quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Ausências

Na minha vida, houve um período nômade. De Valença para Niterói, de Niterói para Juiz de Fora, de Juiz de Fora para (novamente) Valença e, finalmente, de Valença para Juiz de Fora. Tanta andança não poderia deixar (além de um cansaço estúpido) saudades pequenas.
Ganhei amigos em todos os cantos pelos quais estive, e sei que a possibilidade de vê-los, todos, reunidos num salão de festas é ínfima. Essa verdade dói, além de crescer ainda mais a falta que todos eles me deixaram, cada um à sua maneira.
Sinto falta do jeito que os amigos de Valença marcaram minha infância e adolescência, e definiram boa parte daquilo que sou; dos de Niterói pelo jeito que riam do meu sotaque híbrido e das minhas saudades de casa; da vontade que os meus amigos do cursinho tinham de me enforcar por ter abandonado Niterói e do jeito que me acolheram nas suas casas, mentes e corações; e, agora, de férias, sinto falta dos amigos da faculdade, semeados em tão pouco tempo, mas que já me mostraram tantas coisas boas.
Reencontros acontecem por aí, de preferência em repetidas vezes, e servem para que eu reviva momentos tão bons, além de traçar novos rumos para o "prédio de apartamentos" que se tornou o meu coração.
Sei que, como já disse antes, não poderei revê-los todos, queridos ausentes, neste fim de ano. Mas fica aqui registrada a minha saudade de todos vocês (que, naturalmente, sabem que estão nesta lista, mesmo que eu não escreva nomes).
***
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência
Ausência é um estar em mim
E sinto-a tão pegada, aconchegada em meus braços
Que rio e danço e invento exclamações alegres
Porque a ausência, esta ausência assimilada,
Ninguém a rouba mais de mim.
(Carlos Drummond de Andrade)
***
PS: Não se assustem com o arroubo de dramalhão, porque ele foi todo inspirado no trecho escrito acima. =)

sábado, 13 de dezembro de 2008

O que você faria?


Pense rápido o que você faria se só te restasse um dia?
É bem difícil responder essa pergunta instantaneamente. A certeza de só ter mais um dia de vida deve ser uma das piores. Fico tentando imaginar o que eu pensaria se escutasse essa sentença.

Pensar que 24 horas podem representar toda a vida que você tinha idealizado deve ser frustrante. Essa seria a sua pequena amostra de futuro. Talvez, fosse me desesperar, ou mandar para o espaço qualquer restrição do superego. Acredito que tentaria fazer tudo que não fiz até aquele momento, mas, poderia também, me conformar e resolver passar os últimos momentos com os que realmente gosto.

Imagina, em um misero dia qualquer sinal da sua existência some. Como se nunca estivesse aqui. A quantidade de gente interessante que deixaria de conhecer, os porres que deixaria de ter, os amores que não poderia chorar... Um horror.

Esses dias conversei com um amigo e ficamos horas discutindo a esse respeito.Criamos duas histórias. Em uma a pessoa teria – com certeza – só mais um mês. Na outra, existira a possibilidade de morrer em uma semana. Chegamos à conclusão que se tivéssemos nessa posição a melhor opção seria a segunda. A razão é simples: entre possibilidade e certeza, é melhor se agarrar na possibilidade.

De lá para cá essa questão ficou na minha cabeça. Aos poucos entendi uma coisa sobre mim: das certezas – poucas – que tenho, uma é indiscutível, prefiro as incertezas.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Fora da nova ordem mundial ou será a nova ordem?

O mundo anda mudado. Com perdão do trocadilho infame, a super crise econômica americana tem me feito pensar muito. Nunca achei que iria assistir o grande império passar por uma derrocada dessa magnitude. Acho que sempre foi bastante impensado para todos nós – que vivemos nos anos 90.

Não vi a queda do muro de Berlim – nasci em 87, era muito pequena na época. No mundo em que vivi só existia uma potência, os EUA. Tudo que consumi até uns 12 ou 13 era absolutamente americano. Os seriados, a moda, os brinquedos. Houve uma época em que fashion era usar camisetas de bandeira e adivinha qual? A americana obviamente.

Desde os atentados de 11 de setembro, as coisas começaram a mudar. Ficou claro nesse episódio que a CIA era menos poderosa do que – me arrisco a dizer – o mundo pensava. Acreditávamos que eles eram capazes de descobrir – e abortar – qualquer plano que pudesse desestabilizar a ordem e o funcionamento dos EUA. Até que uns camaradas vindos do terceiro mundo mostraram que nem tudo é tão perfeito quanto parece.

De 2001 para cá, é possível perceber que o Tio Sam perdeu o controle do quintal. Hoje a resistência ideológica que temos a eles é bastante expressiva. A idéia de ter um American Way of Life não anima tanto quanto antigamente. E cá entre nós, as desculpas que eles nos dão hoje, não nos fazem vê-los com melhores olhos para cometerem os erros e violações que cometem.

A guerra do Iraque foi uma das piores desculpas já vistas. As tais armas não apareceram até hoje, e, não vão aparecer. O que apareceu – e não pegou muito bem – foi a besteira que fizeram por lá. Hoje eles têm uma tremenda batata quente na mão, e, para piorar, nenhuma desculpa na manga – para engabelar o mundo. Quem paga são os soldados que continuam a morrer.

Até então, de uma forma ou de outra – e numa análise para lá de superficial – só quem se dava mal era o americano médio – que assistia seu filho ir para guerra – e os iraquianos. Agora, tudo mudou de figura. Com essa crise, que vai se tornar recessão- ou talvez já tenha se tornado – os bolsos e bolsas mundiais estão sentindo o impacto. A indústria automobilística americana já anunciou, ou constatou o tamanho do problema. Agora, até os jornais estão enrolados. O New York Times que o diga, vai hipotecar a sede.

Enquanto isso Seu Obama está com a difícil missão de nomear os futuros nomes do governo sem trair a base de apoio – vocês achavam que era só no Brasil? Erraram feio.

Os problemas de lá nunca foram tão palpáveis quanto são agora – na minha opinião. Cogita-se a idéia de fazer um pacotão – que tem tentado salvar a economia – comparado ao New Deal! Os tempos estão mudando...

Não faço idéia de como eles/mundo vão sair dessa. Uma amiga minha vem me dizendo que iremos ver o cowboy se dobrar ao chinês. Exageros aparte, acho que não chega a tanto, mas de fato, alguma coisa está fora da nova ordem mundial, isso com certeza está.
p.s.: Esse texto não tem nenhuma intenção de ser econômico,político,redondo e etc. Foi escrito por uma crítica do sistema "estabelecido" - até hoje.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Ciúme,

Gostaria que esta fosse uma despedida abrupta, mas sei ser impossível. Trabalhei por muito tempo para que você se afastasse, porque sei que nosso relacionamento não é dos melhores.

Te acho alguém sem escrúpulos, que me vem segredando coisas que só você vê. E, logo, estou eu feito uma boba, acreditando nas suas loucuras, contaminada pelas suas idéias.

Eu detesto suas palavras sussurradas, que me provocam lágrimas das mais dolorosas. Queria que você se explicasse ao mundo, e dissesse para todo mundo aquilo que pensa. Mas não. Você prefere cochichar no meu ouvido e me envenenar.

Acho que foi melhor para mim o nosso afastamento gradual: eu fico feliz por não te conferir tanto crédito hoje. Afinal, você é meio esquizofrênico: ouve vozes, sente perfumes e vê coisas. Eu já sofri um bocado na sua mão, passei um bom tempo de mal...mas você continua a me rondar.

Enfim, quero que saiba que eu prefiro você longe de mim. Não, isso seria uma mentira deslavada. Eu quero você por perto, mas que não fale comigo. Fale sobre mim.

Porém, prometa não falar muito.

Um abraço,
Stela

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Dos infernos astrais...

Mais um fim de ano que se aproxima e – conseqüentemente – mais um aniversário também. È esquisito quando você percebe que está às vésperas de completar mais um ano de vida – Deus, como estou piegas. O fato é que nada mudou tanto quanto eu imaginava.

Sei lá, não tenho percebido em mim os traços de uma “adulta padrão”. Talvez, de tudo que tinha que aprender, só entendi que as ações tem reações. Sei que isso é lei de Newton e que aprendi isso no colégio com – os meus distantes – 15 anos. Porém, sei também, que tornar essa lei tão mecânica uma constante no meu dia-dia exige – e exigiu – maturidade.

Não vou negar que às vezes me assusto com muitas das coisas que fiz antes de ter a noção completa dessa teoria. Tanta bobeira me atingiu, tantas palavras eu disse em vão e por ai vai uma lista...

De tudo que aconteceu esse ano posso garantir: o saldo foi positivo. Conheci pessoas fantásticas das quais me orgulho de ser amiga, me distancie de outras que não estavam na minha onda, e, percebi, que quem muito critica pouco faz –e por isso achei que devia ser mais light. Ah...já ia me esquecendo, tive certeza de que a meu contra-ataque e muito mais mordaz do que eu achava. No mais “vamos que vamos, pois o show não pode parar”.

Nesse clima “balanço do ano”, não posso deixar de falar do blog – uma feliz realização. Entendi que nem toda “exposição” é mau-vinda.

O que posso garantir é que de todos os meus infernos astrais, esse é o mais “sereno” – dentro do meu entendimento de sereno, vale lembrar. Que venham os próximos, estou pronta para o embate!

domingo, 30 de novembro de 2008

Achocolatado

Todo mundo que esteve no pré vestibular já fez suas loucuras. Conheço gente que deixou o cabelo crescer por revolta, engordou horrores, vestia-se mal para ganhar tempo estudando...eu, com esse meu lado carola que não me abandona (ainda bem!), fiz uma promessa: se eu passasse no vestibular, a minha alegria seria tal que algum sacrifício não diminuiria em nada a minha satisfação e a minha gratidão a Deus por ter conseguido. Decidi que passaria o 1º período sem uma das minhas paixões: chocolate.

Pensei que seria um sacrifício desesperado. Passei o mês de julho comendo alguma coisa achocoladamente deliciosa diariamente. Fiz minha “despedida” com uma pizza de chocolate na véspera do início das aulas e pensei que viveria um tormento de abstinência, com direito a delirium tremens.

Foi aí que eu me enganei. Viver esses quase 4 meses sem chocolate abriu meus olhos (e apurou meu paladar) para coisas novas, que eu nunca tinha reparado. Como formiga inveterada que sou, acabei por substituir a minha privação por outros docinhos. Para isso, criatividade! Limão, maracujá, doce de leite, morango, leite condensado, coco...vários sabores novos surgiram na minha vida. Eu me senti como quem deixava a mesmice: inovando na culinária, eu fiquei alerta para outras mudanças que melhoraram a minha vida.

Não valia substituir o chocolate por um sabor semelhante (como o do Ovomaltine): isso seria subverter as regras do meu jogo, e eu sentiria o prazer do qual eu estava me privando. Não obstante, as pessoas me ofereciam o proibido o tempo todo, em suas mais variadas formas...é a Lei de Murphy: ninguém me ofereceria uma trufa de luxo se eu pudesse aceitá-la,tenho certeza. Tanta disciplina me atinou para todas aquelas coisas que eu sempre quis, mas sempre deixei para depois. E acabei por não adiá-las mais: entrei para a academia, melhorei minha alimentação, planejei melhor meus dias. Minha vida ficou estranhamente mais organizada.

Com o tempo, as pessoas começaram a se preocupar em não comer mais o bendito na minha frente. Aí ficou a última das lições: solidariedade, sempre que possível.

Bom, meu último compromisso com a faculdade nesse ano foi na sexta. Saí da prova de Constitucional e degustei um bom Suflair em comemoração (créditos à Paolla, que de tanto me oferecer chocolate, me deu um de presente!). E o que era para ser um tempo de sacrifício foi muito mais que isso: foi aprendizagem, crescimento. Sabe que, com tudo isso, nem senti tanta falta do dito cujo?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Errata

A formatação do meu adorável poeminha de Drummond saiu erradíssima e incorrigível no último post. Portanto, aí vai ele novamente:

PASSAGEM DO ANO (trecho)

O último dia do ano
não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis,
farás viagens e tantas celebrações
de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
os irreparáveis uivos
do lobo, na solidão.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Os Últimos Dias

Não vejo glamour algum no fim do ano. Chuva, caos, milhares de compromissos, amigos ocultos, ansiedades vãs, simbolismos esquecidos e a tentativa de parecer normal em meio a várias sacolas. Acho que todo mundo fica um pouco mais doido nos fins de ano.

No Brasil, das duas, uma: ou faz um calor dos infernos, com direito a chuvas de verão que estragam tudo e deixam as pessoas meio perdidas, ou faz um frio nublado atípico que provoca reclamações do tipo "assim não posso usar meu vestido novo". E tome criatividade e jogo de cintura para rebater as horas que parecem encolher nessa época.

Mesmo não gostando muito do Natal (acho penosamente triste e decadente, vai entender), eu sempre vejo o caos instalado como algo meio simbólico: antes de renascer para alguma coisa, temos a tendência de nos perder, de não saber o que fazer, parecendo baratas tontas. Depois, um tempo de quietude: a tal "semana de ressaca" entre Natal e Reveillon. E, por último, a consumação da mudança: mais um ano deixado para trás.

Enfim, desejo a todos que não se percam num mar de compromissos e compras no final deste 2008, e que parem para pensar...

O último dia do ano

Não é o último dia do tempo.

Outros dias virão

E novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.

Beijarás bocas, rasgarás papéis, farás viagens e tantas celebrações

de aniversário, formatura, promoção,glória, doce morte com sinfonia e coral,

que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,

os irreparáveis uivos

do lobo, na solidão.

("Passagem do Ano",
Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Coletivos

Eu tenho mania de observar as pessoas no ônibus. Aquele ato rotineiro de usar a condução pode revelar muito sobre as pessoas...mas, às vezes, eu me decepciono um bocado com a maneira que elas podem ser ardilosas. Isso aconteceu nessa semana, por duas vezes.

Na primeira situação, eram umas 7h da manhã e eu reparei que uma mulher (particularmente, bem feia) conversava intimamente com o trocador, provavelmente pensando que ninguém reparava. Ela ria dele, e os dois combinavam alguma coisa para o fim de semana. Num olhar de relance, reparei a aliança brilhando na mão esquerda dele: para ele, aquilo parecia indiferente, assim como a mulher risonha na frente dele. Ela falava sobre a mulher dele de um jeito vulgar “você pensa que eu nunca fui até a sua casa? Eu sei como ela é, a Ana”...o mais curioso é que as duas tinham o mesmo nome, e a cada vez que ela dava uma gargalhada, eu tinha a impressão de que o cara a desprezava um pouco mais.

Desci do ônibus pensando nas duas Anas, e senti pena de ambas. Da primeira pela vida escondida do marido, pelos dias em que ela esperou por ele e ele não apareceu, pela desconfiança que deve viver semeada nela. Da segunda pela sua sensação falsa de ser amada, pela sua alegria infantil que faz com que ela perca a sua juventude com alguém que só a quer pelo gosto do proibido, pelo seu amor-próprio cego que não a deixou perceber o desprezo do amante, também apaixonado por ele mesmo.

Passados uns dois dias, eu descia da Universidade quando uma menina sentou na minha direção. Ela chorava copiosamente, e me deu uma curiosidade absurda de perguntá-la o que estava acontecendo, se eu podia ajudar, sabe-se lá. No ponto seguinte, subiu uma mulher, que parecia ser alguma tia dela, pela semelhança física. Quando ela viu a menina, sentou-se ao lado dela, perguntou o que estava havendo. Ela tinha sido dispensada pelo noivo. Ao invés de ajudá-la ou consolá-la, a mulher falou um caminhão de asneiras, aos gritos. Pelo que eu consegui entender, ela achava que a garota precisava se casar com o cara pelo dinheiro que ele tinha, e nem se importava com o fato de ele nem gostar mais dela. O importante era o golpe do baú, e, por isso, achava a sobrinha uma incompetente, com todas as letras bem gritadas.

Desci do ônibus antes do ponto.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Calos de Escrever

Adoro letra cursiva porque me parece particular, revelador, quase romântico (a minha, pelo menos, é cheia de voltas e “firulas”). Deve ser por isso que eu gosto de cartas e cartões manuscritos. Ainda que eu me renda às tecnologias do mundo e escreva muito pelo computador (por pura comodidade), eu fico com olhos brilhando quando escrevo à caneta ou recebo alguma coisa marcada pela letra de quem eu gosto.

Quem me lê sempre já pôde perceber que eu sou meio antiquada para várias coisas, e a preferência pela escrita à tinta é só mais uma delas. Talvez seja porque, desde criança, eu seja apaixonada pela letra do meu avô, que mais parece daquelas de convite de casamento, tombadinha para a frente, cerimoniosa. A da minha mãe é pequena e esparramada, como a voz de alguém que fala baixo. A do meu tio é ininteligível, como a timidez de quem quer passar despercebido. Tive um namorado que tinha uma letra tão grande quanto seu ego. Enfim, acredito em exames grafológicos, sem medo de enganos.

Quase sempre escrevo os textos do blog em folhas soltas de caderno. As idéias parecem fluir melhor...escrevo na velocidade do pensamento, rabiscando todo o papel, fazendo mil setinhas e rasuras, trocando a ordem dos parágrafos: no fim, é uma bagunça que só eu entendo, mas fica personalíssimo. E eu adoro olhar p aquela folha e encontrar minha letra cobrindo-a toda –pode soar idiota, mas passa uma sensação de produtividade muito curiosa.

Escrevi tudo isso (à mão, é claro) para relatar o prazer redescoberto de escrever cartas, sem motivo aparente. E tão ridículas quanto as que Fernando Pessoa desdenhou, mas admitiu o ridículo de quem não as escreve...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ainda comem criancinhas?

OK, esse é mais um dos textos que resisti muito para fazer. Até esse momento tentei escapar de política – e ideologia – assim como o diabo foge da cruz, mas não deu – isso me persegue.

Sim, sou uma cidadã que gosta conversar e debater assuntos relacionados a esses temas – apesar de ter andado sem paciência. Por isso resolvi escrever baseada em muitas coisas que li – nas últimas semanas – em blogs, colunas e revistas. Preciso dizer que alguns desses pontos me parecem para lá de démodé, mas “c’est la vie”.

O mundo me surpreende. A começar pelos discursos batidos que as pessoas têm a mania de repetir achando que estão falando uma grande novidade. Ontem passei pela coluna do Zeca Camargo no G1. O espaço tem a intenção de discutir e tratar de assuntos relacionados à arte e cultura, e faz isso bem. Gosto das opiniões e dos textos, apesar de não concordar com todos. Voltando ao assunto, a última polêmica foi o post sobre o filme do Che.

Na minha opinião, o texto não tem nada de político ou tendencioso como alguns acusaram. O que está escrito ali é sobre o filme, e as qualidades do mesmo e nada mais. Mas como falar de Che é sinônimo de causar discussão, nesse caso não foi diferente. Vários comentários dizendo que era um absurdo o jornalista descrever o “monstro” como herói. Para variar um pouco, começaram a enxurrada de argumentos previsíveis que estamos cansados de conhecer.

Tudo bem, o Ernesto Guevara de la Serna não era perfeito, matou pessoas e por ai vai. Mas espera, o cara não estava em uma guerrilha? Então quem está contra você é seu inimigo né? Ah... e se estamos lutando um contra o outro – com armas – a lógica é de matar ou morrer não é mesmo? Só para constar.

Outra coisa, não vale comparar o Guevara com o Hitler, por alguns motivos. Primeiro no caso do Hitler os “inimigos” diretos – judeus, ciganos etc – estavam em desvantagem óbvia. Não estavam militarizados, eram cidadãos comuns que seguiam as leis – até as “censuras” absurdas estabelecidas pelo chanceler – e outra, não estavam oprimindo e nem exigindo a subserviência de ninguém, muito menos do governo. O que não era o caso de Cuba, que passava pelos desmandos da ditadura do Fulgêncio Baptista.

O que me surpreende um bocado é essa obsessão e o medo que as pessoas ainda tem do “comunismo”. Acho que tem gente que ainda acredita que os comunistas comem criancinhas – nem a minha avó acreditaria nisso hoje. Sinceramente estamos vivendo outro período.

Período este em que o novo presidente americano é negro, democrata e jovem, e, já disse que acredita ser o momento de restabelecer as relações diplomáticas entre o país e a ilha – Cuba. Esse mesmo homem recebeu elogios de Fidel e Chávez – o que era até então impensado.

Acho que não é mais o momento de escolher e inventar os “inimigos” do mundo. Estamos passando por uma fase de mudanças. Espero que sejam benéficas.

P.S.: A Intenção do texto não é desrespeitar a opinião alheia, e sim esclarecer alguns equívocos correntes.

P.S.2: Escrevi o texto escutando “Soy loco por ti América” com Caetano.

P.S.3: A eleição americana é papo para outro texto.




terça-feira, 4 de novembro de 2008

Perdidos na Selva

Feriado do Servidor Público e resolvemos fazer alguma coisa diferente. Nisso alguém teve a brilhante idéia de fazermos um programa de índio clássico: passar o feriado na fazenda da família do Gustavo, desligados do mundo. E lá fomos nós, eu, Gustavo e um casal de amigos.

Chegamos no domingo, dia do 2º turno das eleições em Juiz de Fora. E aí começou meu drama: eu queria avisar minha mãe que estava tudo bem comigo e NENHUM celular do grupo pegava, num raio de quilômetros. Mandei um recado para ela por uma pessoa que ia para a cidade e fiquei menos preocupada com a preocupação dela.

Enquanto era dia, quase tudo foi ótimo. Sol, céu azul, calor, banho de mangueira e um bocado de risos. Mas a noite foi chegando e as coisas começaram a mudar.

Primeiro ponto: eu não suporto saber que as coisas estão acontecendo sem o meu conhecimento. Somada à preocupação se minha mãe já sabia que as coisas corriam bem, eu fiquei plantada na frente da TV e não consegui descobrir quem era o novo prefeito de Juiz de Fora.

Além disso, vários insetos não-catalogados começaram a aparecer. Eu mato as baratas da minha casa porque elas são pequenas, mas aqueles artrópodes silvestres tinham um quê a mais de ferocidade: maiores, barulhentos, com asas e sem a menor cerimônia, partiam para cima de mim (será que eles sentem o cheiro do medo feito os cachorros?). Com a minha primeira gritaria, eles foram apelidados carinhosamente pelos meus amigos de “dragões de Komodo” (preciso dizer que o escândalo era proporcional?).

No segundo dia, os meninos faziam um churrasco quando um camundongo (ou um rato, um preá, sabe-se lá) apareceu. O bicho era aparentemente inofensivo, subiu na pá que eles estenderam para joga-lo longe, uma coisinha nojentamente dócil. Mas daí a eles dizerem que o invasor era “bonitinho”? Foi demais para mim...

Bem, tirando esses fatores avessos ao meu jeito urbanóide de ser, o saldo foi muito positivo e o feriado foi bastante divertido. Mas eu juro que, da próxima vez, eu levo um spray inseticida (além do repelente)!

domingo, 2 de novembro de 2008

Mesmo que Acabe

Algumas coisas vivem em nós como uma cicatriz: por mais que seja feia ou dolorida, ajudou a moldar aquilo que somos no presente. Essas marcas vivem na alma como algo que pode ser esquecido no cotidiano: mas, a qualquer momento, quando você pensa que elas sumiram, lá vem uma dorzinha chata, como aquelas que afligem as cicatrizes físicas na mudança de tempo (quem nunca ouviu falar de um joelho que dói quando vai chover?).
Já foi dito aqui, pela Maria, que o problema que todos queremos nos sentir indispensáveis. E que lutem por nós, mesmo que desprezemos essa luta. Que nos queiram, mesmo que não queiramos. Que, se não nos amam, que nos odeiem de um ódio profundo e lento. Mas não é bem assim que as coisas funcionam. A intimidade, quando cessa, dá lugar (geralmente) a um conhecimento vago que se dissipa no tempo, até que aquela se torne mais uma história, das que se conta nas rodas de bar: "uma vez eu briguei com uma amiga..." ou "eu tive um namorado que...". Para a gente, é melhor assim, mas sempre existe um desejo secreto que faz com que desejemos que seja pior para o outro, e que, de preferência, ele sofra muito.
Porque, na verdade, somos todos um pouco cruéis. Porém, desumanidades à parte (ou isso seria humanidade em demasia?), tocamos a vida como quem prefere que as coisas sejam realmente assim, e todos seriam felizes para sempre sem as lembranças infelizes, que vêm como uma onda inesperada, numa terça de sol, com uma música qualquer, uma gíria esquecida ou uma notícia desavisada.
O bom disso tudo é que assim podemos lembrar das coisas que fizemos de errado, das neuroses superadas com auto-disciplina massacrante, das dores pretéritas. E é só assim que podemos evoluir, com quelóides que nenhuma cirurgia pode remover.

domingo, 19 de outubro de 2008

Non Sense Musical: o Top Five

5) Para os reis dos domingos nas décadas de 80/90, projetos de boy band brasilera: Dominó.

Sue Ann Lee,Sue Ann Lee
Eu te faço Sueli
Quer pagar só prá ver
É Tupi or not Tupi (pelo menos sabem quem é Oswald de Andrade?)
USA do Oiapoque ao Chuí (imperialistas...coisa de boy band mesmo)
Oh,my God! Belong to Sue Ann Lee

Escrevo um romance
Canto Djavan (fica a dica...eles se inspiram no mestre non sense)
Conto meu lance
Quer ser minha fã? (jura que você acha que isso pode acontecer???)
(Sue Ann Lee)

4) A musa dos carnavais baianos: Ivete Sangalo.

O seu amor é canibal
Comeu meu coração
Mas agora eu sou feliz

(Realmente...todas as mulheres seriam mais felizes se não tivessem mais o coração, comido por um canibal)

3)Por melhor que ele seja, dá seus moles: Caetano Veloso.

Capte-me uma mensagem à toa
De um quasar pulsando loa
Interestelar canoa
(Rapte-me Camaleoa)

(Beleza...todo esse esforço só para rimar?)

2)Para o double pair of two singers que povoou as festinhas da nossa infância, uma homenagem póstuma: Claudinho & Buchecha.

Venero demais o meu prazer
Controlo o calendário sem utilizar as mãos
(Só Love)

(Prefiro não pensar na maneira que esse indivíduo utiliza para controlar o calendário)

1)Quando suas músicas tocam, menininhas fazem cara de apaixonadas e cantam olhando para o horizonte (elas só fazem isso porque não querem mostrar que não entendem nada)! É ele, o rei do non sense...DJAVAN!

Açaí, guardiã
Zum de besouro, um imã
Branca é a tez da manhã
(Açaí)

(Será que são mensagens subliminares?)

***

Desculpe pela ausência, a vida anda corrida e as minhas provas se multiplicam por meiose!
=)

E a moral?

Relutei muito para escrever sobre o manifesto do Pedro Cardoso. Para quem não sabe ele falou no Festival do Rio sobre o excesso de nudez nas telas brasileiras – todas elas inclusive a tv.

Pedro afirmou que os diretores “obrigam” os atores a ficarem nus. E disse ainda que “cineastas de primeiro filme” fazem sessões prives com as cenas calientes obtidas nas filmagens.

O discurso do ator tem alguns pontos bem interessantes, sob vários aspectos. Entre eles, vale destacar, a questão do critério da nudez, depende da situação etc. Enfim, é uma critica válida – afinal todo manifesto com embasamento tem o seu valor – mas bastante discutível.

Não sou atriz, mas pelo o que eu sei a maioria dos detalhes da cena já estão no roteiro. Portanto na primeira leitura você já entende “as regras do jogo”. Outra questão, o ator falou que um diretor não deve pedir a uma atriz o que não pediria a sua filha (?) – confesso que não “entendi” muito bem esse papo.

Acredito que em qualquer profissão as pessoas estão sujeitas a sabores e dissabores. E tem mais, se o ator se sente agredido ao fazer a tal cena, existe a possibilidade de negar, simplesmente dizer não ao papel. Ninguém é obrigado a fazer nada ok?!

Sobre o fato do excesso de nudez eu até concordo em alguns pontos. Realmente em qualquer horário do dia tem uma semi-nua no ar, mas espera um pouco, não somos nós que determinamos o que assistir? Então existe a possibilidade de trocar o canal né?!

Acho que quando ele falou de tudo isso, esqueceu de mencionar o que para mim é essencial nessa história toda, quem tem que filtrar o que vai ver somos nós. A questão de usar o corpo para atrair o púbico é muito repetida, e é bem simples de entender a lógica. Se você se dispõe a ir assistir um filme porque o casal bonitão está transando, e este é o maior apelo para você, divirta-se. Se o cidadão vai ao cinema com esse intuito, direito dele e paciência.

Já vi excelentes filmes e peças de teatro com cenas de nu que não me agrediram. O que dizer sobre “Os Sonhadores” e o “Último Tango em Paris” do Bertolucci? E as interpretações do Teatro Oficina do Zé Celso – esse último me chocou um pouco no início, mas depois gostei.

A discussão é importante, mas o drama que as pessoas tem feito por causa disso está exagerado. Quando digo isso, não estou falando do Pedro Cardoso, e sim de uma parte da população que resolveu se “manifestar”. No blog do Ricardo Calil, as pessoas estão “avançando” porque ele discorda da opinião do ator, de forma ofensiva. Desnecessário.

As pessoas têm opiniões diferentes. Nada mais nem menos. Acho que já deu dessa patrulhinha da moral e dos bons costumes!

sábado, 18 de outubro de 2008

Ao mestre com carinho

Só me dei conta hoje – uma semana depois – que eu não escrevi nada a respeito do Cartola. Bom no dia 11 de outubro desse ano foi o centenário desse ilustre senhor.

A minha paixão por Cartola, ou melhor, Angenor de Oliveira vem de longa data. Meus pais sempre escutaram, e depois aos poucos – após a rebeldia da adolescência – passei a gostar por vários motivos. Primeiro ele é um dos fundadores do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira – que é a minha primeira paixão – e o segundo, bom ele era tricolor! Acho que tenho motivos suficientes, não?Brincadeiras aparte, Cartola para mim é a essência do samba. É impossível pensar no ritmo sem conhecê-lo.

As músicas de Cartola têm um refinamento simples. Falam de coisas normais que acontecem com todo mundo, mas com sutileza e delicadeza, que as fazem verdadeiras poesias.

Sabe quando a paixão e o namoro acabaram, e você simplesmente não sabe como comunicar o fim. Fica naquela saia justa absurda, sem saber como escapar. Existe coisa mais normal que isso? Em “Acontece” essa situação se torna bonita, de maneira extraordinária.

E quando nós mulheres temos crises absurdas por causa da ex do atual? O sujeito fica naquela embolação, sem graça de dar dó, e não consegue falar muita coisa, logo muda de assunto – até porque cá entre nós o que a gente tem com os relacionamentos anteriores do namorado. Em “Tive Sim”, ele dá um resposta apaixonada, mas com tom de chega para lá em nós, mulheres ensandecidas de ciúmes.

Já em “O Mundo é um Moinho” ele faz o que a maioria dos pais e parentes adoram fazer: dá um puxãozinho de orelha, uma lição de moral, necessária. Tentando alertar para o mundo.

E como esquecer da mais famosa das músicas dele: “As rosas não falam”. Essa é uma daquelas declarações de amor que toda mulher que ouvir. Afinal, quem não quer ser comparada com o perfume de uma rosa?

Essas são só algumas das composições dele. Ainda faltam muitas nessa lista, mas seu eu fosse falar de cada uma levaria pelo menos cem anos. Para quem não conhece Cartola, fica a dica de escutar essas músicas, que são sensações únicas. No mais, ao mestre só resta agradecer, então: Obrigada Cartola.

P.S.: Entre as músicas eu incluiria pelo menos mais duas “O Sol Nascerá” e “Alvorada no Morro”. A biografia dele é um capítulo aparte, vale a pena conhecer.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Faxinas

Sempre gostei de bagunça. Achava que ela era anti qualquer coisa, tédio, chatice etc. Quebrava as regras. Talvez, isso representasse para mim uma espécie de transgressão.
Mas, em alguns momentos, isso tudo vira excesso, e você se sente perdida.

O meu ultimo mês foi dedicado em por ordem na casa. Botei as lembranças em uma gaveta, as boas histórias em outra e joguei as ruins no lixo. No caminho achei casos mal resolvidos, e respostas esquecidas. Achei que não era justo deixa-las sem um lugar.

No começo pensei em ligar para cada um distribuindo respostas e desfechos por ai, mas lembrei que isso poderia ser por deveras doloroso para mim. Para ser sincera, acho que essas “coisas” mal terminadas, talvez já tenham achado o seu caminho.

Nem tudo precisa de respostas óbvias como sim e não. Existem fatos que as palavras não seriam capazes de encerrar, e talvez se conseguissem, fariam perder toda a complexidade. O que não seria justo, já que enredos sem final, às vezes nos tocam e emocionam bem mais que um previsível the end.

Achei que não era justo encerrar aqueles “turbilhões de emoções” com frases simples, só para não deixar o dito pelo não dito. Por isso achei espaço para essas historias na minha pequena baguncinha. Elas ficaram em uma caixa, junto com as “memórias esquecidas”, mas bem distante das esperanças para o futuro. Porque esse eu espero que seja repleto de encontros e desencontros, choro e riso, homens certos e – porque não – os errados e surpresas, sempre surpresas.



segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Lei de Murphy Aplicada

O que era para ser uma sexta-feira normal tornou-se um thriller de stress, correria, muita chuva e bolhas nos pés. Eu tinha uma formatura para ir, mas só iria depois da minha aula na faculdade, que ia das 19h às 21h. Minha mãe me mandaria uma bolsa com algumas coisas que eu precisaria para o fim de semana, dentre elas os sapatos e a roupa da formatura e alguns itens de geladeira, por um conhecido dela, durante a tarde. Tudo muito simples: no meio da tarde, eu passaria na casa do sujeito, pegaria minhas coisas, voltaria para casa, tomaria um banho e iria para a aula, já pronta para sair de lá direto para a colação de grau (para a qual eu já estaria atrasada, diga-se de passagem).

Primeiro ponto: chovia e fazia um frio de matar, num daqueles dias em que se quer ficar dentro de casa, debaixo das cobertas, com um livro numa mão e uma caneca de chá quentinho na outra. Mas lá vai a besta que vos fala pegar um ônibus para buscar suas coisas na casa do sujeito na hora marcada. Perfeito, se ele não morasse numa pirambeira. Estupendo, se estivesse alguém em casa. Magnânimo, se eu não passasse quase uma hora debaixo da chuva na porta do prédio sem porteiro. Fantástico, se bem na hora que minha paciência acabou os motoristas de ônibus não tivessem entrado em greve. Leia-se: voltei a pé para casa, com chuva, sem bolsa e praguejando contra todas as paralisações possíveis. Mas podia ser pior: minha sombrinha quebrou de uma forma nunca d’antes imaginada e eu precisava segurá-la com as duas mãos para não protagonizar a famosa cena de Mary Poppins.

Chegando em casa (às 17h), tomei um banho fervente, arrumei a juba e já fiquei semi-pronta para a formatura. Com um outro sapato e um coque nos cabelos (eu precisava proteger meu brushing de alguma forma), fui procurar um telefone e ligar para o cara, para saber se eu podia ir até a casa dele ainda antes da aula. Ele atendeu prontamente (e pelos meus cálculos, chegou em casa logo após o fim da minha paciência); empolgadíssima, disse que já estava indo para lá, naquela hora mesmo. Eram quase 18h. Super simples: um ônibus para a casa do cara, outro para a minha casa, guardar as coisas voando, outro ônibus para a faculdade e todos seriam felizes para sempre.

Mas não! Os adoráveis motoristas não tinham voltado ao trabalho...e eu tive outra idéia brilhante: já que eu estou toda maquiada, com esse sobretudo lindo e meia-calça cinza, eu posso pegar um táxi e vou resolver tudo ainda mais rápido! Quando eu estivesse de volta ao centro da cidade, a paralisação dos doces motoristas de ônibus já teria acabado.

Eu não contava com a astúcia do povo juizforano: todo mundo teve a mesma idéia. Não é nada normal encontrar uma fila de quase 30 pessoas no ponto de táxi. Ainda tentei interagir, ver se alguém ia para o mesmo lado que eu...nada. Nessa hora voltou a chover, e eu me dei conta que eu não iria à aula naquele dia se quisesse a minha bolsa e a formatura. Lá fui eu, formalíssima, a pé para encontrar minha encomenda.

Eu nunca tinha visto nada parecido: as calçadas abarrotadas de gente que estava, falando com toda a delicadeza, P#$% da vida. As pessoas se atropelavam, ultrapassavam-se iradamente...parecia o trânsito do meio da rua transposto para o passeio. Parou de chover, e, instintivamente, eu segurava minha sombrinha cambeta como um taco de baseball.

30 minutos de caminhada para pegar minha bolsa em menos de 30 segundos. E mais 30 minutos de caminhada para voltar. Entrei em casa feito um furacão, jogando as coisas de dentro da bolsa direto para o congelador com uma mão, calçando os sapatos com a outra; e falando com a minha mãe ao celular ao mesmo tempo. Retoquei a maquiagem e o perfume e voei para a formatura (sorte que o teatro fica a menos de 100 passos do meu prédio). Quando encontrei o Gustavo me esperando na porta do teatro, a vontade foi de...pedir meia horinha, só para tirar os sapatos e deixar todo o caos sair de mim. Cruzes, o que foi aquilo?

Moral da história: vou passar um bom tempo sem dar um sorrisinho para os motoristas, nem agradecer quando descer dos ônibus. E farei malas mais completas para não precisar pedir coisas durante a semana!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Beautiful Day(s)

A última semana foi marcada por uma seqüência de bons dias. Retornei – depois de uma longa temporada – a Valença. Reencontrei amigos, disse algumas boas verdades e por ai vai. Mas, nem tudo são flores. Bons momentos também nos levam a boas reflexões, e nesse ponto as coisas – às vezes – mudam de figura.

Meu fim de semana da alegria começou na quinta. Depois de ir a uma festa – a convite de um amigo – parti para Lapa. Me acabei, ri, sambei,cantei enfim lavei a alma. Cheguei em casa às 4:30 da manhã! Perfeito se não fosse um pequeno detalhe: tinha aula às 7:30 do mesmo dia. Superado isso, fui para Valença, onde tinha minhas dúvidas sobre o que me aguardava lá.

Garanto que a paisagem era bem melhor do que eu tinha imaginado. Encontrei uns amigos que há muito eu não via, e, fui botar o papo em dia – talvez em dia até demais. No meio da noite o primeiro sobressalto. Tentei me manter calma, mas garanto que não tive grande sucesso.

Depois de alguns “aditivos” resolvi – mesmo – qualquer assunto de meias palavras. Fiz com tanto sucesso que perdi a voz. Porém, o fim de semana ainda estava longe de acabar.

Na tarde seguinte, tive um dos melhores encontros da minha vida. Era somente mais um daqueles dias normais, que não prometiam nada. Totalmente despretensioso. Até que comecei a me movimentar e fui encontrar com companheiros de longa data – e põe longa data nisso. Muito bem, começamos em um impasse: Para onde vamos?

Corremos de um lado para outro, até que achamos o “bar” apropriado (?) para situação. Rimos horrores, lembramos de casos do passado – principalmente das 711 e 2011 – contamos as novidades e nos reencontramos no sentido mais visceral da palavra. Foi maravilhoso.

Naquele sábado me lembrei perfeitamente de quem eu era e sou. Depois de um período “esquisito”, essa reunião foi essencial. Precisava daquelas pessoas mais do que eu imaginava. Eles sabem quem eu sou e como sou. Conhecem a minha “trajetória”, palavra forte, mas que tem seu apelo.

Já que esses caras eternizaram uma das minhas tardes, e fizeram o que eu chamo de encontro despretensiosamente perfeito, vou dar nome aos bois. Meu querido Rodrigo – amigo que a vida insiste em nos juntar. Anelise – sempre longe - perto. Monique – a distância mais presente do planeta. Mario – amigo de sempre. Eles são para sempre, mesmo que o mundo me leve a lugares insólitos e diferentes.

P.S.:Não preciso dizer que deixei o blog em total abandono né?! Enfim, tava em época de prova. Também estava numa temporada meio chatinha... Coisas da vida...
Vou tentar voltar a postar com alguma freqüência!Bjks

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Segunda-Feira

As pessoas não costumam gostar de segundas-feiras. Dizem que elas são chatas, cheiram a rotinas repetitivas, são provocativamente ensolaradas quando o fim de semana foi chuvoso, ou nebulosas para sufocar a alegria vinda do domingo ensolarado. Tudo teoria da conspiração.

Eu amo segundas, sabe-se lá o porquê. Elas me passam uma sensação de normalidade e conforto únicas, Tudo chegou no lugar, as pessoas se encontram e relembram o fim de semana, as ruas ficam cheias de gente, tudo parece obedecer àlguma música invisível.

Em compensação, detesto domingos!

(momento boba alegre?Vai saber...)

=)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Politicagem e Desinteresse

Eu sou um péssimo exemplo de cidadã. Ainda que eu seja estudante de Direito, eu odeio falar sobre política. O assunto me cansa, eu me calo e fico antipática. Sou pé frio, meus candidatos nunca ganham... enfim, não sou a melhor companhia se a pauta da mesa são as eleições. Eu gosto do que vem depois delas: a promulgação de novas leis, a elaboração do orçamento, etc. Coisas que me despertam o interesse, porque consigo entendê-las com mais clareza.

Ainda voto em Valença, embora pense em transferir para Juiz de Fora, onde eu posso perceber o andamento do processo político e suas consequências. De qualquer forma, época de eleição em cidade pequena é coisa curiosa. Todos os candidatos a prefeito são conhecidos, direta ou indiretamente, e numa manhã qualquer de sábado, um deles me encontra na rua, me abraça e me chama pelo diminutivo (e olha que esse candidato bate no meu ombro!). Subitamente, minha casa recebe a visita de um candidato a vereador, e ele força intimidade entrando pela porta da cozinha. Meu orkut está cheio de propaganda política e dá uma vontade enorme de mandá-los todos pastar.

Sinto essa raiva porque não acham que eles estejam dispostos a mudar alguma coisa em favor do povo. Em sua esmagadora maioria, querem a proximidade da máquina pública para o proveito particular. Muitos deles sequer sabem qual é a função do vereador, ou o que pode significar a deliberação do Legislativo; mas sabem direitinho qual será o salário deles. Sujam a cidade com propagandas, poluem nossos ouvidos com músicas cafonas.

Sorte que outubro está chegando... e ainda que eu tenha esse asco todo do período de propaganda eleitoral, nunca deixaria de votar e jamais anularia ou votaria em branco. Resta agora encontrar o trigo em meio a tanto joio...

domingo, 21 de setembro de 2008

21

Tal qual na música dos Los Hermanos, não me importo em ver a idade em mim. Por isso, eu sempre adorei fazer aniversário (ainda que o número de presentes diminua significativamente depois que se sai da infância)... telefone tocando, todo mundo reunido: nem precisa ser festa, mas as pessoas costumam esquecer dos problemas nos aniversários das outras, e isso é ótimo.
Aniversário é, para mim, uma recapitulação geral de tudo que foi feito no último ano e um planejamento meio irracional do próximo: uma espécie de Reveillon fora de época mesmo. Mais um fator para me deixar feliz: o saldo dos meus 20 anos foi extremamente positivo, com conquistas, alegrias, saúde, sucesso e amor soterrando os inúmeros problemas que eu enfrentei.
Como na mensagem carregada de remorso que eu li ontem, a vida é feita de escolhas. Que eu escolha sempre o melhor, e as rugas sejam marcas de sorrisos, não de pesar.
(uma pena que você talvez não leia isso nunca, autor da mensagem...pena mesmo)
Parabéns para mim!
Beijos a todos, e obrigada pelos votos de parabéns recebidos pelos mais variados meios!
=)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Para não esquecer!

Todo mundo têm dias ruins. Hoje é o meu dia “D”! Começou com uma dor de cabeça, e quando eu vi desandou total.

Estava eu aqui curtindo – mentira – a minha tristeza inexplicável, quando tive uma idéia brilhante, ligar para uma das minhas queridas amigas! Ok, no começo a conversa estava normal. Até que ela percebeu que eu estava triste. Acredite foi fácil, mesmo pelo telefone. A razão? Eu estava quieta.

Ao perceber, ela logo começou o interrogatório para saber o motivo. O problema é que não tinha um. Eu estava só insossa mesmo. Depois de muitos chutes, por que não arriscar em namorado?! Só que eu não tenho, e pasmem não estou com vontade de ter nesse momento – só daqui a sete meses, agora nem pensar!

Comecei a ouvir coisas do tipo “você está sentindo falta de um parceiro”! Argumentei que não, tenho outras preocupações no momento, e por ai vai. Obviamente ela não se convenceu. E a partir daí escutei aquele discurso normal da amiga que está namorando para a que está solteira.

No início não vou negar que fiquei meio irritada, mas depois passou. Pelo seguinte – mesmo com todo esse papo – me lembrei que não tenho razão nenhuma para ficar chateada. Sabe por quê? Eu estou solteira!

Sempre me animo com esse argumento. Estar sozinha significa estar completamente livre para se perder – e eu adoro isso. No final a tal conversa saiu melhor que encomenda!

Passei mal de rir da minha idiotice, e me lembrei que tenho motivos suficientes para não ficar triste sequer um minuto! Valeu amiga! Toda vez que eu estiver caidinha, comece a ladainha! Em um segundo eu me alegro!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Cabelo, Cabeleira, Cabeluda, Descabelada...

Por toda a minha vida, vivi uma batalha árdua contra as minhas madeixas de fios finos (e rebeldes feito terroristas do IRA). Já repiquei, usei chanel... cansada dos cachos sempre-do-mesmo-jeito, optei pela escova progressiva, e hoje sou uma mulher feliz, que revela seus caracóis só em ocasiões ímpares. Estou numa fase de paz tântrica com minhas melenas.

Aí vem toda a problemática: depois de SEIS meses sem cortar o cabelo, eu lembrava uma brava militante de alguma seita que prega a proximidade do apocalipse e uma juba sem corte. Sob protestos do Gustavo ("não corta muito,por favor") me encaminhei para o salão.

Toda vez que entro num salão, me sinto desarrumada. A luz do espelho faz com que eu pareça ainda mais pálida que o branco-gótico habitual. Para completar, marquei um horário de manhã e realmente estava de cara amassada. E todas aquelas mulheres lindas das revistas de moda... (como ler Vogue e se sentir a última das mortais em dez passos!?)

Confesso que fiquei seduzida pelos cortes fresquinhos do verão. Cada chanel lindo...quase sacrifiquei dois anos de "cabelo crescendo" para voltar a usar algum curtinho acima da linha dos ombros. Mas, meio que instantaneamente, algum instinto protetor capilar me fez sentir uma piedade copiosa dos meus cabelos. E, quando a tesoura se aproximou, o único apelo foi "só as pontinhas,pelo amor de Deus..."

No fim das contas, mudei um pouco. Tirei uns três dedos, fiz um corte bem reto, cortei a franja (de novo!Só para causar polêmica...). E, umas 24 horas depois da interenção, estou rindo feito boba para o espelho....

Há canções e há momentos....

As músicas marcam as nossas vidas. Cada uma a sua maneira. Nos momentos tristes e nos de alegria, lá estão elas, nos consolando ou nos alegrando.

Têm canções que fazem parte da minha história. A minha relação com elas é tão forte, que quando as escuto consigo ter a mesma sensação que tinha antes. Hoje por exemplo resolvi tirar “Scar Tissue” do baú da minha memória. Essa marcou completamente o começo da minha adolescência – era a favorita do meu primeiro amor. Posso garantir que pelo menos por um instante meu coração bateu mais forte.

Já “In your eyes” me faz lembrar das primeiras “nights”. Desde as das casas dos amigos as de boate. Recordo-me perfeitamente de como era sair naquela época. Era completamente diferente, tinha um “que” de novidade – muito gostoso – que não sinto mais. Ah... As primeiras madrugadas em claro. Muito bom.

“Bichos escrotos” – com a Cássia Eller – era um clássico. Eu escutava muito com a Monique – amiga mais que amada. Era uma forma de despejarmos a nossa raiva. Eu por causa do bobão de “Scar Tissue”, e ela por causa de um outro bobão que não tem música. À hora do palavrão era o auge. Gritávamos com uma força absurda.

“Amor meu grande amor” marca a minha primeira ida ao Canecão. Foi muito bacana. Fui com um amigo e sentei na primeira fileira do show do Barão Vermelho. Legal demais!

Logo depois fiquei um tempo bastante razoável sem nada que me marcasse muito. Nada em especial. No máximo músicas legais. Foi um tempo esquisito.

Agora voltei a ter minhas canções! O problema é que são muitas, mas acho que isso é bom. Voltei a sentir um “friozinho” das antigas, que me faz muito bem. Agora, que venham as próximas músicas!

sábado, 6 de setembro de 2008

Entre a Classe e a Catarse

Eu falo palavrões, sem medo de ser feliz. E quando alguém me diz que "moça não pode falar palavrão", eu mando à M!#$% mesmo. Gente recalcada essa que pensa que, para se ser mulher, precisa subir num salto permanente e ficar ali, impassível, sem um xingamento sequer.
O que essa mulher-maravilha faz quando dá uma topada bem dada na parede? Quando se queima no fogão? Quando perde o ônibus porque chegou 3 segundos atrasada no ponto de ônibus? Quando tem mais um problema com serviços via telefone? Se você me disser que ela deve chorar discretamente com um lencinho de seda tampando seus olhos cândidos, eu xingo de novo.
Eu me policio para não dizer nada muito impróprio na frente de pessoas mais velhas: tenho a boca suja, mas não sou desrespeitosa. E acho inadmissível quem usa do palavrão para brigar com alguém: isso empobrece a discussão e tira pontos da argumentação, ainda que se esteja certo.
Mas que dizer um bom palavrão tem poderes curativos...ah, isso tem!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Princesa da Serra ou Manchester Mineira?

Geralmente, toda pessoa que se muda para uma cidade maior desenvolve uma relação bem estranha com a sua terra natal. Quando fora dela, saudades. Quando nela, tédio.


Sou apaixonada por Valença City, seus paralelepípedos, casas antigas, praças e lembranças de tanta coisa feliz que já vivi por lá. Quando passo em frente à Catedral, consigo me encontrar com as minhas memórias de estudante da Escola Normal, de bailarina da Allegro, de pintora que chorou com o Casarão incendiado ou de várias Festas da Glória.


Mais que a cidade na qual mora a minha família, é o lugar no qual eu cresci, aprendi a ser gente, montei os meus sonhos de hoje. Porém, quando estou por lá, falta alguma coisa. Ainda que nada tenha mudado e eu tenha vários amigos, depois de algumas semanas por lá, existe um buraco em mim. Eu sinto uma vontade desesperada de ir para outro lugar, com mais gente, mais barulho, mais movimento... menos bucolismo.


Em Juiz de Fora, lugar que desperta esse amor inexplicável, eu fico feliz. Muita gente, barulho, movimento, opção; meu apartamento, minha correria, minha dupla jornada de estudante-dona-de-casa. Aí acontece o inesperado: eu me derreto de saudades da minha terrinha. Conto os dias para voltar para casa, arrumo as malas uns dois dias antes, fico me sentindo como uma filha ingrata da “Princesinha da Serra”.


Pego o ônibus ansiosa, antecipo mentalmente cada curva e, estranhamente, sempre faz sol em Valença quando eu chego.


Acho que o problema sou eu.


***


Minha boca procura a Canção do Exílio

Como era mesmo a Canção do Exílio?

Eu tão esquecido de minha terra

Ai, terra que tem palmeiras

onde canta o sabiá.


("Europa, França e Bahia", Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 31 de agosto de 2008

Água e Sal

Há tempos tenho tentado alinhavar um texto sobre o choro, ação que humaniza e revela tanto sobre a nossa natureza sentimental. Tudo que eu escrevo soa excessivamente confessional, quase piegas.


Tem gente que acha que choro é uma breguice. Julgam-no manifestação de uma fraqueza vergonhosa, que deveria permanecer escondida em algum nó da garganta. Discordo com veemência dessa gente que se engasga, mas não grita.


Quem contém o choro guarda dentro de si a mágoa, a tristeza, a angústia, o cansaço, e isso são só os sentimentos negativos; quem não chora perde a chance de externar com decência o orgulho, a sensação de dever cumprido, a alegria pura e simples. Quem segura tanta coisa deixa de crescer com essas emoções, e um dia a vida cobra de volta tanta oportunidade jogada fora.


Eu não sou emo, mas choro mesmo. Em particular ou em público, despacho minhas lágrimas de acordo com a minha necessidade. Já chorei mais do que choro hoje, ainda que eu tenha no presente mais problemas do que tive anteriormente. Mas ainda me permito ficar com os olhos rasos d’água, e sou grata à minha visão sensível de mundo: ela pode não enxergar tudo, mas tem horizontes extensos.


Porque tem que ser muito gente para chorar.


***

Vem, soleníssima,

Soleníssima e cheia

De uma oculta vontade de soluçar,

Talvez porque a alma é grande e vida pequena,

E todos os gestos não saem do nosso corpo

E só alcançamos onde o nosso braço chega,

E só vemos onde chega nosso olhar.

(Álvaro de Campos- heterônimo de Fernando Pessoa)


***

Peço desculpas pelo estado de semi-abandono que eu tenho deixado o blog. A vida de estudante desperiodizada, dona-de-casa, filha saudosa da casa e namorada (sim,namorada!) não tem me deixado muito tempo para escrever. Mas acertarei meus ponteiros com a escrita...

:)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Nada a declarar

Como vocês podem perceber estou passando por um momento de criatividade zero. Faz tempo que não publico nada. Sim, comecei a escrever um milhão de textos, mas não consegui terminar nenhum... É minha gente a coisa está feia! O pior é que não sei quando essa maré vai passar!

Pensei em escrever sobre sinais, mas não rolou. Digitei umas coisas sobre o Sartre, não consegui sair do primeiro parágrafo. Escutei umas músicas antigas para vê se fluía e nada feito. Tentei transcrever os meus textos que estão no bloquinho e... Preguiça... Não estou a fim de escrever nada daquilo... Ou seja, marasmo total!!!!

Vou ver se até amanhã ou depois acontece alguma coisa empolgante para falar a respeito. Já vou dizer de antemão, estou achando difícil quase missão impossível. Vou parar de me lamentar e tentar pensar em alguma coisa... Bom por hoje é nada... Beijos

domingo, 24 de agosto de 2008

Who do you want to be?

Descobri nesse fim de semana um site super divertido (indicação gloriosa do Afonso!), o Face in Hole. Dessas coisas inúteis e engraçadíssimas: você literalmente escolhe quem quer ser e ajusta sua amável carinha no buraco de fotos de personalidades da música, cinema, política e etc.
Eu já me tornei Margareth Thatcher, Audrey Hepburn, Bonnie (de Bonnie & Clyde), Mrs. Smith... gastei minha tarde de sábado nessa brincadeira.
E fica a pergunta filosófica do site: who do you want to be today?
Boa semana a todos! :)

sábado, 23 de agosto de 2008

Alegria!!

Alegria
Arnaldo Antunes
Composição: Arnaldo Antunes
Eu vou te dar alegria
Eu vou parar de chorar
Eu vou raiar o novo dia
Eu vou sair do fundo do mar
Eu vou sair da beira do abismo
E dançar e dançar e dançar
A tristeza é uma forma de egoísmo
Eu vou te dar
eu vou te dar eu vou
Hoje tem goiabada
Hoje tem marmelada
Hoje tem palhaçada
O circo chegou
Hoje tem batucada
Hoje tem gargalhada
Riso e risada
Do meu amor

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O Mundo é dos que Enxergam

O trocadilho besta do título é fruto do meu péssimo humor. Perdi o ônibus porque estava sem óculos. Cumprimentei um desconhecido alegremente porque estava sem óculos. Tudo isso hoje.

Eu descobri que era míope ainda bem criança, com uns 5 ou 6 anos. Leitora voraz e viciada desde que aprendi a ler (o jeito que eu aprendi cabe em outro post), eu revelei meus erros genéticos muito cedo de tanto forçar a vista lendo gibis no escuro e coisas do gênero. O que eu não sabia é que aqueles óculos, que causavam inveja nos coleguinhas de C.A., seriam bem mais que mero charminho pelo resto da vida.

Como meu grau é relativamente baixo, eu pensava que podia dispensar os óculos e viver feliz para sempre. Cometi esse erro umas três vezes, e o resultado foi uma dor de cabeça literal e um aumento no grau. Resisto bravamente às lentes de contato (pavor de colocar o dedo no olho, pode rir de mim!). Nisso eu descobri que era bem mais dependente deste utensílio nada sexy que se encontra dependurado no meu nariz neste momento.

Mas, pessoa estabanada que sou, vivo me esquecendo deles. A vaidade não me permite cair na night de óculos, causando uma série de incidentes dignos de relato numa stand up comedy (numa distância de 50 metros, sou capaz de chamar urubu de “meu loiro”). Fora aquela cara super interessante que todo míope faz, franzindo a testa e as sobrancelhas para tentar ver alguma coisa. Toda vez que alguém me pede uma opinião na balada, eu já tenho a resposta pronta: Não sei, to sem óculos.

Dia desses, conversando sobre isso, Maria quase me matou de rir. Ela falava que alguém tinha dito que eu era uma pessoa altamente blasé, e ela respondeu na mesma hora que eu não era nada blasé, eu era míope mesmo.

Ah, eu escuto muitíssimo bem. Meu organismo precisava me compensar de alguma forma,certo?
***

Se eu tô alegre/ Eu ponho os óculos e vejo tudo bem
Mas se eu to triste eu tiro os óculos/Eu não vejo ninguém

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Haja sacrifício...

Sou a típica mulherzinha que testa todas as novas invenções. Obviamente faço isso a meu modo, umas coisas eu demoro mais, outras menos. Raramente declaro essa minha vertente meio excessiva – sabe aquela coisa não posso confessar o crime – mas quem me conhece acaba percebendo.

Enfim, hoje foi o dia de experimentar o tal banchá – um chá verde piorado. Comecei super animada afinal de contas o tal chá faz bem de caspa a unha encravada, não podia ficar fora dessa. Promete melhorar o metabolismo, a pele, reduz colesterol, traz o homem amado em sete dias, ou seja, revolução total. Preparei-me psicologicamente para fazer o uso do líquido milagroso.

O cheiro era agradável, o que me tranqüilizou, a cor era esquisita, mas qual o problema, eu tomo guaraná – um líquido caramelo. Botei a água para ferver e fiquei imaginando que tinha feito o melhor investimento da vida – desconfiada, mas beleza. Li a caixinha para fazer direito, mas achei estranho, afinal só duas colheres para 1 litro de água. Resolvi colocar a medida com apenas um copo – o daqui de casa tem 400ml.

Chegada à hora de tomar... Arght! Entendi o porquê da pouca concentração. O negócio é horroroso. Amargo e detalhe muito pior que o chá verde. Tomei o copo com bravura – tive orgulho de mim. Fiquei horas enjoada, o gosto está até agora na minha boca – e olha que eu tomei o tal litro de água de lá para cá. Horrível de verdade, mas não sucumbi. Tomei de novo, com a medida certa, e vou dizer, continua ruim.

Agora eu sei porque que ele faz tão bem. Ele estimula a pessoa a fazer tudo de tão terrível que é. Você pensa “tudo menos o chá”, ai você corre, cuida da pele, porque qualquer coisa é melhor que aquele troço, mas vou dizer, mesmo assim vou continuar a investir no tal milagre. Fala sério custa nada tentar. É ruim, mas tanta ruindade deve ter algum beneficio. Pelo menos um lugarzinho no céu eu consigo depois dessa temporada de – sacrifício – banchá.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ao Dorival

Sou apaixonada pelos artistas baianos da MPB, mas preciso dizer que acho que ninguém cantou tão bem a Bahia como um certo Dorival Caimmy. Ele junto com Jorge Amado tem presente em sua obra a essência do que entendemos como Bahia.

Dorival tinha uma brejeirice gostosa de ver. A voz forte, o risinho discreto e a suavidade se misturavam em uma mistura atípica que resultava no talento e carisma dele.

Do que foi cantado por ele temos de tudo um pouco. Desde a vizinha do lado mexia com o juízo do vizinho e do homem que ia trabalhar. Da Anália que não queria ir a uma tal Maracangalha. A baiana que despertava dúvida sobre o que ela tanto tinha. O pescador que tinha dois amores o da terra e o do mar. Sem dizer que quem não gosta de samba bom sujeito não era. Ou ruim da cabeça ou doente do pé.

A Bahia perdeu quem sabia canta-la como ninguém. As obras de Dorival e Jorge Amado se misturam. Nelas que entendemos o jeito de ser baiano que os dois tinham tanto orgulho.
P.S.: Quem nunca leu nada de Jorge Amado leia escutando Caimmy

A Sedução do Léxico

Acredito que o mundo pode ser traduzido pela palavra com mais força até do que pela imagem. O cinema, para mim, não chega aos pés da literatura –basta observar que não existe adaptação cinematográfica que seja melhor que o livro original. As palavras têm um poder que deixa marcas indeléveis na memória (e no inconsciente coletivo). Quem não tem uma frase feita na ponta da língua que atire a primeira pedra.

A literatura é mais lúdica, faz pensar, oferece infinitas alternativas para a imaginação. O cenário, a trilha sonora, o rosto dos personagens... tudo é obra sua, leitor. O lirismo traz consigo a possibilidade de múltiplas interpretações, que se encaixam em múltiplos contextos pessoais—quando alguém diz “essa é minha música”, dificilmente está se referindo à melodia.

A literatura traz em si uma simplicidade ao estilo “menos é mais”. A priori, não necessita de tecnologia para ser executada, e pode ser reproduzida para outra pessoa pela fala, sem requerer requinte; numa conversa qualquer, um trecho de poema ou um excerto famoso podem ser citados sem depreciação estética.

Sou apaixonada por prosa e verso, desde criança. Do livro ao jornal, passando pelo catálogo telefônico. Livros épicos, dramáticos, cômicos, policiais... todos têm seu espaço reservado na minha estante (preconceito eu só tenho com auto-ajuda). Pode soar clichê, mas a boa literatura me faz viajar no tempo e no espaço, sem sair da minha casa. Desconfio daquele que diz que não gosta de ler (parece radical? E é.).

Ler enriquece a alma, melhora o vocabulário, alarga os horizontes, traz temas novos às conversas, trabalha o auto-conhecimento e o entendimento do outro. E nem engorda!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

More than Words

Minha casa tem uma regra de ouro em seu jus non scriptum: eu não preciso dizer que te amo.

Não, eu nunca disse aos meus avós o quanto eu os amo desesperadamente. E nas vezes que eu disse isso à minha mãe, a resposta foi “não ama não e você vê o que te acontece.”

Você deve se perguntar nesse momento de que planeta saímos. Somos uma gente esquisita, que não se preocupa em falar daquilo que faz. Eu vivo uma lição diária de amor desmesurado nas gargalhadas, olhares e mãos dadas dos meus avós. Nas minhas conversas madrugada adentro com a minha mãe. Nas opiniões e broncas engraçadíssimas que eu escuto da minha avó. No olhar de alegria do meu avô quando me busca na rodoviária e não me deixa sequer carregar as malas, ou quando ele me cumprimenta com uma “testada” sem jeito. Nos cuidados, carinhos e gestos mudos.

A verdade é que somos um tanto quanto tímidos. Se eu dou um beijo na minha avó, ela fica vermelha feito pimentão. Se eu digo para o meu avô o quanto ele é gatíssimo, ele quase se esconde. Se eu abraço minha mãe de surpresa, ela grita de susto. As declarações ditas “normais” de amor não funcionam com essa família.

Meu irmão ainda é uma exceção divertida dessa regra. Abraça, beija, diz que ama. Mas esse é um “primeiro amor”: ele ainda vai entender a profundidade do nosso jeito estranho de amar.
Por causa disso, torna-se raro me encontrar por aí declarando que amo as pessoas. Eu amo nos gestos, nas ações, ou como diria a minha bisavó (que era sábia de assustar): eu amo comendo um quilo de sal junto.

Por que eu estou expondo minha gente desse jeito hoje? Porque eu estou morrendo de saudades da minha casa...e porque “eu te amo” não é “bom dia”, oras!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Dona Morte

Eu, minha mãe e Dolfo no carro. Subitamente, ele fez a pergunta que surpreendeu: “Mãe,você vai morrer?”. Ela respondeu alguma coisa no gênero “Vou, mas sem pressa, por favor”, e ele afirmou, ainda meio perplexo “Pois é, todo mundo vai, né?

Tem muita gente que explica a complexidade do ser humano pela consciência que este tem da sua finitude física. Iremos embora, as coisas continuarão a seguir seu rumo independente dessa partida, e em algumas décadas seremos apenas nomes em placas, registros e cartórios. Esse é um ótimo argumento em defesa da minha serenidade, quando esta falta: nós passaremos, e tudo continuará “meio igual”, apesar de nós. Então por que se debater freneticamente contra aquilo que está além de nós?

Eu tenho um medo absurdo de perder as pessoas que eu amo. E medo algum de morrer. Acho que ninguém morre antes da hora: se é chamado para perto de Deus, já cumpriu sua missão, mesmo que não tenha sabido qual foi ela. Acredito que existe alguma coisa do outro lado,ainda que não acredite em reencarnação. Acho que as coisas devem funcionar como naquela história dos gêmeos que conversavam no útero da mãe:

-Será que existe vida pós-parto?
-Não sei, nunca ninguém voltou para contar...

Mora na filosofia

Composição: Monsueto / Arnaldo Passos
"Eu vou te dar a decisão
Botei na balança
E você não pesou
Botei na peneira
E você não passou
Mora na filosofia
Pra que rimar amor e dor (...)"

Mora na filosofia

As palavras


Levo muito a sério as palavras. Se alguém me disser alguma coisa – que eu considere ofensiva – é o suficiente para o tempo fechar, e acredite sou brava à beça.

Irrita-me profundamente quem sai falando palavras inapropriadas. Sinceramente acho que às vezes é bom medir o que falar e com quem falar. Se tem o costume de xingar em discussões por favor não o faça comigo. Tenho uma espécie de fobia de quem faz isso. Hoje aconteceu algo desse estilo.

Sinto-me – nesse momento – como uma bactéria, ou um lixo que você pode pegar com pazinha. Cara o pior é quando acontece em outra língua e na frente de gente que você não conhece. Preciso dizer mais alguma coisa? Ahhh... Acho que sim: Fuck yourself son of bitch! Na mesma língua que ouvi a tal ofensa!

Moral de história: Nunca menospreze uma mulherzinha! Ela fica bastante puta às vezes OK?! Sem mais palavras, hoje já tive um excesso delas – até as que não devia.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Lendas Urbanas

Todos nós já escutamos alguma lenda urbana. Desde as que tratam de amor as que tratam de situações absurdas. São tantas as histórias que talvez, baseamos – ou acalentamos – nossas vidas em lendas.

Qual mulher solteira nunca escutou a história de que um belo dia Maricotinha foi ao supermercado e encontrou o amor da sua vida? Resposta: Todas. A questão é: será que os mitos urbanos podem se concretizar?

Acredito que a vida é uma série de combinações do acaso. Isso com certeza dificulta – um pouco – a possibilidade de nos tornarmos prova viva das tais lendas. Eu – mulher solteira que sou – sempre fico me imaginando nessas posições. Imagina ir à padaria e voltar com um possível ficante a tiracolo? Genial não?!

Infelizmente já passei um pouco da fase de acreditar – argh! De novo isso – em contos de fada. A cada dia mais me apego a probabilidades. Seguinte, existem cerca de 6,5 bilhões de pessoas no mundo. No Rio são – sei lá – 6 milhões de habitantes, desse número mais da metade é mulher, ou seja a minha possibilidade de viver o meu conto de fadas é muito pequeno. Tem pouco homem e outra qual é a incidência desses casos – bonitinhos – na população? Se for parar para ver, vou desanimar!

È melhor eu começar a aposentar as tais lendas urbanas. Vou pensar nas maneiras mais normais – se é que isso é normal – de me deparar com o Shrek – sim um ogro – da minha vida, afinal ele é bem mais legal que o encantado. Talvez ele me reserve aventuras – não tão fantásticas quanto os contos de fada – interessantes e possíveis.

Latinidade

Eu sempre fui defensora do “sentimento latino”. Tento mostrar aos meus amigos com certa freqüência de que somos na verdade latinos, mas isso vem ficando cada dia mais difícil. De fato, não temos nem – ao menos – o idioma em comum.

Estive refletindo muito sobre isso graças – ou não – a uma matéria que peguei na faculdade. Por ser de outro departamento – de Relações Internacionais – a experiência esta sendo – bastante diferente. Em jornalismo, o nosso interesse maior é o Brasil, e no outro departamento, não.

Discussão vai, discussão vem e todo mundo debate a América Latina, ignorando solenemente o Brasil. O nosso país só era lembrado para dizer que não tínhamos nenhum ponto em comum com o resto da América – o que não deixa de ser um pouco verdade.

Não concordo piamente com o que foi dito, mas alguns pontos são reais. Sinceramente as únicas coisas que nos unem são o tipo de colonização e as ditaduras – algumas militares – que tivemos a partir da década de 60. A língua realmente não é a mesma, não adoramos e nem fomos “libertados” pelo Bolívar ou o San Martin – o primeiro inclusive tratava o Brasil como uma espécie de inimigo da revolução – e nossa história seguiu rumos diferentes. O que foi discutido ali me fez pensar muito. Como tentar unir essa América? Como nos incluir nela se temos tão poucos traços em comum?

Não sei se existe um caminho que nos faça sentir parte – verdadeiramente – da América Latina. O que escutei dentro dessa mesma discussão é que deveríamos nos sentir latinos, porque em todo o resto do mundo somos vistos como tal. Tenho minhas objeções a esse ponto. Se nos condicionarmos a visão do outro iremos de fato perder a nossa identidade. Imagina se nos convencermos e entendermos o que somos pelo que outro pensa, seria uma loucura.

O exemplo da união Européia também foi bastante citado – principalmente pelos pontos desfavoráveis omitidos. Os surtos de anti-patriotismo estão acontecendo com alguma freqüência. Queimam bandeiras, controlam etnias – com os ciganos na Itália do Berlusconi – e coisas do tipo. Não sei se tentar unir um continente com tantas diferenças latentes vale a pena.

Espero que primeiro a relação econômica entre o nosso continente seja estabelecida com sucesso. Depois – se for viável – que aconteça a integração como bloco – sem o interesse puramente comercial. É melhor não botarmos o “carro na frente dos bois”, como já bem dizia minha avó.

sábado, 9 de agosto de 2008

Feminilidades

Estava eu voltando do mercado, carregada de sacolas, com dor nos pés de tanto andar, louca por um banho.

Quando entrei no elevador, já comecei a procurar pela chave dentro da bolsa, e nada. O cansaço era tal que acendi a luz do corredor, sentei no chão e virei a bolsa ao contrário para que ela caísse. Não caiu.

Alguns segundos de desespero depois, notei que o forro da bolsa estava furado, e a bendita tinha se perdido ali. Abri a porta, e gargalhei sozinha quando vi a quantidade de coisas que eu havia espalhado pelo chão:

óculos de grau
óculos de sol
2 telefones celulares (um com DDD de Valença, outro de JF)
terço
3 cores de batom
rímel
talão de cheques
base para unhas fracas (!?)
passagem de ônibus (obsoleta que só ela)
barra de cereal
lixa de unhas
Trident
MP3 player
carteira
porta-níqueis
2 canetas
3 elásticos de cabelo
remédios para enxaqueca
anti-alérigicos
pastilhas para azia
1 grampo (!)
agenda
flyer de chopada
chaves de casa (finalmente!)

A música diz que mulher é bicho esquisito. Mas o que dizer da bolsa dela?
:P

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

I'll be There for You

Por mais apertado que seja o dia-a-dia de alguém, quando se quer, há espaço para o outro. Seja esse outro o primo querido que mora em outra cidade, o amigo antigo que vive uma vida diferente da sua, o colega de sala que parece distante em meio à correria das aulas.

Particularmente, acho insuportáveis as pessoas que se afogam nos seus próprios problemas cotidianos e não reservam um minutinho sequer do seu dia para o outro. O tempo delas vale tanto que, com o passar dos anos, elas o terão todo para si e, fatalmente, não saberão o que fazer com ele. Quem está disponível para os outros,cuida de si,porque estes momentos são presente que cicatriza as escaras provocadas pelos movimentos repetidos de cada dia.

Eu sinto a maior vontade de fazer trabalho voluntário: doar meu tempo, meu abraço e meus ouvidos para as pessoas que estão numa situação “pior” que a minha. Mas acho que ainda tenho muito a aprender antes de poder fazer isso.Por enquanto, tento cumprir a minha “missão” sendo tão prestativa com os meus queridos quanto as minhas limitações me permitem.

Ainda que de forma meio atrapalhada, qualquer atenção é válida, reforça os vínculos e desopila o fígado. Um telefonema que aproveita a promoção da operadora de celular transforma o dia. Um depoimento no orkut (daqueles para não serem aceitos) não só informa, como traz sopro de renovação às boas saudades. Lembrar-se do bombom que a pessoa gosta ao passar pela padaria adoça a rotina...
***
OBS:Reservando um minutinho do meu tempo para vir a uma lan house e postar aqui!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Acredite?!

Acreditar – talvez – seja uma das coisas mais controversas da vida. Sempre soube que acreditar em tudo não era bom, mas era necessário acreditar em alguma coisa.

Por esses dias estive com um amigo e conversamos muito a esse respeito. Ele me disse que eu precisava “acreditar”. Na hora algumas – varias – dúvidas começaram a surgir sobre esse verbo. Depois de discorrer sobre o assunto, percebemos que existia uma questão : Até qual ponto é positivo acreditar?

O sentido de acreditar é tão vago. Você pode acreditar em alguma coisa ou simplesmente “acreditar” puro e sozinho. Ter fé em algo que você não sabe ao certo é um esforço sobre-humano para uma pessoa como eu.

Sou defensora do “é melhor ver as coisas como elas são”, e acreditar é quase o oposto disso, porque em geral é um ato que você faz meio no escuro. Não chego ao ponto de só crer no que vejo, mas prefiro confiar numa espécie de “indicação” das coisas, sem criar “meias” verdades.

Quando se quer muito acreditar em algo, a fantasia acaba falando mais alto. Você quer tanto que as coisas aconteçam que mesmo sem motivos concretos você acaba “criando” e vendo sinais em tudo e todos para ratificar a sua esperança. Daí o céu é o limite.

Dentro dessas indagações – talvez – sem muita lógica, não consigo parar de pensar em como o ser humano é sugestionável. Tem pessoas que simplesmente se convencem de que precisam de algo porque a outra a convenceu disso, sabe? Acaba virando uma série de dependências inventadas. É muito estranho pensar que por causa de uma coisa qualquer, acabamos submergindo em dúvidas e questões pífias e inexistentes.

Sei lá, não sei se me fiz entender, mas acho que essa questão é por deveras complicada. Acho que preciso pensar um pouco mais sobre o tema - ainda.

Caetano

É engraçado como às vezes nós demoramos a descobrir algumas coisas. Um dos melhores exemplos é quando somos apresentados a coisas excelentes que nem fazíamos idéia.

O melhor exemplo disso, para mim, é “You don’t know me”, música do Caetano que descobri a cerca de um mês. É do disco “Transa” – que inclusive têm lá em casa.

Como vocês já devem ter percebido sou fã do Caetano. Por vários motivos. O fator casa ajudou muito – meus pais são fascinados pelo cara – mas a genialidade dele é a grande questão. Ele se reinventa o tempo todo, não tem medo nenhum de experimentar, de tentar outras batidas e tudo mais. Para mim é um verdadeiro artista.

Em maio ou junho ele fez uma temporada aqui no Rio. Eu fui. Quando sai do Vivo Rio - casa de show - estava completamente perdida, não sabia nem o que pensar sobre o que tinha acabado de ver. Acho que demorei uns dias para “formar” uma opinião sobre o show. Até que percebi a grande burrada que estava fazendo, Caetano não é para “entender” – no sentido careta da coisa – é só para admirar.


A tal música: You don't know me.

domingo, 3 de agosto de 2008

Retomando

Lá se foram as férias. Sempre tenho a sensação de que elas poderiam ter durado mais um pouco. Não deu tempo de sair tanto quanto eu tinha planejado, não aconteceram muitos encontros casuais quanto eu queria e etc e tal.

Às vezes me pergunto porque as férias nunca correm "dentro dos conformes''. No mesmo segundo encontro a resposta. A vida não é das mais cartesianas né?!

Talvez o que a torna alguma coisa interessante sejam essas séries de encontros e acasos que fogem das nossas próprias expectativas. Ou não – como já bem diria Caetano?!

Enfim, esse papo toda sobre o nada é somente para dizer que EU VOLTEI, e as férias infelizmente acabaram...!!!

Portanto declaro abertos os trabalhos – meus que tinham sido interrompidos pelas férias de uma semana quase duas! Senhoras e senhores lá vamos nós para mais aventuras e devaneios aqui descritos.
Beijos