domingo, 31 de agosto de 2008

Água e Sal

Há tempos tenho tentado alinhavar um texto sobre o choro, ação que humaniza e revela tanto sobre a nossa natureza sentimental. Tudo que eu escrevo soa excessivamente confessional, quase piegas.


Tem gente que acha que choro é uma breguice. Julgam-no manifestação de uma fraqueza vergonhosa, que deveria permanecer escondida em algum nó da garganta. Discordo com veemência dessa gente que se engasga, mas não grita.


Quem contém o choro guarda dentro de si a mágoa, a tristeza, a angústia, o cansaço, e isso são só os sentimentos negativos; quem não chora perde a chance de externar com decência o orgulho, a sensação de dever cumprido, a alegria pura e simples. Quem segura tanta coisa deixa de crescer com essas emoções, e um dia a vida cobra de volta tanta oportunidade jogada fora.


Eu não sou emo, mas choro mesmo. Em particular ou em público, despacho minhas lágrimas de acordo com a minha necessidade. Já chorei mais do que choro hoje, ainda que eu tenha no presente mais problemas do que tive anteriormente. Mas ainda me permito ficar com os olhos rasos d’água, e sou grata à minha visão sensível de mundo: ela pode não enxergar tudo, mas tem horizontes extensos.


Porque tem que ser muito gente para chorar.


***

Vem, soleníssima,

Soleníssima e cheia

De uma oculta vontade de soluçar,

Talvez porque a alma é grande e vida pequena,

E todos os gestos não saem do nosso corpo

E só alcançamos onde o nosso braço chega,

E só vemos onde chega nosso olhar.

(Álvaro de Campos- heterônimo de Fernando Pessoa)


***

Peço desculpas pelo estado de semi-abandono que eu tenho deixado o blog. A vida de estudante desperiodizada, dona-de-casa, filha saudosa da casa e namorada (sim,namorada!) não tem me deixado muito tempo para escrever. Mas acertarei meus ponteiros com a escrita...

:)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Nada a declarar

Como vocês podem perceber estou passando por um momento de criatividade zero. Faz tempo que não publico nada. Sim, comecei a escrever um milhão de textos, mas não consegui terminar nenhum... É minha gente a coisa está feia! O pior é que não sei quando essa maré vai passar!

Pensei em escrever sobre sinais, mas não rolou. Digitei umas coisas sobre o Sartre, não consegui sair do primeiro parágrafo. Escutei umas músicas antigas para vê se fluía e nada feito. Tentei transcrever os meus textos que estão no bloquinho e... Preguiça... Não estou a fim de escrever nada daquilo... Ou seja, marasmo total!!!!

Vou ver se até amanhã ou depois acontece alguma coisa empolgante para falar a respeito. Já vou dizer de antemão, estou achando difícil quase missão impossível. Vou parar de me lamentar e tentar pensar em alguma coisa... Bom por hoje é nada... Beijos

domingo, 24 de agosto de 2008

Who do you want to be?

Descobri nesse fim de semana um site super divertido (indicação gloriosa do Afonso!), o Face in Hole. Dessas coisas inúteis e engraçadíssimas: você literalmente escolhe quem quer ser e ajusta sua amável carinha no buraco de fotos de personalidades da música, cinema, política e etc.
Eu já me tornei Margareth Thatcher, Audrey Hepburn, Bonnie (de Bonnie & Clyde), Mrs. Smith... gastei minha tarde de sábado nessa brincadeira.
E fica a pergunta filosófica do site: who do you want to be today?
Boa semana a todos! :)

sábado, 23 de agosto de 2008

Alegria!!

Alegria
Arnaldo Antunes
Composição: Arnaldo Antunes
Eu vou te dar alegria
Eu vou parar de chorar
Eu vou raiar o novo dia
Eu vou sair do fundo do mar
Eu vou sair da beira do abismo
E dançar e dançar e dançar
A tristeza é uma forma de egoísmo
Eu vou te dar
eu vou te dar eu vou
Hoje tem goiabada
Hoje tem marmelada
Hoje tem palhaçada
O circo chegou
Hoje tem batucada
Hoje tem gargalhada
Riso e risada
Do meu amor

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O Mundo é dos que Enxergam

O trocadilho besta do título é fruto do meu péssimo humor. Perdi o ônibus porque estava sem óculos. Cumprimentei um desconhecido alegremente porque estava sem óculos. Tudo isso hoje.

Eu descobri que era míope ainda bem criança, com uns 5 ou 6 anos. Leitora voraz e viciada desde que aprendi a ler (o jeito que eu aprendi cabe em outro post), eu revelei meus erros genéticos muito cedo de tanto forçar a vista lendo gibis no escuro e coisas do gênero. O que eu não sabia é que aqueles óculos, que causavam inveja nos coleguinhas de C.A., seriam bem mais que mero charminho pelo resto da vida.

Como meu grau é relativamente baixo, eu pensava que podia dispensar os óculos e viver feliz para sempre. Cometi esse erro umas três vezes, e o resultado foi uma dor de cabeça literal e um aumento no grau. Resisto bravamente às lentes de contato (pavor de colocar o dedo no olho, pode rir de mim!). Nisso eu descobri que era bem mais dependente deste utensílio nada sexy que se encontra dependurado no meu nariz neste momento.

Mas, pessoa estabanada que sou, vivo me esquecendo deles. A vaidade não me permite cair na night de óculos, causando uma série de incidentes dignos de relato numa stand up comedy (numa distância de 50 metros, sou capaz de chamar urubu de “meu loiro”). Fora aquela cara super interessante que todo míope faz, franzindo a testa e as sobrancelhas para tentar ver alguma coisa. Toda vez que alguém me pede uma opinião na balada, eu já tenho a resposta pronta: Não sei, to sem óculos.

Dia desses, conversando sobre isso, Maria quase me matou de rir. Ela falava que alguém tinha dito que eu era uma pessoa altamente blasé, e ela respondeu na mesma hora que eu não era nada blasé, eu era míope mesmo.

Ah, eu escuto muitíssimo bem. Meu organismo precisava me compensar de alguma forma,certo?
***

Se eu tô alegre/ Eu ponho os óculos e vejo tudo bem
Mas se eu to triste eu tiro os óculos/Eu não vejo ninguém

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Haja sacrifício...

Sou a típica mulherzinha que testa todas as novas invenções. Obviamente faço isso a meu modo, umas coisas eu demoro mais, outras menos. Raramente declaro essa minha vertente meio excessiva – sabe aquela coisa não posso confessar o crime – mas quem me conhece acaba percebendo.

Enfim, hoje foi o dia de experimentar o tal banchá – um chá verde piorado. Comecei super animada afinal de contas o tal chá faz bem de caspa a unha encravada, não podia ficar fora dessa. Promete melhorar o metabolismo, a pele, reduz colesterol, traz o homem amado em sete dias, ou seja, revolução total. Preparei-me psicologicamente para fazer o uso do líquido milagroso.

O cheiro era agradável, o que me tranqüilizou, a cor era esquisita, mas qual o problema, eu tomo guaraná – um líquido caramelo. Botei a água para ferver e fiquei imaginando que tinha feito o melhor investimento da vida – desconfiada, mas beleza. Li a caixinha para fazer direito, mas achei estranho, afinal só duas colheres para 1 litro de água. Resolvi colocar a medida com apenas um copo – o daqui de casa tem 400ml.

Chegada à hora de tomar... Arght! Entendi o porquê da pouca concentração. O negócio é horroroso. Amargo e detalhe muito pior que o chá verde. Tomei o copo com bravura – tive orgulho de mim. Fiquei horas enjoada, o gosto está até agora na minha boca – e olha que eu tomei o tal litro de água de lá para cá. Horrível de verdade, mas não sucumbi. Tomei de novo, com a medida certa, e vou dizer, continua ruim.

Agora eu sei porque que ele faz tão bem. Ele estimula a pessoa a fazer tudo de tão terrível que é. Você pensa “tudo menos o chá”, ai você corre, cuida da pele, porque qualquer coisa é melhor que aquele troço, mas vou dizer, mesmo assim vou continuar a investir no tal milagre. Fala sério custa nada tentar. É ruim, mas tanta ruindade deve ter algum beneficio. Pelo menos um lugarzinho no céu eu consigo depois dessa temporada de – sacrifício – banchá.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ao Dorival

Sou apaixonada pelos artistas baianos da MPB, mas preciso dizer que acho que ninguém cantou tão bem a Bahia como um certo Dorival Caimmy. Ele junto com Jorge Amado tem presente em sua obra a essência do que entendemos como Bahia.

Dorival tinha uma brejeirice gostosa de ver. A voz forte, o risinho discreto e a suavidade se misturavam em uma mistura atípica que resultava no talento e carisma dele.

Do que foi cantado por ele temos de tudo um pouco. Desde a vizinha do lado mexia com o juízo do vizinho e do homem que ia trabalhar. Da Anália que não queria ir a uma tal Maracangalha. A baiana que despertava dúvida sobre o que ela tanto tinha. O pescador que tinha dois amores o da terra e o do mar. Sem dizer que quem não gosta de samba bom sujeito não era. Ou ruim da cabeça ou doente do pé.

A Bahia perdeu quem sabia canta-la como ninguém. As obras de Dorival e Jorge Amado se misturam. Nelas que entendemos o jeito de ser baiano que os dois tinham tanto orgulho.
P.S.: Quem nunca leu nada de Jorge Amado leia escutando Caimmy

A Sedução do Léxico

Acredito que o mundo pode ser traduzido pela palavra com mais força até do que pela imagem. O cinema, para mim, não chega aos pés da literatura –basta observar que não existe adaptação cinematográfica que seja melhor que o livro original. As palavras têm um poder que deixa marcas indeléveis na memória (e no inconsciente coletivo). Quem não tem uma frase feita na ponta da língua que atire a primeira pedra.

A literatura é mais lúdica, faz pensar, oferece infinitas alternativas para a imaginação. O cenário, a trilha sonora, o rosto dos personagens... tudo é obra sua, leitor. O lirismo traz consigo a possibilidade de múltiplas interpretações, que se encaixam em múltiplos contextos pessoais—quando alguém diz “essa é minha música”, dificilmente está se referindo à melodia.

A literatura traz em si uma simplicidade ao estilo “menos é mais”. A priori, não necessita de tecnologia para ser executada, e pode ser reproduzida para outra pessoa pela fala, sem requerer requinte; numa conversa qualquer, um trecho de poema ou um excerto famoso podem ser citados sem depreciação estética.

Sou apaixonada por prosa e verso, desde criança. Do livro ao jornal, passando pelo catálogo telefônico. Livros épicos, dramáticos, cômicos, policiais... todos têm seu espaço reservado na minha estante (preconceito eu só tenho com auto-ajuda). Pode soar clichê, mas a boa literatura me faz viajar no tempo e no espaço, sem sair da minha casa. Desconfio daquele que diz que não gosta de ler (parece radical? E é.).

Ler enriquece a alma, melhora o vocabulário, alarga os horizontes, traz temas novos às conversas, trabalha o auto-conhecimento e o entendimento do outro. E nem engorda!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

More than Words

Minha casa tem uma regra de ouro em seu jus non scriptum: eu não preciso dizer que te amo.

Não, eu nunca disse aos meus avós o quanto eu os amo desesperadamente. E nas vezes que eu disse isso à minha mãe, a resposta foi “não ama não e você vê o que te acontece.”

Você deve se perguntar nesse momento de que planeta saímos. Somos uma gente esquisita, que não se preocupa em falar daquilo que faz. Eu vivo uma lição diária de amor desmesurado nas gargalhadas, olhares e mãos dadas dos meus avós. Nas minhas conversas madrugada adentro com a minha mãe. Nas opiniões e broncas engraçadíssimas que eu escuto da minha avó. No olhar de alegria do meu avô quando me busca na rodoviária e não me deixa sequer carregar as malas, ou quando ele me cumprimenta com uma “testada” sem jeito. Nos cuidados, carinhos e gestos mudos.

A verdade é que somos um tanto quanto tímidos. Se eu dou um beijo na minha avó, ela fica vermelha feito pimentão. Se eu digo para o meu avô o quanto ele é gatíssimo, ele quase se esconde. Se eu abraço minha mãe de surpresa, ela grita de susto. As declarações ditas “normais” de amor não funcionam com essa família.

Meu irmão ainda é uma exceção divertida dessa regra. Abraça, beija, diz que ama. Mas esse é um “primeiro amor”: ele ainda vai entender a profundidade do nosso jeito estranho de amar.
Por causa disso, torna-se raro me encontrar por aí declarando que amo as pessoas. Eu amo nos gestos, nas ações, ou como diria a minha bisavó (que era sábia de assustar): eu amo comendo um quilo de sal junto.

Por que eu estou expondo minha gente desse jeito hoje? Porque eu estou morrendo de saudades da minha casa...e porque “eu te amo” não é “bom dia”, oras!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Dona Morte

Eu, minha mãe e Dolfo no carro. Subitamente, ele fez a pergunta que surpreendeu: “Mãe,você vai morrer?”. Ela respondeu alguma coisa no gênero “Vou, mas sem pressa, por favor”, e ele afirmou, ainda meio perplexo “Pois é, todo mundo vai, né?

Tem muita gente que explica a complexidade do ser humano pela consciência que este tem da sua finitude física. Iremos embora, as coisas continuarão a seguir seu rumo independente dessa partida, e em algumas décadas seremos apenas nomes em placas, registros e cartórios. Esse é um ótimo argumento em defesa da minha serenidade, quando esta falta: nós passaremos, e tudo continuará “meio igual”, apesar de nós. Então por que se debater freneticamente contra aquilo que está além de nós?

Eu tenho um medo absurdo de perder as pessoas que eu amo. E medo algum de morrer. Acho que ninguém morre antes da hora: se é chamado para perto de Deus, já cumpriu sua missão, mesmo que não tenha sabido qual foi ela. Acredito que existe alguma coisa do outro lado,ainda que não acredite em reencarnação. Acho que as coisas devem funcionar como naquela história dos gêmeos que conversavam no útero da mãe:

-Será que existe vida pós-parto?
-Não sei, nunca ninguém voltou para contar...

Mora na filosofia

Composição: Monsueto / Arnaldo Passos
"Eu vou te dar a decisão
Botei na balança
E você não pesou
Botei na peneira
E você não passou
Mora na filosofia
Pra que rimar amor e dor (...)"

Mora na filosofia

As palavras


Levo muito a sério as palavras. Se alguém me disser alguma coisa – que eu considere ofensiva – é o suficiente para o tempo fechar, e acredite sou brava à beça.

Irrita-me profundamente quem sai falando palavras inapropriadas. Sinceramente acho que às vezes é bom medir o que falar e com quem falar. Se tem o costume de xingar em discussões por favor não o faça comigo. Tenho uma espécie de fobia de quem faz isso. Hoje aconteceu algo desse estilo.

Sinto-me – nesse momento – como uma bactéria, ou um lixo que você pode pegar com pazinha. Cara o pior é quando acontece em outra língua e na frente de gente que você não conhece. Preciso dizer mais alguma coisa? Ahhh... Acho que sim: Fuck yourself son of bitch! Na mesma língua que ouvi a tal ofensa!

Moral de história: Nunca menospreze uma mulherzinha! Ela fica bastante puta às vezes OK?! Sem mais palavras, hoje já tive um excesso delas – até as que não devia.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Lendas Urbanas

Todos nós já escutamos alguma lenda urbana. Desde as que tratam de amor as que tratam de situações absurdas. São tantas as histórias que talvez, baseamos – ou acalentamos – nossas vidas em lendas.

Qual mulher solteira nunca escutou a história de que um belo dia Maricotinha foi ao supermercado e encontrou o amor da sua vida? Resposta: Todas. A questão é: será que os mitos urbanos podem se concretizar?

Acredito que a vida é uma série de combinações do acaso. Isso com certeza dificulta – um pouco – a possibilidade de nos tornarmos prova viva das tais lendas. Eu – mulher solteira que sou – sempre fico me imaginando nessas posições. Imagina ir à padaria e voltar com um possível ficante a tiracolo? Genial não?!

Infelizmente já passei um pouco da fase de acreditar – argh! De novo isso – em contos de fada. A cada dia mais me apego a probabilidades. Seguinte, existem cerca de 6,5 bilhões de pessoas no mundo. No Rio são – sei lá – 6 milhões de habitantes, desse número mais da metade é mulher, ou seja a minha possibilidade de viver o meu conto de fadas é muito pequeno. Tem pouco homem e outra qual é a incidência desses casos – bonitinhos – na população? Se for parar para ver, vou desanimar!

È melhor eu começar a aposentar as tais lendas urbanas. Vou pensar nas maneiras mais normais – se é que isso é normal – de me deparar com o Shrek – sim um ogro – da minha vida, afinal ele é bem mais legal que o encantado. Talvez ele me reserve aventuras – não tão fantásticas quanto os contos de fada – interessantes e possíveis.

Latinidade

Eu sempre fui defensora do “sentimento latino”. Tento mostrar aos meus amigos com certa freqüência de que somos na verdade latinos, mas isso vem ficando cada dia mais difícil. De fato, não temos nem – ao menos – o idioma em comum.

Estive refletindo muito sobre isso graças – ou não – a uma matéria que peguei na faculdade. Por ser de outro departamento – de Relações Internacionais – a experiência esta sendo – bastante diferente. Em jornalismo, o nosso interesse maior é o Brasil, e no outro departamento, não.

Discussão vai, discussão vem e todo mundo debate a América Latina, ignorando solenemente o Brasil. O nosso país só era lembrado para dizer que não tínhamos nenhum ponto em comum com o resto da América – o que não deixa de ser um pouco verdade.

Não concordo piamente com o que foi dito, mas alguns pontos são reais. Sinceramente as únicas coisas que nos unem são o tipo de colonização e as ditaduras – algumas militares – que tivemos a partir da década de 60. A língua realmente não é a mesma, não adoramos e nem fomos “libertados” pelo Bolívar ou o San Martin – o primeiro inclusive tratava o Brasil como uma espécie de inimigo da revolução – e nossa história seguiu rumos diferentes. O que foi discutido ali me fez pensar muito. Como tentar unir essa América? Como nos incluir nela se temos tão poucos traços em comum?

Não sei se existe um caminho que nos faça sentir parte – verdadeiramente – da América Latina. O que escutei dentro dessa mesma discussão é que deveríamos nos sentir latinos, porque em todo o resto do mundo somos vistos como tal. Tenho minhas objeções a esse ponto. Se nos condicionarmos a visão do outro iremos de fato perder a nossa identidade. Imagina se nos convencermos e entendermos o que somos pelo que outro pensa, seria uma loucura.

O exemplo da união Européia também foi bastante citado – principalmente pelos pontos desfavoráveis omitidos. Os surtos de anti-patriotismo estão acontecendo com alguma freqüência. Queimam bandeiras, controlam etnias – com os ciganos na Itália do Berlusconi – e coisas do tipo. Não sei se tentar unir um continente com tantas diferenças latentes vale a pena.

Espero que primeiro a relação econômica entre o nosso continente seja estabelecida com sucesso. Depois – se for viável – que aconteça a integração como bloco – sem o interesse puramente comercial. É melhor não botarmos o “carro na frente dos bois”, como já bem dizia minha avó.

sábado, 9 de agosto de 2008

Feminilidades

Estava eu voltando do mercado, carregada de sacolas, com dor nos pés de tanto andar, louca por um banho.

Quando entrei no elevador, já comecei a procurar pela chave dentro da bolsa, e nada. O cansaço era tal que acendi a luz do corredor, sentei no chão e virei a bolsa ao contrário para que ela caísse. Não caiu.

Alguns segundos de desespero depois, notei que o forro da bolsa estava furado, e a bendita tinha se perdido ali. Abri a porta, e gargalhei sozinha quando vi a quantidade de coisas que eu havia espalhado pelo chão:

óculos de grau
óculos de sol
2 telefones celulares (um com DDD de Valença, outro de JF)
terço
3 cores de batom
rímel
talão de cheques
base para unhas fracas (!?)
passagem de ônibus (obsoleta que só ela)
barra de cereal
lixa de unhas
Trident
MP3 player
carteira
porta-níqueis
2 canetas
3 elásticos de cabelo
remédios para enxaqueca
anti-alérigicos
pastilhas para azia
1 grampo (!)
agenda
flyer de chopada
chaves de casa (finalmente!)

A música diz que mulher é bicho esquisito. Mas o que dizer da bolsa dela?
:P

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

I'll be There for You

Por mais apertado que seja o dia-a-dia de alguém, quando se quer, há espaço para o outro. Seja esse outro o primo querido que mora em outra cidade, o amigo antigo que vive uma vida diferente da sua, o colega de sala que parece distante em meio à correria das aulas.

Particularmente, acho insuportáveis as pessoas que se afogam nos seus próprios problemas cotidianos e não reservam um minutinho sequer do seu dia para o outro. O tempo delas vale tanto que, com o passar dos anos, elas o terão todo para si e, fatalmente, não saberão o que fazer com ele. Quem está disponível para os outros,cuida de si,porque estes momentos são presente que cicatriza as escaras provocadas pelos movimentos repetidos de cada dia.

Eu sinto a maior vontade de fazer trabalho voluntário: doar meu tempo, meu abraço e meus ouvidos para as pessoas que estão numa situação “pior” que a minha. Mas acho que ainda tenho muito a aprender antes de poder fazer isso.Por enquanto, tento cumprir a minha “missão” sendo tão prestativa com os meus queridos quanto as minhas limitações me permitem.

Ainda que de forma meio atrapalhada, qualquer atenção é válida, reforça os vínculos e desopila o fígado. Um telefonema que aproveita a promoção da operadora de celular transforma o dia. Um depoimento no orkut (daqueles para não serem aceitos) não só informa, como traz sopro de renovação às boas saudades. Lembrar-se do bombom que a pessoa gosta ao passar pela padaria adoça a rotina...
***
OBS:Reservando um minutinho do meu tempo para vir a uma lan house e postar aqui!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Acredite?!

Acreditar – talvez – seja uma das coisas mais controversas da vida. Sempre soube que acreditar em tudo não era bom, mas era necessário acreditar em alguma coisa.

Por esses dias estive com um amigo e conversamos muito a esse respeito. Ele me disse que eu precisava “acreditar”. Na hora algumas – varias – dúvidas começaram a surgir sobre esse verbo. Depois de discorrer sobre o assunto, percebemos que existia uma questão : Até qual ponto é positivo acreditar?

O sentido de acreditar é tão vago. Você pode acreditar em alguma coisa ou simplesmente “acreditar” puro e sozinho. Ter fé em algo que você não sabe ao certo é um esforço sobre-humano para uma pessoa como eu.

Sou defensora do “é melhor ver as coisas como elas são”, e acreditar é quase o oposto disso, porque em geral é um ato que você faz meio no escuro. Não chego ao ponto de só crer no que vejo, mas prefiro confiar numa espécie de “indicação” das coisas, sem criar “meias” verdades.

Quando se quer muito acreditar em algo, a fantasia acaba falando mais alto. Você quer tanto que as coisas aconteçam que mesmo sem motivos concretos você acaba “criando” e vendo sinais em tudo e todos para ratificar a sua esperança. Daí o céu é o limite.

Dentro dessas indagações – talvez – sem muita lógica, não consigo parar de pensar em como o ser humano é sugestionável. Tem pessoas que simplesmente se convencem de que precisam de algo porque a outra a convenceu disso, sabe? Acaba virando uma série de dependências inventadas. É muito estranho pensar que por causa de uma coisa qualquer, acabamos submergindo em dúvidas e questões pífias e inexistentes.

Sei lá, não sei se me fiz entender, mas acho que essa questão é por deveras complicada. Acho que preciso pensar um pouco mais sobre o tema - ainda.

Caetano

É engraçado como às vezes nós demoramos a descobrir algumas coisas. Um dos melhores exemplos é quando somos apresentados a coisas excelentes que nem fazíamos idéia.

O melhor exemplo disso, para mim, é “You don’t know me”, música do Caetano que descobri a cerca de um mês. É do disco “Transa” – que inclusive têm lá em casa.

Como vocês já devem ter percebido sou fã do Caetano. Por vários motivos. O fator casa ajudou muito – meus pais são fascinados pelo cara – mas a genialidade dele é a grande questão. Ele se reinventa o tempo todo, não tem medo nenhum de experimentar, de tentar outras batidas e tudo mais. Para mim é um verdadeiro artista.

Em maio ou junho ele fez uma temporada aqui no Rio. Eu fui. Quando sai do Vivo Rio - casa de show - estava completamente perdida, não sabia nem o que pensar sobre o que tinha acabado de ver. Acho que demorei uns dias para “formar” uma opinião sobre o show. Até que percebi a grande burrada que estava fazendo, Caetano não é para “entender” – no sentido careta da coisa – é só para admirar.


A tal música: You don't know me.

domingo, 3 de agosto de 2008

Retomando

Lá se foram as férias. Sempre tenho a sensação de que elas poderiam ter durado mais um pouco. Não deu tempo de sair tanto quanto eu tinha planejado, não aconteceram muitos encontros casuais quanto eu queria e etc e tal.

Às vezes me pergunto porque as férias nunca correm "dentro dos conformes''. No mesmo segundo encontro a resposta. A vida não é das mais cartesianas né?!

Talvez o que a torna alguma coisa interessante sejam essas séries de encontros e acasos que fogem das nossas próprias expectativas. Ou não – como já bem diria Caetano?!

Enfim, esse papo toda sobre o nada é somente para dizer que EU VOLTEI, e as férias infelizmente acabaram...!!!

Portanto declaro abertos os trabalhos – meus que tinham sido interrompidos pelas férias de uma semana quase duas! Senhoras e senhores lá vamos nós para mais aventuras e devaneios aqui descritos.
Beijos