro de algum tempo. Ai, Senhor, livrai-me de todo o Mal. Mas nem tive tempo de divagar muito: em menos de um minuto a minha dentista (sorridente) irrompeu à porta e já mandou, sem dó: tá tranqüila?

Poucas pessoas no mundo falam mais que eu, e a minha dentista é uma delas. Ela veio falando que tudo ia ser muito rápido, que o dente estava numa posição fácil de sair...e eu pensando que ela podia falar sobre a novela naquela hora (tudo bem que eu não assisto novela, mas ia distrair).

Aí aconteceu o mais engraçado. A cirurgia apavorante durou menos de quinze minutos. O dente quase pulou da minha boca sozinho (será que eu estava com medo dele ou era ele que estava com medo de mim?). Minha dentista propôs tirar o quarto (e último) siso na hora. Ai, Senhor. Neguei sem pestanejar... já corria adrenalina demais nas minhas veias, eu estava suando, e, quando olhei para baixo, minhas pernas estavam num ângulo que só alguém que quer se proteger consegue fazer.

Pós-operatório? Maior tranqüilidade, sem inchaços ou dores. Tirei os pontos triunfante. E volto agora, em janeiro mesmo, para acabar com esse probleminha. Melhor resolver isso logo antes que me arrumem mais alguma coisa para fazer. Ai, Senhor.
***
PS:Agradecimentos à minha dentista, que morre de rir de mim.
PS 2: Um Feliz 2009 a todos!

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