quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Turismo Mandibular?

Se tem uma coisa que eu curto nessa vida, essa coisa é falar. Comecei cedo nesse esporte, e talvez movimentar a duplinha mandíbula-maxila tenha sido o mais próximo de um esporte propriamente dito que eu jamais cheguei (se eu matava a aula de Educação Física para...falar, é por que o meu esporte era esse, né?).

Ontem de manhã, vi o meu talento um pouquinho limitado. Ah, mas é só uma dorzinha, vai passar. Passa nada, sua boba, em fim de ano nada passa naturalmente. E aí, entre uma audiência e outra no forum, eu cheguei à conclusão que estava ficando travada – e não era nenhuma figura de linguagem.

Como se dá um telefonema com o maxilar imóvel? Eu acho que só sei falar com o maxilar imóvel se for para passar cola em prova, mas tentemos.

- Amor, pecixo de axuda. Me paxa o telefome da sua dentixa?
- Oi?
- Meu maxilar tavou!
- Oi?
- Dentixxa, telefomeee!
- Ah, sim, anota aí.

No meio da rua, eu já estava quase chorando. Na porta do consultório da dentista, eu estava, efetivamente, chorando. E ela ficou tão assustada quando me viu que eu quase pensei que ia ter de desenhar o que estava acontecendo.

Trismo mandibular. Seria bacana ter uma firula nova se ela não tivesse 58 causas prováveis, sendo todas elas imensamente plausíveis no meu caso. Então toma um antibiótico, um antiinflamatório, umas compressas frias e bastante paciência.

É porque eu sempre brinco que “todo fim de período acontece alguma coisa comigo, mas nesse ainda não aconteceu nada”.

Aí acontece no dia seguinte. Eu acho fino chamar o azar para a berlinda.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Procuração em causa própria

Acordei um dia qualquer e me dei conta que não faço mais nada para mim e por mim, exclusivamente. Tudo tem propósitos elevados, projetados num futuro que eu não sei quando chega. Depois que passar você vai ver como vai ser bom.


Então eu sigo me alimentando mal, porque um dia eu vou comer salada todos os dias, com azeite temperado. Sigo parada, porque um dia vai dar tempo de voltar a dançar (e, milagrosamente, eu não vou ter perdido o meu alongamento). Sigo dormindo pouco, porque um dia vou trabalhar só alguns dias na semana e não vou mais precisar dos cochilos de 20 minutos. Sigo sem desenhar, porque uma pilha de textos por ler me espera. Sigo com saudades porque um dia todo mundo vai estar reunido, nós vamos marcar.


Sigo vivendo por procuração, outorgada a uma versão pálida de mim.


Sigo acreditando que, quando chegar esse dia, eu não vou inventar outras metas.

Do Valor do Silêncio

Existe um processualista italiano, Piero Calamandrei, que, ao contar sobre sua experiência na advocacia, diz que pode perceber no juiz a melhor das manifestações de empatia - um sorriso - em uma sustentação oral. E assim ele teve certeza de que iria ganhar a causa. O que ele dizia? "Renuncio à palavra".

Talvez isso valha para quase todas as manifestações orais da vida. Se o adolescente rebelde não teimasse em retrucar aquilo que sua mãe diz, talvez fosse mais respeitado (e ouvido) por ela. E se os grevistas se acorrentassem ao banco e aos postes do centro da cidade em silêncio sepulcral, eu me compadeceria mais de sua causa, porque tanto silêncio sempre fala alguma coisa.


Principalmente quando se abdica dessas rimas fracas.

sábado, 30 de julho de 2011

Amores

Existem amores que são simplesmente insolúveis. Sim , falo daqueles amores que em algum momento chegaram a doer no peito, e que até hoje trazem consigo um gosto amargo na boca.

Aqueles que de tão românticos e apaixonados chegam a doer. Eles têm música, historia, meio e fim, nunca o começo, pois são complexos demais para começar. Talvez nunca tiveram disposição o suficiente para sair do imaginário e se tornarem de fato reais.

Acredito que o amor só pode ser romântico se platônico. Portanto devo admitir que tenho um desses, por infelizmente para mim, um cara que nem entende a complexidade de toda essa lógica, mas que mexeu com meus sentimentos como poucos – ou nenhum , para ser de fato honesta.

Marcante, sem duvida nenhuma, é como devo descrevê-lo. Vários outros adjetivos também o servem para caracterizá-lo, mas não o farei. Talvez, por uma vontade mesquinha, mandona e mimada de não dar a ele tal importância. Provavelmente quero fazê-lo menor e menos importante do que é, ou para não admitir a mim mesma a possível derrota, pois não o concretizei, mas tentei. Sem dúvida tentei.

Até hoje ao escutar a tal música me abalo completamente, e todo carrossel de emoções retorna ao meu peito. Poderia tenta explicar por Freud tal reação, mas acho que não é necessário, talvez até goste da nostalgia que isso me causa. O porquê, eu sei, mas é tão irracional que não carece explicação. Devo somente senti-lo e quem sabe no futuro aprender a olhar somente como uma marca.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

?

Pode ser alguma espécie de maluquice, mas a associação escrita e misérias pessoais dança na minha mente. Absolutamente em paz, com a cuca fresca (em parte por ter abandonado o visual-cabelão) e rindo de qualquer bobeira, não consigo escrever.

Não que eu queira problemas, mas ando louca por um bocadinho de inspiração.

sábado, 14 de novembro de 2009

Dane-se

Claro que é piegas, mas têm umas coisas que fazem com que a gente releve todas as outras. Dessas que fazem com que a gente mergulhe de cabeça no clichê para rir de tudo.
Um depoimento, um sorriso e uma cigarra (sim, uma cigarra) fizeram com que eu desse de ombros para uma semana de desespero absoluto.
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais, pilhas de roupas sujas, ônibus tomados em vão, computadores inúteis que não salvam coisas, chuva, chuva, chuva, um extrato bancário nem sempre agradável, estágio sem internet, remédios para dor, estantes de livros por arrumar, meia hora de choro e ranger de dentes antes da meia noite, rotinas médicas, a casa esperando por limpeza, o armário da cozinha esvaziando, sombrinha quebrada, haste dos óculos quebrada, unhas quebradas...
Ah, dane-se! A Vanessa da Matta está cantando no som.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cibernéticos Anônimos

Que o ser humano é um bicho bobo e dependente, todo mundo sabe. Eu me lembro perfeitamente de quando aqueles bichinhos virtuais estavam na moda e foram proibidos no colégio. Meus pais tomavam conta do meu durante as aulas...isso foi super útil enquanto meu pai não se viciou em alimentar e ligar o ar condicionado do pobre.
O famigerado orkut e o apelo da vida alheia, fazendinhas no Facebook (conheço umas pessoas que varam madrugadas trocando vacas rosas e o escambau), o alarme de mensagem de texto que faz muita gente pular: a grande verdade é que a segunda vida que criamos na esfera virtual reflete a nossa "criança interior", ou algo do gênero. Afinal, isso tudo era para ser uma brincadeira.
Eu só não esperava me sentir como uma mãe desnaturada por escrever pouco...muito menos como uma viúva, diante do orkuticídio do meu namorado!