segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

?

Pode ser alguma espécie de maluquice, mas a associação escrita e misérias pessoais dança na minha mente. Absolutamente em paz, com a cuca fresca (em parte por ter abandonado o visual-cabelão) e rindo de qualquer bobeira, não consigo escrever.

Não que eu queira problemas, mas ando louca por um bocadinho de inspiração.

sábado, 14 de novembro de 2009

Dane-se

Claro que é piegas, mas têm umas coisas que fazem com que a gente releve todas as outras. Dessas que fazem com que a gente mergulhe de cabeça no clichê para rir de tudo.
Um depoimento, um sorriso e uma cigarra (sim, uma cigarra) fizeram com que eu desse de ombros para uma semana de desespero absoluto.
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais, pilhas de roupas sujas, ônibus tomados em vão, computadores inúteis que não salvam coisas, chuva, chuva, chuva, um extrato bancário nem sempre agradável, estágio sem internet, remédios para dor, estantes de livros por arrumar, meia hora de choro e ranger de dentes antes da meia noite, rotinas médicas, a casa esperando por limpeza, o armário da cozinha esvaziando, sombrinha quebrada, haste dos óculos quebrada, unhas quebradas...
Ah, dane-se! A Vanessa da Matta está cantando no som.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cibernéticos Anônimos

Que o ser humano é um bicho bobo e dependente, todo mundo sabe. Eu me lembro perfeitamente de quando aqueles bichinhos virtuais estavam na moda e foram proibidos no colégio. Meus pais tomavam conta do meu durante as aulas...isso foi super útil enquanto meu pai não se viciou em alimentar e ligar o ar condicionado do pobre.
O famigerado orkut e o apelo da vida alheia, fazendinhas no Facebook (conheço umas pessoas que varam madrugadas trocando vacas rosas e o escambau), o alarme de mensagem de texto que faz muita gente pular: a grande verdade é que a segunda vida que criamos na esfera virtual reflete a nossa "criança interior", ou algo do gênero. Afinal, isso tudo era para ser uma brincadeira.
Eu só não esperava me sentir como uma mãe desnaturada por escrever pouco...muito menos como uma viúva, diante do orkuticídio do meu namorado!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Procrastinação

Só mais cinco minutinhos!?

Não é à toa que Paciência é o programa mais aproveitado pelos usuários da Microsoft. Procrastinar é uma arte; uma arte que traz culpa, mas ainda assim sublime.

Sublimemente desesperadora.
Será que o dia 4 de novembro poderia chegar logo?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Irracional

Tá certo que os conselhos de quem quer que seja nunca serão os mais apropriados. Ainda mais quando este alguém é uma mulher, ser naturalmente mais complacente: um pecado pode ser compensado com um chocolate a menos. Nenhuma das filhas de Eva pode ser um exemplo de nada; muito menos uma que escreve ao som de rock n' roll.


Quando eu era muito criança, lembro de chegar em casa chorando por alguma daquelas brigas de menininha, do tipo que se reproduz em escalas maiores durante toda a vida (também coisa de mulher: experimente amigos homens e veja se isso acontece com eles). Nesse dia, minha mãe me sentou no sofá e me disse uma coisa banal, mas que eu não me esqueci: não serve de nada os outros gostarem de você, se você não gostar primeiro. E foi fazer um bolo de chocolate, para dissolver a minha mágoa.


O tempo ensina derivadas desse mesmo conselho, como o famoso 'você é sua melhor companhia'. Quando eu achei esse tipo de frase idiota, ela aconteceu e me ensinou tudo de novo. Por isso eu te peço calma, menina.

sábado, 10 de outubro de 2009

Nichteroy,

Escrevo-te de Minas. Talvez eu tenha provocado em você uma certa raiva deste canto do país, certo? É justamente esse o porquê desta missiva: gostaria que entendesses que sempre haverá um espaço teu em mim, estranhamente.

Nunca fui tão mineira quanto sob teus domínios. E, confesso, por vezes sinto tanto frio por aqui que me falta o seu cheiro de mar, seu caos, seus Niemeyers e aquele calor que me oprimia e me queimava numa caminhada de casa ao restaurante.

Mas não te gabes. Tudo aquilo que quis aqui, aconteceu melhor. E sou tudo aquilo que quis ser quando te abandonei.

Preciso ir, querida...estou indo para uma festa. Prometo um brinde à nossa distância.
Um dia nos encontraremos de novo, e, quem sabe, Arariboia terá uma chance nova de me flechar.


Beijos,
Stela


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Neurológica

Tenho precisado pensar em tanta coisa que, por vezes, duvido que tudo aquilo caiba na minha cabeça, fisicamente falando. Os pensamentos me parecem espaçosos, pesados de se carregar. E a mente, mala pesada e estufada, pede um daqueles carrinhos dourados dos hoteis de cinema.

Mas fica a promessa de que o blog será o carrinho daquilo que presta.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Algemas

Ela consentiu aquela algema, com um sorriso nos lábios e uma lágrima dançando no canto dos olhos. Afinal de contas, mesmo feliz, ela não deixava de ser uma grande chorona. Logo saiu mostrando o seu presente para todo mundo, até que uma amiga mais libertina a alertou para o real significado daquilo: isso é para te prender o tempo todo. Ela bem que gostou da ideia.

Olhar para o braço se tornou gesto repetido de lembrança e carinho, com as três estrelas reluzindo seu símbolo preferido. E ela ria muito quando se lembrava das palavras da amiga.

Sem querer, ela não sabia mais onde havia guardado o símbolo do amor que foi construído cuidadosamente, mesmo depois de revirar toda a casa; tinha náuseas de desespero. Entre lágrimas (como deixá-las de lado, hein?), confessou seu medo.

E descobriu que o Amor sobrevive às algemas.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Banalogias Atropeladas

Não precisa ser muito esperto para perceber que eu falo desmedidamente, com alegorias próprias de gestual e tudo o mais. E, mesmo não tendo sempre muita paciência para desfiar o meu rosário, além de gostar de escrever em pílulas, eu sou predominantemente tagarela.

Deve ser por isso que eu não vejo graça nenhuma no Twitter. Pode ser que eu precise dele um dia, mas eu tenho quase certeza de que não vou conseguir me expressar em 140 caracteres.

*

Eu estou gostando taaanto do Maradona em baixa...vingança é um prato que se come frio, e para isso que existem sobremesas geladas e deliciosas.

Em boa hora para levantar a nossa moral no pré-Copa.

*

Li nesses dias uma pesquisa sobre blogs (e cometi a burrice de não salvá-la em lugar algum): ela falava da curtíssima duração de boa parte deles (6 meses já é longevidade).

Mas o que eu acho mesmo é que deveria haver uma pesquisa sobre conteúdo: alguém se esqueceu de desligar a torneirinha de asneiras da Emília! Gente sem originalidade, que escreve pelo puro e simples prazer de encher a boca para dizer que também tem o seu espaço.

Encontrar um bom blog tem sido boa surpresa.

*

"Como é o lugar
quando ninguém passa por ele?
Existem as coisas
sem ser vistas?
(...)
Estrela não pensada,
palavra rascunhada no papel
que nunca ninguém leu?
Existe, existe o mundo
apenas pelo olhar
que o cria e lhe confere
espacialidade?"

(A Suposta Existência, Carlos Drummond de Andrade; trecho)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

E agora está de bem...

A couraça vinha presente, junto com um monte defesas ensaiadíssimas para qualquer circunstância desgradável. "Você diz isso porque não imagina..." O salto alto era metafórico, e o lápis de olho foi deixado de lado para evitar constrangimentos. Orgulho, orgulho, orgulho. Mesmo que ela soubesse que aquele orgulho ia ser pisoteado, ela precisava dele para se proteger, pelo menos antes do desenrolar das coisas.

Quando ela escutou a voz subindo as escadas, não sabia se o que ela queria era sumir, chorar de medo ou dar uma gargalhada nervosa. Resolveu, em alguns segundos, não fazer nenhuma das três coisas; sorte a dela. Quando ele entrou, deu-lhe um abraço tão normal que ela ficou sem saber o que tinha feito com aqueles três anos de silêncio e lágrimas.

Ainda perplexa, correu para o outro lado do balcão da cozinha e fez qualquer coisa que ela sabia que ele ia gostar. Deu certo, a conversa passou a ter gosto de molho rosê, e ele gostou tanto que ela precisou fazer um pouco mais. Estranhamente, ele tinha entendido tudo, ela também. Sem os tais questionamentos para os quais ela tinha se preparado tanto, ela jogou a armadura fora junto com a embalagem do creme de leite.

Naquele dia, ela chegou em casa e se perguntou para onde ela tinha viajado, porque aquela situação sem turbulências e tanto assunto só podia ser resultante de um retorno de algum lugar. E, claro, chorou bastante por eles serem dois teimosos que não tinham comprado o bilhete de volta antes.

Depois disso, passou-se ao melhor de tudo: a redescoberta. O perfume misturado com cigarro era o mesmo, assim como o gosto musical. As histórias repetidas ganharam uma musicalidade nova. Ela se encontrou com ela mesma, aquela de dez, vinte anos atrás. E ela descobriu que eles, espantosa e geneticamente, ainda eram os mesmos de sempre.

Só um pouco menos orgulhosos.

*

Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar
(Conversa de Botas Batidas, Los Hermanos)

sábado, 5 de setembro de 2009

No Canto dos Lábios

As circunstâncias tentam me afastar dele. Chuvas torrenciais bem na hora em que eu saio do supermercado sem sombrinha (e de blusa branca), ônibus perdidos por segundos, carregadores esquecidos, coisas importantíssimas perdidas.
Às vezes eu acho que o lado mau do mundo não o quer. Suas próprias manifestações podem afastá-lo em outros. Em excesso, faz mal. Tão querido em nós mesmos, e tão execrado em alguns dos outros.
Ah, mas pode fazer o que quiser...até sem sorrir, ele está sempre comigo. Ácido, suave, corrosivo, mórbido ou bobinho, nada me separa do meu humor.
*
AMOR
Humor
(Oswald de Andrade)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Desabrochares

Já vieram várias vezes me perguntar o porquê de eu escrever e me expor. Apontam para o perigo emocional (ou mesmo físico) de fazê-lo, e me chamaram até de exibicionista.

Eu confesso que não me importo. Tenho fases de precisar do auxílio da escrita para organizar melhor o pensamento e entender mais o que acontece ao redor de mim. Também para dar boas risadas de mim mesma. Sem pretensões megalômanas. E nada do que eu escrevo me faz sentir medo dos outros. O que eu digo e deixo que os outros vejam não vai além do que eu diria numa mesa de bar (afinal, como já dizia o ditado latino, in vino veritas).

Em algumas épocas (como o longo mês que se passou), eu não consigo materializar o que eu vejo em papel, e me sinto aprisionada, emudecida. Mas, vá lá, isso passa, sem deixar danos.

Inspirada pelo texto da Maria, estou de volta.
*

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
(Clarice Lispector)

domingo, 16 de agosto de 2009

"Dói nos cotovelos..."



Ciúme: sm (lat vulg *zelumen) 1 Inquietação mental causada por suspeita ou receio de rivalidade no amor ou em outra aspiração. 2 Vigilância ansiosa ou suspeitosa nascida dessa inquietação”.

Sim, me sinto patética por ter sentido essa famigerada inquietação. Sempre fui do tipo de pessoa que ria dessa história de ciúme, achava que era uma coisa muito mais inventada que real. Quando alguma amiga iniciava uma discussão a respeito do tema era sempre eu que dava a “senhora lição de moral”, dizendo que esse é o tipo da coisa que não devemos dar tanto valor e tal.

Muito bem, na teoria isso funciona perfeitamente, é poético, controlado e racional. Porém um belo dia o tal discurso se desmancha quando chega à hora da prática. Sim “o feitiço virou contra o feiticeiro”. Você está tendo uma crise “daquelas” de ciúme.

No começo você não entende muito bem o que é, mas depois a dor se torna quase física. Aos poucos, a “ficha vai caindo” e enfim é o momento de constatar, que aquele monstro – até poucos dias aprisionado e contestado – é verdadeiro, e está ali, na sua frente. Surge aquele alerta vermelho, acompanhado da pergunta angustiante: “O que fazer agora?”.

As respostas mais óbvias são: sucumbir ou tentar - às vezes um pouco em vão – abstrair e – por que não – relaxar. E, quem sabe, seja até possível tratar a situação como só mais uma daquelas banais do dia-a-dia, que somos obrigados a conviver – para essa é necessário certo autocontrole, que eu, não tenho.

Agora, fingir que esse sentimento não existe e nunca existiu é impossível. Afinal, “o ciúme dói nos cotovelos, na raiz dos cabelos, gela a sola dos pés”.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Banalogias de Recém-Férias

Fico imaginando a família do Sarney. Aquela criancinha começando a andar, e as tias dando uns palpites clássicos.
“Ah, esse menino tem todo o jeito de assessor parlamentar...”
“Que isso, Maricotinha! Olha a carinha dele de chefe de campanha!”


*

Assisti “Che” com um medinho de ser um filme panfletário. Mas, felizmente, eu estava redondamente enganada: o filme é forte, realista e mostra um Ernesto Guevara bem diferente do revolucionário da camiseta. Esperando agora pela 2ª parte, que deve estrear em agosto.

*

No dia em que o Michael Jackson morreu, eu, inevitavelmente, fiquei com “Billie Jean” na cabeça. No dia seguinte, foi “Thriller”. No outro, “Can’t stop ‘till...”, e por aí vai.
O cara pode ter sido o Rei do Pop, um gênio incompreendido e o escambau. Mas hoje eu ouvi Franz Ferdinand e Strokes o dia todo para ver se eu desintoxicava. Não deu. Assistindo ao Jornal e ao caixão dourado na TV, eu me lembrei de alguma coisa que podia ser pior que os gritinhos dele.
Iarnou!

*

Na onda das comemorações do Ano da França no Brasil, assisti o espetáculo “Le Rendez-vous du Sam’di Soir”. Três filmes mudos, acompanhados pelo trio Double Cadence, no clima do cinema de antigamente. Fui um pouco descrente (eu ando com essa mania horrível), mas saí do teatro flutuando com aquela musiquinha de orquestra e as imagens de quem ainda não sabia muito bem o que fazer com a câmera ou esperar do futuro, mas que fez bem. Muito melhor do que imaginava.

*

O Banalogias fez um aninho dia 01! Ah, coisa fofa!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Orgulhosamente, apresento.

Da lista de qualidades que podem se transformar em defeitos que uma pessoa pode ter, uma não pode ser esquecida: o orgulho. O bicho carpinteiro que levanta o queixo e a sobrancelha,entorta a boca num esgar de superioridade e conduz o orgulhoso em questão a um salto 15 que não deveria ser tão alto. Tudo para disfarçar a dor, ou reforçar aquela maniazinha pentelha de ser consertador do mundo. Eu sou orgulhosa, com orgulho e redundância.

Do tipo que se nega a descer do salto, e, quando desce, cai de lá de cima num estrondo tão alto que chama a atenção de todo mundo.

Mas, desta vez, vai ser calculado em letra redonda. Meticulosamente, eu vou serrar este salto e vou ficar de sapatilhas. E, aí sim, vou consertar o mundo, do jeito que tem de ser. Mas é difícil, não nego. Com orgulho de certa falta de orgulho.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Daquilo que me Contorce

De fato, eu vejo as coisas e tenho ânsias de dar gargalhadas gostosas, e, principalmente, inoportunas. As coisas acontecem de um jeito tão non sense... e eu fico ali no meio, sem reação, segurando a risada, passando por alguém que funciona numa velocidade menor.

Têm me chegado histórias absurdas, sem pé, sem cabeça, e cheias de graça. Algumas meio trágicas, com um puxado de definitivo, de corte. Outras com um quê de vida que seguiu, mas que não deixou de ser irritantemente cômica. Mas todas me causam um riso fundo, ainda que, de tão cômicas, sejam trágicas.

É mesmo, eu devo funcionar lentamente. Meu ritmo é outro, mesmo que, de vez em quando, eu exploda em nervosismo e rapidez. Sou menos agitada que o primeiro olhar revela. O meu pensamento funciona em tramas artesanais. Mas, quando elas ficam prontas, costumam ficar mais elaboradas que aquelas compradas nas lojas.

E eu espero por algumas taças de vinho para rir um pouco mais.

sábado, 23 de maio de 2009

Mas eu sei...

O cotidiano endurece, e preenche o coração com compromissos diferentes daqueles que a gente gostaria de assumir. E, num dia qualquer, nós nos damos conta que a nossa adolescência já assumiu contornos de vaga lembrança, que nossas bolsas carregam o que nossas mães carregavam (no meu caso, isso significa um Sonho de Valsa!haha), que nossas preocupações são outras. Mas o orkut é um santo e o telefone toca de vez em quando. Então, vamos levando assim.

Aí, numa manhã besta de sábado, acordada antes do habitual, a MTV me dá um soco no estômago. Por Enquanto. A música que todas nós tínhamos medo simplesmente se tornou realidade. Aquela foto que é o nosso símbolo está na minha parede, rindo para mim de muito longe. Só para piorar, todas nós inocentemente novinhas nela. Bem que eu tentei, mas veio uma avalanche de lembranças. Nossas gargalhadas sem classe, a casa de cada uma, Festas da Glória e o aniversário da Magá no dia seguinte, sonhos que (nem sempre) aconteceram do jeito que planejávamos, longas conversas, a Bizz da Isabella, táxis de fim de festa, os conselhos absurdos que nos dávamos, as letras de música da Canella na minha apostila, nossas duas festas de formatura, nossas espinhas, meu cabelo curtinho, cartas secretas com vários portadores. Tudo isso junto com um nó de marinheiro na garganta. Por um instante, eu quis meus 17 anos de volta.

Mas nada vai conseguir mudar
o que ficou
Quando penso em alguém,
só penso em você
E aí, então, estamos bem...

Eu apenas queria que você soubesse


Composição: Gonzaguinha
Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também
E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé
E se olhar bem fundo até o dedão do pé
Eu apenas queira que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

terça-feira, 19 de maio de 2009

Chinelo,

Às vezes, acho sua atitude subserviente. Sempre ali, me esperando na entrada do apartamento, só porque te deixei ali. Fica andando debaixo de tudo, e não se importa quando eu te deixo de lado, quando digo que você é inadequado, casual demais, quando te troco por outro, mais ao tom do lugar.

Porém, quando eu chego, lá está você, sem reclamações, um conforto para mim. E todo o cansaço dá espaço a um enorme alívio, graças a você. Você me relaxa e me traz de volta. Só quando te encontro me sinto totalmente em casa.

Você me entende, sabe que nosso amor é proibido. Você não cabe na minha vida, meu bem. Informal de mais para mim, remetendo a bermudas e sol quente: nada como o que eu vivo. De vez em quando, isso me deprime. Principalmente quando sinto aquelas dores que só você sabe curar.

Sei que prometi te levar à praia. Lá é o nosso lugar preferido, né? Caminharemos juntos, tomaremos sol, sentiremo-nos mais à vontade.

E lá, ninguém poderá nos criticar.

Beijos,
Stela

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Stress,

Quando você aparece, sinto palpitações. Por sua causa, eu não tenho apetite, o sono se tornou leve desconhecido, sinto dores, minhas mãos suam. Sinto vontade de gritar o que eu sinto por você, o quanto você mexe comigo. E, meu estômago revira.

Muitas vezes, eu tenho a impressão de que, quando você está comigo, tudo corre mais rápido, e o relógio flui aos atropelos. Você faz com que tudo o que não quero chegue mais rápido.

Eu não sei o que você viu em mim. Por que não se cansa quando vê minhas lágrimas, olheiras, remédios para dor de cabeça? Por que não me larga quando vê que tenho impulsos de me descabelar e socar a mesa? Você me parece tão senhor de si, autosuficiente, sabedor daquilo que é melhor...então, porque faz tudo isso comigo? Que espécie de teste é esse, tão doloroso?

Por isso te escrevo, querido. Peço que me deixe, antes que eu fique louca.

Adeus,
Stela

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Fidelidade,

Todo mundo por aí tem dito que você anda sumida. Que está fora de moda, que seus valores não prestam mais, que os tempos são outros. E isso me dá uma dor enorme, porque sinto saudades de você, tenho medo de que nos distanciemos...mas nada me traz medo como o de uma morte potencial sua.

Você é elegante, sabe? Tem esse ar de que nada pode te atingir...mas as pessoas te criticam tanto, e você continua na sua, ainda que escondida, usando suas joias de prata, ouro, diamante, pérolas e por aí vai.

Eu me sinto bem na sua presença, e nós sabemos que, se você for embora, eu ficaria desnorteada, porque você me conhece melhor que eu. Você sabe o que me faz bem.

Gosto da sua companhia em todos os setores da minha vida. Você está em todos os lugares, para mim. Tudo que é bom começa em você.

Por isso, peço que não me abandone. Nem pelo Arnaldo Jabor, nem pelas mesas de bar, nem pelo Xico Sá, eles que dizem que você não existe. Eles que sofram sem você.

Beijo,
Stela

OBS: Ultimamente, tenho escrito várias "cartas" e as postarei, todas (ainda que não façam muuito sentido, por assim dizer).

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Eu não sei bem desde quando eu espero por esse dia. Pode ser que tenha sido aos 13, quando os acordes de "Corista de Rock" ecoaram na minha cabeça de adolescente desafinada. Ou aos 14, quando eu descobri aquele LP nos guardados da minha mãe. Aos 15, quando adotei "Coisas da Vida" como a "minha" música, para todo o sempre, Amém? Ou com com "Esse Tal de Roque Enrow", "Flagra", "Mamãe Natureza", "Saúde"...

Das letras às histórias, foi um pulo. E logo eu era louca por aquela ruiva doidivanas que conta casos de avó babona depois de ajeitar os óculos redondos e fazer uma careta típica. Pela mulher perdidamente apaixonada pelo marido-companheiro-de-trabalho. Pela adolescente alucinada que lambeu a maçaneta da porta tocada pelos Beatles. Pela senhora que cai da sacada e se sacode. Pela ativista contra os maus tratos aos animais.

Rita Lee Jones talvez seja minha maior paixão musical. Um coquetel de paixão, com mel e limão, on the rocks. Mandei fazer óculos novos, mais fortes, e aguardo com a maior das ansiedades pelo dia 9 de maio. Vou sozinha.

E minhas mãos suam quando percebo a certeza de que vou chorar nesse show.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Opiniões Desnecessárias III(dessa vez, longe das Férias)

Alguém explica a montanha-russa emocional das semanas de provas?

Provas de Constitucional, Economia, Italiano, TPM, paciência...muitas vezes, tudo acontece na mesma semana, e o esgotamento é inevitável. Mesmo depois de estudar um dia inteiro, dá aquela sensação de que ficou faltando alguma coisa, e bem aquilo vai cair na prova. O remédio para a dor de cabeça (essa, também inevitável) acabou depois da última crise de estafa e o mundo gira em frente à bolsa vazia.

E acho que eu desenvolvo tendências à hiperatividade.

Ai, Senhor!

***

Sobre o que vem antes do pensar.

Domingo passado li no jornal uma nota curta, acompanhada de uma foto, com o título “Doutorada em Preconceito”. Falava da história de um travesti que ingressou no doutorado em Educação da UFCE. Notoriamente vocacionado para o ensino, sofreu preconceitos como o de perceber o diretor da escola em que estudava plantado diante da porta durante as aulas de reforço que ministrava aos colegas de classe, preocupado com sua “influência”.
Logo abaixo, uma indicação sobre o vídeo com as caras abismadas dos jurados do “Britain’s got Talent” diante melodiosa e nada atraente Susan Boyle, que já virou fenômeno. Típicos exemplos de “beleza interior”.

Preconceito é coisa que todo mundo tem, mesmo, não há como negar. Assim como não dá para negar que esse é um sentimento que só faz limitar.

***

Angústias Musicais

Se existe uma música que me arrepia a nuca quando ouço, ela se chama “Desapariciones”, da deliciosa banda Maná. As histórias de cada estrofe doem, porque fazem a gente pensar nas pessoas que se esfumaçam no ar, desaparecendo sem deixar rastros. Angústia sem comparação.

A dónde van los desaparecidos
busca en el agua y en los matorrales
y por qué es que se desaparecenpor qué no todos somos iguales
y cuándo vuelve el desaparecido
cada vez que lo trae el pensamiento
cómo se le habla al desaparecido
con la emoción apretando por dentro

***

PS: Maria, você assiste "Britain's got talent"?

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Navegando...

“Navegar é preciso”, já dizia o poeta. Hoje mais do que nunca tenho certeza disso. Estou navegando, solta, sozinha, sem eira nem beira. Às vezes sinto falto de me segurar em algum lugar.

Nunca estive tão longe de tudo e de todos. Sinto falta das cores, das conversas, das risadas, do sol! Por mais agradável que seja estar fora, acreditem não há lugar como o lar!

“Ah pátria minha, tão pobrinha” – como já dizia Vinícius de Moraes – mas tão minha! Que saudade deste país, que com todos os problemas, é o único que posso chamar de meu! Dos meus amigos, dos sorrisos fartos e compreensivos, das brincadeiras displicentes e despretensiosas, de não ter que justificar, de não ter justificativa, de entender com um simples olhar o que muitas palavras não podem explicar!

Por enquanto estou aqui, no velho mundo. Daqui a pouco estarei aí, no meu novo e seguro mundo! Perto de quem me ama e de quem amo!


terça-feira, 24 de março de 2009

Irene

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Antevejo Irene entrando no céu:
- Dá licença, meu branco?
E São Pedro, bonachão:
- Entre, Irene
aqui você não precisa pedir licença.

(Manoel Bandeira)

Só porque isso deve ter acontecido com a minha Irene hoje.

segunda-feira, 23 de março de 2009

20 Fatos sobre: Morar Sozinha

1) Quando você toma um tombo totalmente sem critério no meio da sala, pode agradecer aos céus porque ninguém assistiu.

2) Para curar a dor do tombo, vale um pulo à casa da vizinha por uma pomada emprestada.

3)
A louça não é auto-limpante.

4) A casa não é auto-limpante.

5) Todos os seus amigos que moram sozinhos também se arrastam de preguiça de limpar a casa.

6) Mas 3 e 4 indicam que você precisa limpar a casa, a menos que queira fazer uma reportagem sobre os insetos das grandes cidades. E, no dia que você acorda com coragem suficiente para fazer isso de maneira que até o corredor sinta o cheiro do seu desinfetante, você se sente A pessoa mais poderosa do planeta.

7) Dormir no sofá é uma realidade que pode fazer com que as costas doam.

8) Estudar de madrugada é uma delícia.

9)
Quando o seu chuveiro literalmente pega fogo, sair correndo e ligar para uma amiga, ainda com o cabelo cheio de espuma, pode ser divertido, mas não muito útil.

10) Quando você encontra um ninho de baratas dentro do escorredor de pratos após as férias, ligar para a mãe em pânico pode ser útil, mas não muito divertido.

11)
Para o chuveiro queimado, vale ir à casa da vizinha e tomar banho lá.

12) As contas de luz são uma piada.

13) Não há nada tão solitário quanto uma gripe.

14) Não há nada tão legal quanto receber uma visita de alguém que fale muito. (Essa é tua, Aline!)

15) Ganhar jantares, almoços, pipocas com queijinho da rua e outros gêneros gastronômicos é promovido à categoria de romantismo de primeira linha.

16) A florzinha mais resistente pode ser morta pela sua capacidade de aguá-la pouco... ou muito.

17) As pessoas que moram sozinhas adquirem manias estranhas, como se preocupar em demasia com a toalha esticada do banheiro enquanto toda a casa está em petição de miséria.

18) Jamais ter ido à boate que fica em frente à sua casa só pela raiva que ela te faz passar nas noites de insônia.

19) Sua avó sempre vai achar que você come mal. E, nos finais de mês, ela quase sempre está certa.

20) Você se torna mais intolerante com o mundo. Principalmente se esse mundo jogou alguma coisa fora quando o lixo estava sem sacolinha.

domingo, 15 de março de 2009

Dia frio...

Domingo é sempre um dia diferente. Alguns se reúnem para o famigerado “almoço em família”. Outros vão à praia ou a piscina com os amigos, e por lá ficam jogando conversa fora e admirando mais um dia que vai.

Esse é meu primeiro domingo na Inglaterra. Não tem almoço de família, nem papo furado em uma bonita tarde de verão. Estou sozinha, andando por ai sem saber muito aonde ir. O dia é cinza, a temperatura é muito baixa. Não tem aquela confusão típica e costumeira! Tudo muito silencioso.

Essas são as horas que sinto falta do Brasil. De repente tudo fica tão quieto... Sinto falta do falatório dos meus pais, do telefone tocando sem parar, do entra e sai de gente...

Como tudo na vida esses domingos passarão. Em pouco tempo estarei no meu domingo do Brasil. Com a bagunça e tudo mais que tenho direito.

Hábitos Documentados

Estava eu assistindo ao meu vício dos inícios de ano –Big Brother, quando Pedro Bial fez a pergunta que me calou: do que vocês sentem mais falta (não valendo falar em família e amigos)?

Limitados que só (talvez seja essa a graça do reality show: curar o nosso complexo de inferioridade, mostrando gente-mais-tosca-que-a-gente), eles responderam coisas bem repetidas, tipo Internet. E, como eu adoro essas coisas, já estava me imaginando no lugar deles para responder a pergunta.

As pequenas liberdades da vida são as que mais fazem falta. A liberdade de ir à padaria na hora em que se bem entende, e escolher um pão mais moreno; de olhar vitrines, ainda que sem comprar nada; de escolher a hora de dormir, acordar e tomar banho; de ir ao cinema sozinha, para ver o filme que ninguém mais quer assistir; para falar ao telefone, ouvir música na maior altura ou pegar um ônibus atrasadíssima só porque encontrei um conhecido na rua.

Permanentemente observados, os brothers perdem a oportunidade de viver em off, que é onde as melhores coisas acontecem. A menos que se seja alguém bastante exibicionista ou cafona, não se é pedido em casamento em rede nacional. E aí mora o outro ponto que mais prende os espectadores do programa: a coragem de pagar um preço tão alto por dinheiro...ou só por promoção, mesmo.

Junto a tudo isso, lembrei de um texto da Martha Medeiros (“Capturados”), que falava sobre a necessidade de documentar tudo que ela observava ao redor: "Me pergunto: se você não documentar suas experiências e emoções, elas deixam de existir? Você deixa de existir? Não deveria, mas dá a impressão que sim."

Os Big Brothers vivem o oposto disso: na sua superexposição, o que ganha mais valor é aquilo que não pode ser documentado.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Encontros e Despedidas

Despedidas são sempre despedidas. Algumas tristes, e outras repletas de satisfação, ansiedade ou certa alegria contida ligada ao medo.

Hoje tive uma despedida, a minha na verdade, repleta de expectativas e um marco do meu grande passo. Amigos de longo tempo, outros de pouco, mas em tal intensidade que já se tornaram especiais.

Nessa confraternização, porém, tive rompimentos profundos e claros com algumas pessoas, pessoas essas que nem me interessa como estão ou deixam de estar.
Mas, em contraponto, o meu "estar" os incomoda bastante. Infelizmente alguns foram tirados do meu convívio por fatos, talvez, bobos, mas a vida os encarregou de levá-los.

Tomara que ao voltar às coisas estejam melhores e mais bonitas com todos até os que mau me desejam. Não me interesso, e não perco meu tempo, rogando-lhes o mesmo que rogam por mim.

A verdade nisso tudo é que mesmo na despedida temos encontros, e vice-versa. Que sejamos felizes com todas essas peripécias...
P.S.: O hoje que me refiro texto já aconteceu há 2 semanas!

terça-feira, 3 de março de 2009

Imperfeito

Porque amores imporfeitos são as flores da estação.

Esses dias, eu estava assistindo a um desses programas de variedades da TV. O quadro era sobre relacionamentos, e um casal falava sobre as coisas que mais irritavam no parceiro. Confesso que morri de rir, porque falaria as mesmas coisas que a moça da TV, além de saber que as respostas do Gustavo seriam as mesmas do cara. E ri mais ainda, porque, mesmo sabendo disso, a gente não muda, nem vai mudar.

Coisas bobas: detesto como ela demora para arrumar o cabelo, me irrito quando ele passa mal e não procura um médico, e por aí vai. Mas, quer saber? Morreria de tédio num relacionamento no qual o outro lado sempre fizesse o que eu quero. As coisas se tornariam tão previsíveis que uma hora eu largaria mão de tudo aquilo e partiria em busca de alguma coisa mais eletrizante.

Por mais que bufemos de raiva, não adianta: não serviria outra pessoa. Por trás de tanta pentelhice, mora aquele jeito único de agradar, a companhia divertida, o gosto por alguma-coisa-que-ninguém-mais-no-mundo-gostava, uma flor sem motivo e uma gargalhada gostosa.

É a teimosia que faz rir, é a birra que faz pensar, é a implicância boba que diverte, é a chatice alheia que faz com que analisemos a nossa própria. Dentro de limites saudáveis, lógico; porque ninguém agüentaria passar o tempo todo sendo perturbado pelo parceiro.

Porque ninguém é perfeito, muito menos a gente.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Santa Chuva

Santa Chuva
Marcelo camelo
Vai chover de novo
Deu na tv
Que o povo já se cansou
De tanto o céu desabar
E pede a um santo daqui
Que reza ajuda de
Deus
Mas nada pode fazer
Se a chuva quer é trazer você para mim

Vem cá, que tá me dando uma vontade de chorar
Não faz assim
Não
vá para lá
Meu coração vai se entregar
A tempestade

Quem é você
pra me chamar aqui
Se nada aconteceu?
Me diz?
Foi só amor?
Ou
medo de ficar sozinho outra vez?
Cadê aquela outra mulher?
Você me
parecia tão bem...

A chuva já passou por aqui
Eu mesma que cuidei de
secar

Quem foi que te ensinou a rezar?
Que santo vai brigar por
você?
Que povo aprova o que você fez?
Devolve aquela minha Tv
Que eu
vou de vez

Não há porque chorar
Por um amor que já morreu
Deixa
prá lá
Eu vou, adeus
Meu coração já se cansou de falsidade...

Meu trabalho é me traduzir...



Há algum tempo tenho vivido situações repetidas. Um verdadeiro disco arranhado e que para variar, eu sei bem o final. Hoje – na verdade ontem – escutei mais uma das incansáveis músicas desse repertório batido. E lá vem todo o drama.

Sabe-se lá o que fazer nessas tais melodias, mas garanto que estou aprendendo como não agir. Às vezes, o rumo do mundo me assusta. Pergunto-me onde tudo isso vai parar.

De repente surge uma solução/tentativa de melhorar ou pensar... Escuto o mestre Caetano... Lembro que “não me amarra dinheiro não, mas os mistérios”. Logo depois eu penso que o motivo da minha tristeza “é um estandarte da agonia”, e talvez não mereça a minha aflição.

Tento passar ao coração um pouco de tranqüilidade, mas não obtenho resultados. Olho a Lagoa e imagino como seria bom navegar em mares calmos, sem sobressaltos, sem toda essa confusão, deixando para trás qualquer tipo de turbilhão. Se tivesse que definir a minha vida seria parecido com o mar no dia de ressaca, bravo, forte, sem anunciar nada somente o risco. Depois, só resta o rastro do estrago. Será que passa?

O meu cd, que está longe de acabar, entoa “Trilhos Urbanos”, imagino que realmente “o melhor o tempo esconde, longe muito longe”. Talvez “aquela curva aberta, aquela coisa certa, não dá para entender”. E que para variar o meu trabalho – diferente da música – é me traduzir.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Será a pré viagem?


Depois de muito tempo sem dar as caras por aqui, sinal de vida – ou ao menos de fumaça – retorno em pleno domingo de carnaval – estranho, mas real. Talvez não seja mais a mesma, vai saber?

O ano começou agitado, desde os planos – que agora se tornaram reais- as maluquices,as boas – e más – surpresas que a vida nos guarda a cada esquina.

Daqui a exatamente 1 semana e 6 dias, estarei distante de boa parte das minhas referências, e principalmente do lugar que aprendi a chamar de “minha terra, meu país”.
Hoje – esse bonito domingo ensolarado, vale lembrar – os sentimentos a respeito desse “pequeno passo para o mundo, mas grande passo para mim” são diversos. Medo, expectativa e ansiedade, são os que percebo com mais clareza – por questões obvias, acredito eu.

Essa com certeza é a mudança mais emblemática! Estarei eu pronta para entender, que como diz Gil, “quem sabe de mim sou eu”? Espero que sim! E, a minha mala – que por um motivo para lá de misterioso – ainda não consegui arrumar. Toda vez que coloco uma mera blusinha, já sinto um nó na garganta, resolvo abortar a tarefa, contrariando o meu lema “missão dada, missão cumprida”.

O fato é que não tem mais jeito! Isso já é fato consumado! Sem possibilidades de retorno – até porque cá pra nós estou animadíssima em “correr mundo,correr perigo”.
O que realmente sei é que até essas miudezas, serão resolvidas até o dia do embarque.
As coisas se ajeitam sempre se ajeitam.

“Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço
A Bahia já me deu régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu - aquele abraço!
Pra você que me esqueceu - aquele abraço!
Alô, Rio de Janeiro - aquele abraço!
Todo o povo brasileiro - aquele abraço!”
Gilberto Gil

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Opiniões Desnecessárias de Férias II

Sobre como o ócio (nada) criativo pode render parágrafos inúteis


Eu não tenho o hábito de ver televisão, porque não gosto, mesmo. Aí me peguei vendo novela nessas férias e me lembrei da 7ª série. Caramba, "O Clone II-Um Pouco Mais para Leste"! E lá vem toda aquela coisa de novo: todo mundo sem-pre-a-mou música indiana, saris e tudo o mais.


Fui comprar uma bijouteria e a atendente da loja estava com aquele brinco da Juliana Paes que se dependura na orelha inteira. Ah, socorro!

***

O próximo que vier falar mal de Big Brother comigo, eu acuso de assistir todos os dias. Principalmente, porque eu tenho assistido. Poxa vida, o negócio é a cara das férias: inútil, cheio de gente que só fala batatada, fútil...e com umas festinhas para arrematar. E eu falo sobre o programa com as pessoas mais inacreditáveis!

Para fechar a torneira de asneiras: cara, a Francine É a Margarida do Pato Donald!


***

Falando sério agora: tem gente que sofre tanto em vida, que a gente sente um alívio bem fundo quando elas se vão. Aconteceu isso com a minha bisavó (não a que eu disse em outro post, mas outra), que partiu há umas duas semanas.


Para dizer a verdade, ela já tinha partido faz tempo, e só tinha restado por aqui um monte de dor e angústia. Ficou a vontade de tê-la conhecido melhor, e não ter como lembrança só os chochets que ela fez quando eu tinha uns cinco anos (acreditem, ela estava preocupada com o meu enxoval de casamento).


Mas não escrevi para expor meu luto; mesmo porque, segundo o que eu acredito, eu devo ficar é feliz neste momento. Mas porque uma das coisas que eu mais gosto na vida são as surpresas boas. Quando elas vêm em momentos ruins, melhor ainda, porque dá para tirar uma lição bacana e apagar toda aquela tristeza. Pois bem, um domingo triste conseguiu ser um domingo de sol, que eu nunca mais subestimo.


***

DA ALMA (Mário Quintana)
"A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe."

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Hiato Produtivo

Todo mundo precisa de um período de descanso, e eu não falo de férias escolares. São férias da gente, de velhos hábitos corrosivos, de manias que não levam a nada, de sentimentos que mandam embora o nosso bem-estar. Um tempo de reinvenção.

Tempo de chorar na frente do espelho, rever comportamentos danosos, pensar, pensar, pensar. Achar tudo muito esquisito, surpreendente, inusitado. E pensar mais um pouco. Notar uns vícios do passado e expurgá-los, mesmo que isso doa. E, depois de tudo feito, recomeçar, para que se possa cometer uns erros diferentes.

Essa semana eu tive a oportunidade de ver uma pessoa nova, saindo da casca. Preocupando-se menos, dando uma chance a si mesma e se danando para o resto do mundo. Nada de stress pós-traumático: o grande lance é aproveitar o baque para dar um impulso. Assim que eu gosto.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Opiniões Desnecessárias de Férias

Tô achando esse acordo ortográfico uma coisa de louco. Eu amo acentuação e vou custar para acostumar: cabe dizer que já arrumei um guia que vai me acompanhar por um bom tempo. Putz, a acentuação é uma coisa quase lúdica: o acento agudo de “feiura” era a verruga no nariz da mulher feia, a trema de “tranquilo” eram dois comprimidinhos de Prozac...piadinha sem graça, mas é a mais pura verdade.
***
O tema é batido, a tradução que eu li era péssima (mania feia de fazer download de livros...), mas o livro é incrível: “O Menino do Pijama Listrado”, do John Boyne. Não vi o filme (ainda), mas se tiver um terço da inocência do livro, já vale a pena. É bonito, fiel e ainda tem aquele olhar que só uma criança poderia ter sobre a situação. Eu só não precisava ter chorado feito uma boba durante boa parte do livro.
***
Da série “Vícios Incofessáveis”: eu leio revistas femininas. Mas, como tenho senso crítico, quando li a lista divulgada pela NOVA (“100 Jeitos de Fazer uma Mulher Feliz”), logo vi que dali eu tiraria uma boa crise de riso. Vale a pena ler todas as dicas, divertidíssimo! Foi só mandar o link para o Gustavo e logo começaram a surgir as pérolas:

Elogie algo que ela fizer na cozinha.”
Comentário: “Tipo o quê? Quebrar um copo?

Vá com ela a uma reserva ambiental para praticar um esporte junto à natureza.
Comentário: “É essa! Várias coisas que você adora, meu amor: esporte, natureza...
***
Tá na moda falar no Obama. Americano tem todo aquele protocolo de fotografar o cara até se dirigindo ao banheiro. Mas o porta-voz do Obamis precisava dizer que ele se perdeu na casa nova? Zoou o cara sem piedade. Se eu fosse ele, trocava por um porta-voz menos dedo-duro.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A Xícara de Louça

Vi esse vídeo um dia desses e me senti dentro dele. O meu objeto preferido, por incrível que pareça, é uma xícara de louça, com o pires, dessas que deviam ser moda lá pelos anos 50. Bibelô de estante. Melhor, ela foi toscamente remendada na asa com cera. Mas sim, é ela a minha preferida.

A tal xicrinha não foi minha a vida inteira. Ela ficava na casa da minha bisavó, de piso de madeira, cozinha de vermelhão e cheiro de sonhos frescos. Eu ia lá todo domingo com os meus avós para visitá-la.

Ela era maior do que aquela casa e que as coisas que viveu. Dessas pessoas que correm mundo sem sair do sofá: entendia de História, Geografia, Astronomia... Com ela, eu aprendi o valor de um livro, assim como o de uma oração feita com verdade.

Há oito anos, eu me vi em frente a uma caixa de coisas dela. E tasquei o que podia para mim (que não tinha muito crédito, por ter treze anos): a tal xícara remendada da estante, colada por ela mesma, com a catarata atrapalhando o conserto.

Delicadeza, carinho, zelo...e um cheiro de sonhos frescos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Doente do Pé

Li ontem numa reportagem a derrubada de um mito da capital fluminense: não, nem todo carioca sabe sambar. E ri sozinha, pensando nos meus desastres pregressos e em como eu já tinha constatado que o brasileiro pode nascer sem esse talento que eu invejo tanto.
Mesmo adorando os mais variados ritmos e tendo estudado dança por alguns anos, nunca levei jeito para o samba. Nem sei quantas pessoas tentaram me ensinar os passinhos básicos, mas era tanta vergonha que eu passava que acabei me conformando. A pior delas foi quando eu vi uma dinamarquesa (sim, uma dinamarquesa!) que sambava feito uma passista e era professora do rebolado no seu país. Foi demais para mim: desisti de aprender e me recolhi à minha insignificância.
E, na semana passada, fui parar em mais um samba. E já antecipei mentalmente a desgraça que vinha, marcando passo, me envergonhar. Mas tive uma grata surpresa: encontrei vários iguais, e nos acabamos mexendo os ombros. Divertidíssimo! Se os pés são doentes, a cabeça é boa.
A minha resignada conclusão é que a ginga tem algo de congênito: ou você tem, ou não vai ter jeito - você vai se lamentar pelo resto da vida. Não há professor que resolva, porque aquela cadência marcada mora do lado de dentro...

Criança tem um jeito particular de ver as coisas. Tudo é enorme, dantesco, exagerado, dramático, derradeiro e definitivo (Certo, a adolescência também costuma ser assim, mas a inocência da infância confere um toque especial).
Eu me lembro de como a minha própria casa me parecia alguma coisa como uma mansão cheia de lugares inexploráveis. Ou como toda lágrima parecia durar para sempre. Ou ainda como as pequenas (ou nem tão pequenas) brigas com a Maria pareciam irreconciliáveis: poxa, ela não consegue entender que a minha Barbie é a mais bonita, não tem como conviver. Ah, a casa dela também era gigantesca.
Nós duas sempre fomos muito diferentes, e até quem não nos conhece e lê os nossos textos pode perdeber isso. Ela sempre foi mais pé no chão, quase pessimista; e eu meio piegas, chorona, sentimental demais.
Hoje, já não acho nem a minha casa nem a dela tão grandes assim; sei que as lágrimas, quando vêm, secam. A minha Barbie pode continuar a ser a mais bonita, mas eu aprendi a ver nossas diferenças como alguma coisa que acrescenta, e muito. Naquela época, nós costumávamos planejar com absoluta certeza um futuro que aconteceu todo diferente.
E, dançando horrores num baile de formatura, eu descubro o quão grande foi a nossa sorte em errar tais previsões.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Dos Medos mais Absurdos

O meu avô é dentista, eu sei. Eu uso aparelho ortodôntico desde a pré-história, eu também sei. Mas descobri um dia desses que...tinha medo de dentista.

A genética me conferiu o karma de ter uma boca cheia de dentes enormes, que mal cabem em mim. E aí, com uns quinze anos, eu escutei que precisaria tirar os quatro sisos, assim que possível.

O primeiro foi aos quinze mesmo, o segundo aos dezesseis. Era tudo tão complexo na minha boca que eles precisavam ir embora um por vez. E eu ficava inchadíssima, sem poder comer direito, sentindo dores, sofrendo. E, ainda por cima, ficava tonta quando ia tirar os pontos. Pode falar que sou uma molenga: eu concordo.

Só agora, no ano passado, precisei tirar o terceiro. Quando fui tirar a radiografia já sentia o pânico se instalando. Ai, Senhor. Uma semana antes do Natal e eu ia ficar uma monstra. E se desse alguma zebra e eu passasse o Natal de cara quadrada? E se não pudesse comer a ceia, tomar sol, ir à praia? Eu me lembrava das experiências anteriores e tremia na base.

No dia fatídico, meu telefone tocou enquanto eu andava na rua. Cirurgia adiantada. Ai, Senhor. Senti uma taquicardia leve, mas dei aquela disfarçada com uma risada e uma piadinha apropriada...coisas da vida em sociedade: se os outros acham que você não está se borrando, você se sente um pouco mais corajosa. E chovia, só para aumentar a tensão no ar. Ai, Senhor.

Quando cheguei no consultório, abri uma revista instantaneamente: afinal, ler me acalma, mesmo se todas as pessoas da revista estiverem com enormes sorrisos...cheios de dentes. Eu ia ter um dente a menos dentro de algum tempo. Ai, Senhor, livrai-me de todo o Mal. Mas nem tive tempo de divagar muito: em menos de um minuto a minha dentista (sorridente) irrompeu à porta e já mandou, sem dó: tá tranqüila?

Poucas pessoas no mundo falam mais que eu, e a minha dentista é uma delas. Ela veio falando que tudo ia ser muito rápido, que o dente estava numa posição fácil de sair...e eu pensando que ela podia falar sobre a novela naquela hora (tudo bem que eu não assisto novela, mas ia distrair).

Aí aconteceu o mais engraçado. A cirurgia apavorante durou menos de quinze minutos. O dente quase pulou da minha boca sozinho (será que eu estava com medo dele ou era ele que estava com medo de mim?). Minha dentista propôs tirar o quarto (e último) siso na hora. Ai, Senhor. Neguei sem pestanejar... já corria adrenalina demais nas minhas veias, eu estava suando, e, quando olhei para baixo, minhas pernas estavam num ângulo que só alguém que quer se proteger consegue fazer.

Pós-operatório? Maior tranqüilidade, sem inchaços ou dores. Tirei os pontos triunfante. E volto agora, em janeiro mesmo, para acabar com esse probleminha. Melhor resolver isso logo antes que me arrumem mais alguma coisa para fazer. Ai, Senhor.
***
PS:Agradecimentos à minha dentista, que morre de rir de mim.
PS 2: Um Feliz 2009 a todos!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

2009

Chegamos a 2009! Primeiro post do ano – que na verdade é um recado. Junto com texto vem a esperança rotineira de qualquer novidade. Assunto é o que não falta. Desde a minha nova idade até a Faixa de Gaza – ok me dei uma importância absurda, mas, paciência!

Sobre os novos dígitos não tenho muito a dizer. 21 soa – talvez – mas responsável que 20, como 22, e por ai vai. Estou tensa, já passei de duas décadas. Sinal dos tempos.

Da Faixa de Gaza, muito a chutar pouca coisa real – para mim. Sinceramente, acho que essa questão é muito delicada, tensão absurda. Não consegui formar opinião ou pensar de forma organizada a esse respeito. Cada hora é uma coisa diferente – apesar da questão ser mais velha que a minha avó.

A única “certeza” dentro dessa maluquice toda é que intolerância não está com nada. Matar civis não resolve o problema. O governo do Hamas é o bode expiatório da vez, daqui a pouco encontram outro, e assim seguimos o fluxo.

Acho que é só isso.
Desejo um bom ano para todos,

Maria