segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Criança tem um jeito particular de ver as coisas. Tudo é enorme, dantesco, exagerado, dramático, derradeiro e definitivo (Certo, a adolescência também costuma ser assim, mas a inocência da infância confere um toque especial).
Eu me lembro de como a minha própria casa me parecia alguma coisa como uma mansão cheia de lugares inexploráveis. Ou como toda lágrima parecia durar para sempre. Ou ainda como as pequenas (ou nem tão pequenas) brigas com a Maria pareciam irreconciliáveis: poxa, ela não consegue entender que a minha Barbie é a mais bonita, não tem como conviver. Ah, a casa dela também era gigantesca.
Nós duas sempre fomos muito diferentes, e até quem não nos conhece e lê os nossos textos pode perdeber isso. Ela sempre foi mais pé no chão, quase pessimista; e eu meio piegas, chorona, sentimental demais.
Hoje, já não acho nem a minha casa nem a dela tão grandes assim; sei que as lágrimas, quando vêm, secam. A minha Barbie pode continuar a ser a mais bonita, mas eu aprendi a ver nossas diferenças como alguma coisa que acrescenta, e muito. Naquela época, nós costumávamos planejar com absoluta certeza um futuro que aconteceu todo diferente.
E, dançando horrores num baile de formatura, eu descubro o quão grande foi a nossa sorte em errar tais previsões.

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