quinta-feira, 31 de julho de 2008

Conexões

No domingo de Carnaval eu acordei cedo e fui à missa. Estava chovendo, fazia um tempinho miserável e tudo que eu queria (durante todo aquele carnaval) era me esconder, dormir, e só acordar depois que o tempo já tivesse passado e o resultado do vestibular já tivesse saído. Eu estava pálida pela ansiedade, e não conseguia vestir nada mais alegre que uma roupa preta. Mas a buzina na porta da minha casa e o sorriso por trás do vidro embaçado pela chuva me fizeram entender que eu simplesmente ia encontrar alguma razão bacana e edificante para ir àquela missa.

Chegando lá, éramos eu, o sorriso, e mais meia dúzia de pessoas dentro da igreja. Quando o padre começou o sermão, eu entendi o porquê de estar lá, e justo com aquela companhia. O assunto era afinidade.

Ele dizia que a gente não pode escolher com quem tem afinidade, que aquele era um sentimento que nos era dado de presente sem maiores explicações; justamente a falta de nexo nessas ligações é que trazia toda a graça. Que os verdadeiros amigos não precisavam de motivos para sê-lo: basta a conexão simples que faz com que o assunto flua naturalmente e a risada aconteça (ou até mesmo o choro, em momentos menos agradáveis). A cumplicidade real nasce da gratuidade.

A afinidade abre espaço para o afeto, e o afeto se apresenta naquelas situações nas quais não se consegue explicar a razão pela qual você faz alguma coisa por aquele outro, mas faz. Ele nem é seu parente, mas você não precisa fazer nada em especial na companhia dele. Você não deve nada a ele, mas sente a necessidade de mandar notícias sempre que possível, e receber respostas. Sem necessidade de satisfações, a família "sanguínea" cresce e ganha um agregado. Nesse dia, saímos da missa e fomos para a minha casa, conversar algum assunto inventado na hora.

Nesses dias tensos, esse sorriso (suave ou debochado) dissipou minha ansiedade, me carregou para o carnaval em Rio Preto, velou pela minha insônia e comemorou comigo quando tudo aconteceu do jeito certo. Quando as coisas ficam nebulosas, é esse ouvido que me ouve. Quando acontece algo bom, é o telefone dela que toca. De vez em sempre, eu agradeço por esse "presente", tão afinado com o meu pensamento. Amiga é pouco para essa irmã que se sacrifica junto comigo, sem nem perguntar o porquê.

***
"É aquele que entende seu desejo de voar, de sumir devagar, a angústia pela compreensão dos acontecimentos, a sede pelo 'por vir'. É ao mesmo tempo espelho que te reflete, e óleo derramado sobre suas águas agitadas(...)"

terça-feira, 29 de julho de 2008

À Flor da Pele

As pessoas têm a péssima mania de "tirar os outros por si mesmas". Essa máxima me transforma numa completa idiota com uma certa frequência, nas mais diversas ocasiões.
Eu sempre acho que ninguém vai furar o programa, que todos os namorados são fiéis, que todos os segredos serão guardados, que todas as promessas serão cumpridas a ferro e fogo. Só que nem todo mundo é "chatinho" feito eu; e erram, furam, esquecem, atrapalham-se e simplesmente deixam para lá.
Meu mundo metódico cai por terra nessas situações... para ser metodicamente reerguido no dia seguinte, como um castelo de bloquinhos.
Um dia eu aprendo a mentir...aí eu vou dominar o mundo, sabe?
***
OBS: Sem querer causar preocupações --a raiva motivadora deste texto já passou, e eu tomei o cuidado de publicá-lo só quando isso acontecesse de forma definitiva.

sábado, 26 de julho de 2008

Odeio

1- Odeio me sentir censurada
2- Odeio Mentos “amarela”.
3- Odeio lição de moral barata
4- Odeio ter que parecer melhor que sou – às vezes.
5- Odeio falara sem contato visual
6- Odeio reclamações em excesso
7- Odeio banho frio
8- Odeio dizer e ouvir “Eu avisei”
9- Odeio “eco-chatos”
10-Odeio disputa
11-Odeio fingir que nada aconteceu quando não quero.
12-Odeio não saber o que ele sente
13-Odeio comida fria
14-Odeio lâmpada queimada
15-Odeio estar de TPM!!!!



Sumida...

Bom como todos que lêem o blog podem perceber, eu dei uma desaparecida básica essa semana!!! Pois é, estou de férias!!! Mas vários textos estão sendo produzidos – e estão na minha bagagem! Assim que voltar a vida normal eles estarão aqui!!! Estou em Teresópolis passando um frio absurdo!!!! Acho que é só!!! Férias inspiradoras?! Será?!
Beijo a todos!
Maria

Pequenos Sinais dos Tempos

1)Quando você pega o jornal do dia, não vai mais direto para a página dos quadrinhos.

2)Sempre existiram contas a pagar, mas você não as entrega mais à sua mãe. No máximo, pega o dinheiro com ela.

3)Você indica um desinfetante ótimo para suas amigas, ou uma maneira eficiente de espantar as baratas da casa dela.

4)Você nem fica sabendo de festas de 15 anos, mas tem um calendário mental de formaturas pelos próximos 3 anos (preocupada com o dia que os casamentos entrarão no calendário mental =S)

5)Enxaqueca é uma realidade.

6)A sua bolsa deixa de ser um acessório decorativo e passa a carregar coisas úteis, como óculos de grau, chaves, documentos e uma barrinha de cereal.

7)A sua agenda deixa de ser um diário para se tornar roteiro de compromissos.

8)Você troca o gloss por um batom cremoso.

9)Os assuntos-tabu não incluem mais “pessoas fumantes”, “amigas grávidas” ou “pessoas não-virgens”.

10)Os conselhos que você dá incluem “não esquecer de levar aspirina” numa mala de viagem.

11)Quando você tem uma espinha, recorre à memória para se lembrar do que costumava usar para secá-las.

12)As crianças acham Castelo Rá Tim Bum uma coisa meio...ahnn... ”retrô”.Choram de rir quando alguém diz que a Angélica já foi gordinha e apresentadora de programa infantil. E nem imaginam o que seja “O Mundo de Beakman”.

13)O seu gosto musical passa a atingir coisas cult e nunca d’antes toleradas (exatamente aquelas “músicas chatas” dos seus pais, dentre outras novidades).

14)A sua prima-bebê entra na adolescência e te conta, toda feliz, que está usando soutien e vai dar o primeiro beijo.

15)Na TV a cabo, os canais de desenho animado ficam para segundo plano. E mesmo já sabendo qual é a pauta, os canais de noticiário são aqueles que você assiste.

16)Qualquer balada mais animada causa alguma dor no corpo no dia seguinte.

17)Você pode não se conhecer nem um terço do necessário, mas começa a falar como se auto-conhecimento fosse seu forte: “estou numa fase mais tranqüila agora...

18)Roupas muito coloridas começam a ser esquecidas no armário e deixadas para “ir à praia”.

19)Um período de um ano não parece mais uma eternidade.

20)Num belo dia, você diz a famosa frase “mas na minha época...”.
"Tempo,tempo mano velho, falta um tanto ainda, eu sei, pra você correr macio como zune um novo sedã..."

terça-feira, 22 de julho de 2008

Delírios Cinematográficos da Madrugada

Dia desses, alta madrugada, eu e Maria no MSN:

Maria Clara diz:
Ainda vou dizer “nós sempre teremos Paris”,no Marrocos, em Casablanca...

Stela diz:
Ah, “Um Lugar Chamado Notting Hill” já me faz feliz...
ou aquela cena final do “Before Sunset”, que a mulher fala “Somebody’ll gonna miss a plane” ou coisa do tipo.


Maria Clara diz:
Pra mim nada ganha do “We’ll always have Paris”...ou então
Toque,Sam,pelos velhos tempos
Não me lembro,senhora
Eu cantarolo para você.Cante,Sam...”


Stela diz:
Se fosse eu,ia mandar o Sam para a pqp...
p$%¨&*,Sam, você não lembra nada...toca Raul então!


Maria Clara diz:
Eu também...mas por isso que ela é Ingrid Bergman
Mas o meu sonho é fazer isso:ir a um piano bar,sentar perto do tocador lá e falar “Toque,Sam,pelos velhos tempos”.


Stela diz:
Aí o cara não vai entender nada porque o nome dele nem é Sam.

Maria Clara diz:
É sério...com uma taça de Martini na mão.

Stela diz:
Aí o cara vai dizer: “Não,moça,a senhora ta me confundindo, e é melhor não cantar...a senhora não tá legal...

Maria Clara diz:
Ainda faço isso mesmo que o pianista chame Josué...
ele vai virar Sam por um dia.

Stela diz:
Cante, Josué, pelos velhos tempos!ahahahahaha

Maria Clara diz:
Que Josué...
ele é o Sam,problema da mãe dele que pôs o nome errado.

Stela diz:
Eu não consigo parar de pensar...
Você no pesqueiro do Vitinho,Josué é o tecladista...
Você chega com um caneco de vinho na mão,debruça no teclado e diz
Canta aquela,Josué
Qual,Maria?
Ah,você não sabe de nada...toca Raul,Josué!
E os dois cantando “Eu nasci há dez mil anos atrás”.


Maria Clara diz:
Ai,você não vai matar o meu sonho,vai?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O Pesadelo das Férias

Todo mundo gosta de tirar férias. Todo mundo conta os dias para as férias. Todo mundo quer aproveitar as férias, faz mil planos e depois diz que não fez nada, só porque as coisas fugiram do roteiro. Todo mundo diz que quer férias ad aeternum, mas é da boca para fora.

Entrei de férias no dia 06 de janeiro, às 18h. Eu estava tão feliz com o meu possível bom aproveitamento no vestibular que saí com os meus amigos debaixo de chuva para comemorar as férias, desprezando a completa exaustão física na qual eu me encontrava. Parecia que era a última noite do mundo.

Quando descobri que tinha passado para o 2º semestre, bateu um desespero do tipo “que-fazer-com-tanto-tempo”. Vale dizer que eu fiz tudo diferente dos meus planos.

Fiz muita coisa nessas férias que eu não vou poder fazer depois. Saí bastante, revi amigos, li quase 30 livros, viajei o tanto que o dinheiro permitiu, mil coisas. Mas nem se fossem duas mil o vazio corrosivo do tédio seria menor.

O tédio vem comendo o dia-a-dia pelas beiradas, tornando cada tarde igual à outra, semeando encucações, trabalhando arduamente no intuito de tornar os minutos intermináveis e a ansiedade uma coisa estupenda. Não mais que de repente, ele tomou conta de todo o latifúndio improdutivo do meu cotidiano dos últimos seis meses, vestido num pijama velho.

A sensação de improdutividade é uma das piores que eu já experimentei...chega logo, 04 de agosto!

sábado, 19 de julho de 2008

Identidade Básica

O nome de alguém é, para mim, muito mais do que um amontoado de letras na identidade. Um nome marca tudo aquilo que se é, do berçário ao cemitério.

Quando converso com uma grávida, uma das primeiras coisas que pergunto é o nome da criança. Já convenci algumas a trocarem os nomes dos rebentos por causa de significados feios ou não-condizentes com aquilo que a mãe queria para o seu filho.

Particularmente, sou apaixonada pelo meu nome. Acho curto, sonoro, tem uma história bonita e um significado quase auto-explicativo. Dona Dione mandou bem, para variar.

Eu meço o interesse das pessoas por mim pelo jeito que elas escrevem meu nome. Quem se afasta de mim, fatalmente passa a escrever meu nome errado. Esquece a simplicidade de “Stela” e passa para “Stella”, talvez confundido pela letra dobrada do sobrenome. Mas quando escreve “Estela”, eu tenho certeza que já estou em último plano, e aquela é só uma gentileza. Coisa de doido, mas costuma corresponder à realidade.

Por outro lado, adoro apelidos. Chamo quase todas as pessoas muito próximas por, no máximo, duas sílabas. Meu avô é (mesmo se chamando Marcio), minhas primas só Te e Li, meu irmão é Dolfo. Ainda assim, meu nome é tão curto que a coisa mais rara é me colocarem algum apelido. O diminutivo me incomoda, porque soa forçado chamar de Stelinha uma mulher do meu tamanho (raríssimas exceções a essa regra existem, particularmente entre os amigos mineiros), e pareço um pouco séria para corruptelas.

Quando meu irmão começou a falar, meu nome foi o último que ele conseguiu. Eu já estava um tanto frustrada com o desprezo dele, mas convenhamos: ”S” mudo não é fonema muito atraente para crianças. Até que, num dia qualquer, ele soltou o grito de “Téa”, libertador para a irmã rejeitada. O Téa virou Téia, e depois Tetéia. E eu ganhei um apelido (em família, frisa-se em neon) quase na maioridade. Acho que isso traduz o fato de que a chegada dele me trouxe um frescor rejuvenescedor que me aboliu do peso de ser filha única...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Será a barbárie?

A rua está deserta. A Lagoa nunca esteve tão erma. Flores na calçada. Na madrugada de hoje dois Policiais Militares foram assassinados na minha rua. Eu escutei os disparos.

A minha “ficha” ainda não caiu – e talvez nunca caia. È muito difícil pensar que duas pessoas foram mortas tão próximas de mim e da minha casa – a ponto de escutar os estrondos.

Os moradores estão apavorados. A imprensa tenta se valer de que o acidente foi em “um bairro nobre” do Rio. Aqui no prédio os porteiros não falam de outra coisa – eles também escutaram tudo. Quando penso que o que me separava da viatura era menos de 10 metros me assusto.

Não consigo deixar de pensar que por trás daquelas fardas tinham pais de família, sobrinhos, netos, alunos e maridos. Não sou perita em segurança pública, mas toda vez que reflito a esse respeito percebo, mais duas vidas se perderam nesse misto de selva e guerrilha urbana. Mais dois trabalhadores foram assassinados – brutalmente, sem tempo de ao menos tentarem se defender – em serviço.

Não cabe a mim dizer se a PM é vilã ou não do caos em que vivemos, mas posso sem dúvida nenhuma afirmar que duas mortes não tem explicação. É absurda essa situação. Se o Estado não consegue se proteger como irá nos proteger?

O texto está sem forma, mas acho que hoje eu também estou talvez esteja assim desde quando ouvi os disparos. Acho que já está na hora de acharmos uma alternativa para a barbárie em que estamos vivendo. Será o fim dos tempos?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Moça da Roça

Acho as pessoas do interior mais sensíveis, e isso não é puxar sardinha para o meu lado. Há algo moldado nelas pela população composta unicamente por conhecidos e pela paisagem bucólica da janela de casa.

Eu me policio para não perder algumas das minhas manias de interiorana. Pequenos prazeres como sair da padaria com o pacote quente do pão encostado no rosto e cuidados singelos com as pessoas que estão próximas (aquelas lembranças que agradam e não trazem esforço nenhum de quem oferece).

Mas dou os meus “furos de caipira” às vezes. Tanto tempo depois de sair de Valença me deixou mais contida, mas ainda acontece alguma gafe homérica de vez em quando. A pior foi uma vez, em Niterói, eu estava conversando com umas amigas,quando uma delas começou a contar, muito triste, que havia perdido um amigo há algum tempo e só descobrira naquele dia. Do alto da minha surpresa, mandei:

-Mas você não viu o convite de enterro?
-Quê?
-Convite de enterro, uai...
-Discorre, Stela. (já rindo)
-Quando alguém morre, a família enlutada monta um informativo do tamanho de meia folha A4, com o nome de quem morreu, embaixo o nome dos familiares mais próximos: “fulano, beltrano e sicrano anunciam o falecimento de sua estimada mãe, esposa e avó e convidam para o sepultamento no cemitério X, tantas horas, dia tal”, e colam em vários lugares no centro da cidade, e nos lugares que a pessoa freqüentava.

(Nem preciso dizer que as minhas amigas quase se despentearam de rir com tamanha inocência capiau)

-Ué, mas se não tem isso aqui, como vocês descobrem quando alguém morreu?
-Conhece telefone?
-Conheço, mas sempre falta avisar alguém... você não ficou sabendo do seu amigo. Convite de enterro é muito mais eficiente.

Ta aí. Essa gente do interior sabe das coisas.

Amor

Meus avós estão fazendo Bodas de Ouro. Não quaisquer 50 anos de casados, mas 50 anos aproveitados juntos, na alegria e na tristeza. Eles viveram milhares de coisas difíceis juntos, e endureceram juntos sem perder a ternura.

Eles enfrentaram falta de grana, mas aprenderam a curtir juntos até o Jornal Nacional. Eles têm milhares de diferenças pessoais (quem conhece, sabe o quanto eles são radicalmente diferentes em temperamentos e jeitos), mas não perderam o gesto singelo de andarem de mãos dadas. Eles enfrentaram problemas de toda sorte, mas remexendo as fotos antigas eu só encontro carinho, transbordando nos olhares e sorrisos, mostrando um ao outro que o que quer que acontecesse de ruim, eles ainda teriam um ao outro.

Quando eu desacredito no amor, eu me lembro que existe gente sortuda como eles dois. É a risada só deles que dissipa qualquer dúvida que eu possa ter a respeito de felicidade. Quando eu fraquejo nos meus obstáculos, é neles que eu me miro para seguir em frente. É a minha avó barulhenta e sanguínea que me sacode e me traz de volta ao rumo. É o meu avô tranquilo e sereno que me mostra que o mundo pode ser do jeito que eu quiser, apesar do caos reinante.

Tão diferentes, tão complementares.

(Coisas de neta coruja, que gastou os últimos meses remexendo fotos e tentando descobrir qual era "a" música deles...não é que eu descobri?)


NOITE DO MEU BEM
Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem
Hoje eu quero a paz de crianças dormindo
Quero o abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem
Quero a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem
Hoje eu quero o amor, o amor mais profundo
Eu quero toda beleza do mundo
Para enfeitar a noite do meu bem
Quero a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem
Ah! como esse bem demorou a chegar
Eu já nem sei se terei no olhar
Toda pureza que eu quero lhe dar

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Pousos

Nessa semana li "Tudo que eu queria te dizer", livro de cartas criadas pela genial Martha Medeiros. Entre tantas histórias fascinantes (e tão realistas...), um parágrafo me chamou a atenção, porque compartilho do sentimento.
Uma amiga escrevia para a outra, e a destinatária morava em Veneza. A autora da missiva falava sobre a dificuldade de conceber uma rotina, com diarista, manicure e compromissos, numa cidade tão mágica.
Duas das minhas melhores amigas moram em lugares cinematográficos, e eu já tive a oportunidade de abusar da hospitalidade delas, entrando pela porta da frente da rotina. Maria (a "comparsa" deste blog) mora no Rio, em casa que revela a Lagoa ofuscante a cada olhar pela janela. E Bella tem como vista Museu Imperial e todo aquele ar europeu que só se encontra em Petrópolis.
No primeiro caso, penso muito em como os cariocas passam impunemente por tanta beleza que chega a me fazer sentir menor. Fazer supermercado, estudar, fazer uma faxina no apartamento sem se distrair com tantas nuances de cor nas águas, tantas sombras que fazem do Cristo vista nova a cada dia.
Na Cidade Imperial, a coisa é ainda mais diferente. Como morar num lugar com o sol de inverno mais lindo que eu conheço? Uma ida ao caixa eletrônico revela um vitral, uma caminhada tem várias coisas lindas pelo caminho. Gótico, neoclássico, enxaimel. Tudo parece milimetricamente pensado para ser charmoso.
Dizem que o turista vê tudo mais bonito, e que essa é a graça do passeio: não estar todo dia ali, o que "esvazia" a beleza dos lugares. Quando eu morava em Niterói, literalmente viajava quando passava na Ponte. Passava um tempo considerável sentada no MAC, desenhando. E simplesmente não me enquadrava naquela vida de passar blasé por tanta beleza. Será que eu fui sempre turista por lá?

Quem tem medo....?

Eu não tenho orkut, mas Dom Marocas têm – já que o Xexéo tem a dona Candoca eu também posso. Essa madrugada – que se aproxima da manhã – fiquei sabendo das novas modas.

Tenho medo dessa “página de relacionamentos”, ela vai dominar o mundo. È cada coisa esquisita. Por exemplo, estive sabendo do perfil de um e outro, e posso dizer: quanta cafonice! Cara sabe foto que é para ser engraçada, mas só causa estranheza!? Putz tem aos montes. E os pseudos então, caramba! Duvido que aquela gente toda acorde tão penteada! Fiquei pensando, será que só eu acordo a la Vanessa da Mata? Não pode ser.

Não vou falar das bizarrices senão vou perder tempo demais – se bem que era uma boa, já que estou me dando o desplante de escrever sobre isso. O que vem me apavorando é como o Google quase te obriga a fazer parte desta “rede de amigos”.

Como todos talvez saibam, o blogger é do Google – ou está ligado a – e quando você abre uma conta você pode utilizá-la para todos os serviços. Com isso eles se vêem no direito de “oferecer” – quase obrigando – a participar da mal fadada “rede de relacionamentos”. É sinceramente cômico – ou irritante dependendo da ótica que enxergue. Já perdi a conta de quantas vezes já me foi oferecido o serviço. Eu fico feito uma idiota – irritada – negando. Agora pergunta irritante do texto: “Seu eu quisesse ter um ‘profile’ já não teria feito?”. Mas essa não é – nem de longe, repito, nem de longe – a coisa mais chata de não ter orkut.

Tem sempre um bando de gente te perguntando, se você tem – não condeno quem tem, mas eu não gosto – quando você responde que não, meu Deus, parece que é o ser mais retrogrado da face da terra. Às vezes emendam com a frase “Maria você tem que fazer orkut”. A minha resposta é sempre educada do tipo é, mas não gosto, sempre tento levar para o lado cômico – fazendo alguns dos meus trejeitos clássicos – mas a vontade é responder que tenho que fazer porra nenhuma! Agora onde já se viu? Tenho, é ruim hein?!Quando escuto isso de quem não me conhece nem ligo – mentira me irrita um pouquinho – mas quando vem de amigo, aí penso de cara que estão de sacanagem.

Acho bacanérrimo quem consegue usar essa ferramenta numa boa, mas conheço poucas pessoas que não se aborrecem – na verdade agora nem sei mais, já pode bloquear até pensamento. Esse negócio de bloquear também sou contra. Fala sério, o indivíduo já está exposto até o último fio, de repente vem com discurso de “não quero que invadam a minha privacidade!” – que privacidade? Sei não, acho essa história meio esquisita.

Com certeza alguém deve estar pensando “ué, mas ela não tem blog?”. Resposta: Sim, mas eu acredito que aqui a temática é outra. Eu não estou mostrando a foto da noitada – nada contra a quem faça – mas sim o problema da noitada, que virou texto, entendeu? Existe uma sutil diferença – que talvez, eu inventei só para continuar não tendo. Sei lá! Eu tenho medo do Orkut!




terça-feira, 15 de julho de 2008

Os mesmos outros

Há muito tempo tive um grande amigo – daqueles que acompanham sua vida de perto. Compartilhávamos as melhores e as piores coisas que aconteciam. Éramos “unha e carne”.

A vida correu e ele começou a namorar e – naturalmente – nos afastamos. A namorada tinha ciúmes –infundados – de mim, me achava muito presente na vida dele. No mesmo ano eu me mudei para o Rio – e isso contribui mais um pouco para o distanciamento.

Tentamos parecer que continuávamos tendo – ao menos – algo que nos unisse. Depois de inúmeras tentativas de mantermos contato, em algum ponto da estrada – que sinceramente não sei qual foi – o trem descarrilou.

Tive a oportunidade de encontrá-lo – uma serie de vezes – já sem a tal namorada. Tentei fingir que éramos os mesmos e que nada havia mudado – além do tempo obviamente – mas de fato nada era como antes. Ele já não ia a minha casa só para ler jornal, não confidenciávamos coisas um para o outro, não tínhamos mais amigos em comum, enfim éramos outros tentando ser os mesmos.

Infelizmente, em alguns casos, perdemos a – inevitável – luta contra o tempo. Esse, talvez, tenha sido o grande vilão da nossa amizade.

Na última ocasião que nos vimos, constatei, de fato, que ele já não estava no presente, mas no passado. Já não falamos a mesma língua, e nem – ao menos – nos reconhecemos. Somos estranhos no hoje e similares no ontem.

Acredito que ele provavelmente não chegue a ler esse texto – e talvez se o fizesse acharia ridículo, talvez. Preciso somente dizer que não tem revolta ou mágoa. Nossa amizade foi bacana enquanto existiu.

Ainda sinto carinho por ele. Espero que a vida o leve aos lugares que ele almeja. Não sei se será colorida ou em preto e branco, mas que seja da maneira esperada.

Ontem foi o seu aniversário. Espero que tenha felicidades e alegrias. Gosto muito do que fomos, por isso, ainda lhe desejo “feliz aniversário”.

Com amor,
Maria


“Mas não tem revolta, não, eu só quero que você se encontre.
Ter saudade até que é bom, é melhor que caminhar vazio.
A esperança é um dom que eu tenho em mim, eu tenho, sim.
Não tem desespero, não, você me ensinou milhões de coisas.”.

Peninha.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Top 10 clichês – e piegas – do dia

1-Colocar “Last Night” – do The Strokes – e já acordar fazendo “guitarrinha imaginária” em cima da cama.

2- Varrer a casa fazendo da vassoura o seu microfone.

3- Colocar o som tão alto, que para você cantar precisa se esgoelar – e a cena é patética.

4- Olhar para lagoa e pensar em dar uma corridinha, já que o dia está bonito, mas mudar de idéia no segundo seguinte, quando vê que aquele filme nada a ver vai passar no Telecine.

5-Não conseguir horário para depilar as pernas e resolver fazer isso em casa.

6- Morrer se dor ao executar a idéia anterior e pensar “Sabia que ia dar merda” – até que você se cansa, e na metade da segunda perna, resolve apelar para o bom e velho “Prestobarba”!

7-Tomar um banho longuíssimo – com direito a muita fumaça no banheiro – dançar horrores de baixo do chuveiro e achar que está de “alma lavada”.

8-Falar com o locutor da rádio – achando que ele esta te escutando.

9- Não saber se vai ou se fica! (meio filosófico isso)

10-Pensar que ele podia te ligar – mesmo sabendo que é impossível porque ele não tem o seu telefone.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Mala com Alça

Ainda morro de vergonha com as minhas malas-trambolho. Pessoa apegada e exagerada que sou, tenho sempre "mais uma coisinha" para colocar na bagagem, que vira um chumbo e "mico portátil" (ou nem tão portátil assim).
Nem três anos de vivência fora de casa me tornaram mais prática. Eu levo JF inteira na bolsa-fim-de-semana, e já cometi proezas como deixar um brinco em Valença e o outro em JF.
Quero aprender a fazer malas cleans e práticas, mas algo me impede. Abro o guarda-roupa e começo um festival de perguntas retóricas. E se chover? E se tiver uma festa? E se fizer calor? E se tiver piscina? Não há previsão do tempo online que sossegue meus ânimos.
E lá vou eu, com a casa toda socada numa bolsa que eu precisei sentar em cima para conseguir fechar. Dividindo o peso com amigas generosas, sobrecarregando amigos cavalheiros ou sofrendo com dores absurdas (e quase chorando pela rua) para carregá-las sozinha. A cena mais surreal que já me aconteceu foi ser abordada por um carroceiro na rua, "Quer ajuda, moça?", "Claro, moço, a situação tá triste aqui, por favor". E saí andando atrás da carroça do cara até a Estação. Tem coisa que só acontece comigo...
Um dia eu vou ser elegante o suficiente para ter um arsenal fashion numa valise de mão, levíssima. Ou poderosa o suficiente para contratar um personal carregador (com bônus de insalubridade!)!
***
Estou em viagem por tempo indeterminado...but I'll be back soon!
=D

A moeda número um do Tio Patinhas não é minha? Será?

Toda criança é apaixonada por desenho – pelo menos as da minha época. Quando era pequena acreditava que a qualquer momento eu conheceria – ou me tornaria – um super-heroí. O problema é que eu até tinha certa simpatia por heróis, mas gostava mesmo dos vilões.

Era apaixonada pela Maga Patalógica, achava super elegante – mesmo sendo uma pata. Fui tão fascinada pela história do Tio Patinhas que quando comecei a ganhar meus primeiros bichinhos – periquito, cachorro e etc. – jurei que eles teriam os nomes de seus sobrinhos – para quem não se lembra: Zezinho, Luisinho e Huguinho. O último remanesceste, dos meus bichos, foi um passarinho, o Zezinho – que morreu ano passado.

A minha geração foi muito influenciada pelos desenhos da Disney. Lembro-me até hoje do filme – que ganhei no natal de 90 – se chamava “Você já foi à Bahia?”. Esse desenho era ótimo. Já devo ter revisto pelo menos umas 20 milhões de vezes – para faculdade, colégio, vestibular e por gostar também. Nunca vou me esquecer do malandro Zé Carioca – um papagaio muito charmoso e bonitinho – levando o apalermado Pato Donald para conhecer a Bahia – passando pelo calçadão de Copacabana, meio inverossímil, mas OK. Minha mãe e meu pai se recordam até hoje de algumas cenas do filme de tanto que eu os obrigava a ver – não só eles como a família toda.

Sempre me disseram que quando eu crescesse, deixaria os desenhos de lado. Posso garantir que isso não aconteceu, até hoje – às vezes, para ser honesta – compro os gibis da Mônica. Durante as férias assisto toda programação infantil da TV a cabo.

Há pouco tempo me perguntei se eu não teria escolhido o jornalismo por causa do Super-Homem – só para lembrar ele e a Louis Lane são jornalistas. Acredito que – talvez – sim. Sempre achei lindo o fato de ele salvar o mundo. O jornal era o “Daily news”. Adorava esse nome - mesmo quando ainda nem sabia o significado.

O que me levou a escrever esse texto, foi na verdade, um fato bastante engraçado que aconteceu comigo no elevador do meu prédio. Em um dia de semana qualquer – ainda no período de aula – entrei no elevador de manhã, e tinha um menino fantasiado de Super-Homem. Muito simpático e falante ele foi puxando assunto, como não resisto a crianças espertas perguntei:
- Qual o seu nome?
- Ué, Super Homem.
- Ah... É?
- É.
- Mas qual nome que a tia do colégio te chama?
- De Clark Kent né?! – respondeu o menino com uma cara “em que mundo você vive” para mim.

A conversa parou ali, morri de rir e fiquei encantada com o garotinho – que até hoje não sei o nome, apesar de pegar elevador sempre com ele e a sua babá. Descobri, que na verdade, toda criança do mundo, ama desenhos. Acho que esse sonho meio lúdico de ser super-herói nunca irá desaparecer enquanto houver infância.De tudo que se aprende na vida, talvez essa característica seja a única que não possa desaparecer. Afinal, só ela nos faz ter coragem e vontade de levantar da cama e brincar de herói. Brincar de ser gente grande, na verdade, é o ato mais lúdico da minha vida.

Resolvi botar uma música e um vídeo aqui que ilustram bem essa historia dos desenhos, super-heróis e etc.

Superbacana
Caetano Veloso

Toda essa gente se engana
Ou então finge que não vê que eu nasci
Pra ser o superbacana
Eu nasci pra ser o superbacana

Superbacana Superbacana
Superbacana Super-homem
Superflit, Supervinc
Superist, Superbacana

Estilhaços sobre Copacabana
O mundo em Copacabana
Tudo em Copacabana Copacabana
O mundo explode longe, muito longe

O sol responde

O tempo esconde
O vento espalha
E as migalhas caem todas sobre

Copacabana me engana

Esconde o superamendoim

O espinafre, o biotônico
O comando do avião supersônico
Do parque eletrônico
Do poder atômico

Do avanço econômico
A moeda número um do Tio Patinhas não é minha
Um batalhão de cowboys
Barra a entrada da legião dos super-heróis

E eu superbacana
Vou sonhando até explodir colorido
No sol, nos cinco sentidos
Nada no bolso ou nas mãos
Um instante, maestro

Super-homem Superflit
Supervinc, Superist
Superviva, Supershell
Superquentão




Mieli e Elis cantam "Superbacana"

terça-feira, 8 de julho de 2008

A Bicha

Quem me conhece,sabe que eu não sou a rainha do bom humor (alguns não notam isso porque, ironicamente, meu mau humor é engraçadíssimo). Logo, detesto sutuações que desencadeiam o "bode" em mim: e entre essas situações-problema está a mal-fadada fila. Eu me sinto até meio burra nelas: se eu fosse mais esperta, estaria numa área VIP e não ficaria parada feito besta esperando.

Hoje de manhã eu caí numa das mais críticas: a fila de banco. Eu já estava escolhendo o assunto no qual eu deixartia o pensamento divagar, para o tédio não me apanhar naquela coisa quilométrica, quando tive uma surpresa tragicômica. Alguma boa alma colocou uma TV de plasma, lindíssima, viradinha para a fila... com um DVD! Pensei, já rindo de mim mesma: "é... vai dar para assistir um filme inteiro com essa fila". Eu estava secretamente feliz.

Mas o Universo conspirava contra a minha alegria. Algum estafermo foi lá... e tirou o som da MINHA comédia romântica que começava. E nem legenda tinha! Ao contrário da música do Cazuza, a televisão sem som não era um bonito quadro. Mas nem assim fiquei de cara amarrada (que orgulho!). Com a babaquice do ocorrido, eu não tive como não rir...

Será que teremos Paris?

Quem nunca quis ser uma personagem de um filme? Ou pelo menos dizer parte de um diálogo? Podem me chamar de démodé, mas morro de vontade de dizer e ser algumas daquelas frases e personagens.

Já tive vontade de ser uma “Bonequinha de Luxo”, já quis encontrar um homem “Cantando na Chuva” como o Gene Kelly, ser irresistível como a “Gilda” ou exuberante, como a vizinha que não deixa dúvida que “O Pecado Mora ao Lado”. De todos esses não tenho certeza de qual tive mais vontade de ser.

De tudo, sei, porém, que a fala que espero ansiosamente para um dia dizer é: “Nós sempre teremos Paris” – na verdade prefiro em inglês “We’ll always have Paris” de Casablanca. Sou apaixona por essa frase, na verdade por todo o filme. Gostaria muito de ser embalada por “Times Goes By” interpretada por Frank Sinatra.

A arte encanta. Já perdi a conta da quantidade de vezes que terminei de ver uma cena com um sorriso estampado no rosto. A dramaturgia nos dá uma espécie de esperança. Passamos a acreditar – momentaneamente – que nada é impossível.

Em o “Casamento do Meu Melhor Amigo”, torço toda vez, quando o barco passa em baixo da ponte – com o fundo “The Way You Look Tonight” – para a Julianne (Julia Roberts) tasca um beijão no Michael (Dermot Mulroney) – mesmo sabendo que não vai acontecer.

Ainda espero viver uma cena de cinema – mesmo achando pouquíssimo provável. Nem que tenha que forçar um pouco a barra, do estilo:
- Nossa a lagoa está bonita hoje!
- Nós sempre teremos Paris!
Sabe, um troço completamente esquizofrênico, só para dizer a tal frase. Enquanto isso não acontece, fico esperando, e, talvez, criando minha própria frase de cinema.

Sobre homens e telefone

Há pouco tempo estive com uma amiga e papo vai, papo vem – eureca – desandamos a falar de homens!

O tema principal foi uma desilusão recente que ela teve. Sabe aquelas coisas que acontecem e você fica com um gigantesco ponto de interrogação, pois então foi o que aconteceu.

Depois de muito ceder, ser compreensiva – puft – pé na bunda! Fiquei indignada com a história, mas o que mais me deixou perplexa, foi a calma constante dessa amiga. Sabe do estilo mulher mega-ultra bem resolvida?! Eu olhei, franzi a sobrancelha e pensei “Meu Deus quanta maturidade eu estaria me descabelando”. Naturalmente fiquei desconfiada. Depois de olhar de novo, me passou pela cabeça uma idéia nova, das duas uma ou a amiga quis dar e de fato é superior ou realmente ainda não caiu à ficha completamente. Sinceramente acredito na primeira.

Apesar de adorar ar de superior, tenho uma queda irremediável pelo melodrama. Sim, xingar, espernear - mas somente com os amigos ou sozinha, nunca, jamais, em tempo algum com o filho da p... em questão. Por isso, no lugar da amiga tinha mandado o querido pastar.

Bom, essa história toda é para chegar ao meu ponto: “Por que ainda nos desesperamos tanto por causa de um pé na bunda e por que acreditamos em ligações honestas no ‘pós-noitada’”?

O que me deixa inconformada é: “Por que diabos pegar o telefone se não vai ligar”? De verdade, não entendo. Quando você fica com alguém, existe um pacto de colaboração mútua – de não envolvimento – que é quebrado quando ele pega o seu número. Por mais cética que você seja, parte de você acredita em uma ligação – que às vezes nunca acontece. A partir daí começam as teorias mirabolantes “No dia seguinte ele não liga, mas lá pro meio da semana.....” e você espera. O conceito de “meio da semana”, porém, é bastante vago.

Tem pessoas que entendem “meio da semana”, como um mês depois, noite, nada para fazer e – o pior – depois da “pelada”! Ah... Pro inferno!

Respostas para as minhas perguntas? Não tenho não senhor. Não é à toa. Porque de cabeça de homem e caixinha de surpresa se espera qualquer coisa.

Amigos e cores.

Na vida existem vários tipos de pessoas e situações. Cada uma exige uma postura.

Algumas pessoas estão na sua vida apenas de passagem – outras não. Existem aquelas que você se encanta todos os dias, as que são otimistas, as que te aconselham e as que você aconselha. O que interessa é que todos são “complementares” – de alguma maneira – a você.

Fascino-me – quase sempre – com alguns dos meus queridos amigos. A delicadeza e a sensibilidade de uns, a ironia de outros e por ai vai – em uma lista infinita de qualidades e defeitos.

Entre todos os defeitos o que eu não gosto é o chamado “fogo amigo”. Já explico isso funciona como um tipo de rivalidade e disputa infindável entre “amigos” – sinceramente detesto isso, sou filha única não sei disputar. Porém, talvez, isso também seja importante para compor parte da pluralidade do ser – cruzes que frase esquisita.

Não saberia dizer quem eu seria sem meus queridos e fieis companheiros. Os de toda vida e para toda vida, ou os de pouco tempo, mas não menos importantes. Trago todos na memória, como “pedaços” do que sou.

Dizem que o branco é a combinação de todas as cores. Acho que amigos são “essa idéia”. Acho que quando todos se juntam se tornam uma espécie de “branco Maria Clara” – e assim reciprocamente.

A vida pode te levar a caminhos insólitos. Às vezes ganhamos, outras – tantas e tanto – perdemos. Quando se tem amigos – ou cores – a verdade é que nada está ou foi perdido.

Fora da área

Depois de um fim de semana fora da área de cobertura ou desligada, retorno ao blog...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Diálogo Problemático

- Você não consegue me entender, Fulaninho. Você tem algum poblema?
- Não é poblema, Beltraninha. É problema. E é isso: você inventa coisas para mim consertar o tempo todo. Eu não agüento mais!

Eu juro que ouvi esse diálogo. E estou incrédula até agora.
Eles deviam ter mesmo muitas pendências a resolver...
***
Indo para JF resolver alguns probleminhas.Amanhã à noite já estarei de volta.
(os comentários são aprovados pela Maria, ela é a administradora do blog. Mas isso não significa que eu não receba todos eles em e-mails do blogspot antes disso! :P )

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Muletas Linguísticas

Elas são viciantes, marcantes e idiossincráticas. Penetram pelas suas frases, maculam suas conversas, e quando você percebe, todo mundo já conhece o seu vício.

Todo mundo tem uma muleta lingüística: aquele adjetivo ou expressão que é a sua cara e fica pendurado no fim de cada frase. Nos graus mais profundos de dependência, ela está em to-das as frases, e a pessoa acaba por parecer uma caricatura de si mesma, como naquelas esquetes de surfistas onde um diz “e aí, brow?” e o outro responde “sooool”.

Eu, pelo menos, já fui viciada em dizer “nor-mal” (assim mesmo, sílabas bem separadas). Hoje, eu repito com alguma freqüência “fazer o quê, né? É a vida...” ou “bacaaaana”. Todo o meu português certinho cai por terra quando eu cometo uma dessas minhas atrocidades em prol da banalidade das minhas conversas.

O grande problema da muleta lingüística, para mim, é quando ela esconde uma total falta de assunto. Daí ela revela o seu aspecto mais denotativo, de suporte e máscara para uma pessoa que não tem mesmo nada para acrescentar.

Tentando lançar uma campanha para mim mesma: não posso repetir nenhum “conjunto de palavras” mais de cinco vezes ao dia!

"Sei que às vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?"

Cara nova

Quem já veio ao blog sabe que agora estamos de cara nova!! Ralação absurda para conseguir fazer esse layout - são 5:30 da manhã. Imagine uma dupla fazendo um layout a distância?! Pois é, dona Stela já sucumbiu faz tempo, só fiquei eu, este ser insano que vos escreve!!!É aquele papo né "Hasta la victoria siempre" - parece que levo a sério essa afirmação, mas isso é papo para outro dia, tenho que dormir!!!

Enfim, em homenagem a Dona Carmem Miranda aí de cima, resolvi botar uma música - Iupe mais uma vez, tô ficando preocupada com essa minha onda piegas. Não sei exatamente porque essa música me lembra essa senhora, mas de qualquer forma é bem divertida!!


A filha da Chiquita Bacana
Caetano Veloso.

EU SOU A FILHA DA CHIQUITA BACANA
NUNCA ENTRO EM CANA
PORQUE SOU FAMÍLIA DEMAIS
PUXEI À MAMÃE
NÃO CAIO EM ARMADILHA
E DISTRIBUO BANANA COM OS ANIMAIS
NA MINHA ILHA
YEH YEH YEH
QUE MARAVILHA
YEH YEH YEH
EU TRANSO TODAS
SEM PERDER O TOM
E A QUADRILHA TODA GRITA
YEH YEH YEH
VIVA A FILHA DE CHIQUITA
YEH YEH YEH

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Das Habilidades Masculinas

Dia desses, meu irmão aparece na porta do banheiro enquanto eu estou me maquiando para sair:

-Tetéia, você está tão bonita hoje...
-Sério? Ai, amor, que fofo...sabia que você é o irmão mais lindo desse mundo?
-É, sabia. Você...eh...não, Téia, você não é a irmã mais linda do mundo.
-Ah, não? Beleza então, né? Quem é?
-A Beatriz. (prima nossa, de 11 anos, linda) Fica triste não, tá?
-Ah...já me conformei que eu não sou linda há um tempo, Rodolfo...
(gargalhadas escandalosas diante da cara de tacho que ele fez)

Uns dias depois, ele surge na mesma situação:

-Tetéia, hoje você é a irmã mais linda do mundo, tá?
(ainda mais gargalhadas depois de constatar a tentativa dele de consertar o que tinha dito anteriormente)
-Humm...obrigada, Dolfo.
-Oh, Téia...você pega um papel para eu desenhar, poooor favor?

***

Tristes constatações a respeito do ocorrido:

: A sinceridade masculina não resiste a uma possibilidade de obter vantagens;
: Ele tem cinco anos e já sabe que um elogio desarma uma mulher. Imagina quando tiver uns quinze!

Aff...

Tempos Modernos

O grande boom desse começo de milênio é a internet. Apesar de essa frase ser batida, realmente acredito nessa afirmação. Provavelmente alguns vão dizer que a rede é coisa do milênio passado, mas vamos combinar que a democratização e “institucionalização” aconteceram nessa década.

Na rede podemos ter acesso ao que está sendo produzido de cultura, tecnologia, e todos outros milhões de assuntos que nos interessam – de todas as partes do mundo, inclusive esse magnífico blog que “vos escreve”.

No youtube vejo fragmentos do show de Caetano e declarações – leia deprimente – de uma atriz necessitada de mídia. Não estou atacando ninguém, mas garanto que os acessos a esse vídeo foram muito maiores que aos do Caetano. Na verdade quero deixar claro que gosto muito de internet, gosto desses freak shows de mau gosto, porém sei que o meio não é só isso.

Fico preocupada – um pouco – com essa banalização da imagem. Se ao menos essa moça – que está servindo como exemplo, mas quando me refiro a ela falo de todas que já utilizaram esse recurso – estivesse interpretando um personagem, seria melhor, mas não ela esta si representando. Então me pergunto: Como essa senhora se presta a esse papel? – minha opinião. Infelizmente – ou felizmente – ainda não tenho resposta para essa pergunta – ou tenho afinal ela voltou a dar as caras nos programas vespertinos.

O pessoal de stand up comedy utiliza o mesmo site para divulgar seus personagens e piadas – nos divertem horrores. Quem não teve – e tem – a oportunidade de ver o pessoal do “Terça Insana”, do “Z.É.” – e tantos outros – no teatro podem conferir via internet. Essa possibilidade – para mim – é demais. A cultura e o entretenimento – de boa qualidade e de má – conseguem chegar aos lugares mais distantes pela web.

Dessa forma – às vezes – somos obrigados a entender, que a grande necessidade para usar a internet é o bom senso. Talvez eu ainda seja muito careta, mas para mim o que falta para o “novo tempo” é um pouco de sensatez, esse talvez seja o passo que nem todos conseguimos dar.

P.S: O próximo textos será menos pesado – assim espero.

Ensaio sobre a mediocridade

Nunca fui muito apaixonada por futebol. Sou tricolor e sim, estou decepcionada com o resultado na libertadores. Porém, não posso deixar pensar no recalque de dadas torcidas.

Não vou dizer que são os rubros negros que “secaram” o meu time – por mais tentador que pareça. Não vou classificar a torcida, só vou comentar os indivíduos. Muitos amigos meus “torceram contra” – no meu vocabulário invejaram mesmo – alguns nem time tem, mas ao se deparar com essa “situação” preferiram torcer pela desgraça a vitória. Enfim, o que posso dizer dos que fizeram essa opção é que vibrar contra é atitude de recalcados e medíocres. Coitados. “Senhor os perdoe, eles não sabem o que sentem”.

Para mim mediocridade é um xingamento desses intoleráveis, mesmo. Sinceramente, aproveitei o gancho para declarar uma opinião antiga a repulsa a essa “característica” – sofrível, diga-se de passagem.

A mediocridade e o recalque matam aos poucos meus caros. Utilizar-se disso é atitude de pessoas covardes, que não se mostram, e por isso escolhem o caminho mais fácil.

Desculpem talvez vocês possam achar que eu esteja somente revoltada por um resultado, quem me conhece sabe que não. Eu repudio esse sentimento em sua essência de “ser e estar” – se é que se pode declarar assim.

Ser médio é a pior definição que alguém pode aplicar a você. Você não é bom o suficiente para os louros da glória e nem ruim para despertar a piedade alheia. Isso não é uma “americanização” da nossa cultura. É só para pensar que é possível ser melhor. Talvez eu seja muito medíocre, mas tento com todas as minhas forças não ser assim, o que para mim já me faz ver que não o sou. Afinal só de lutar contra isso, já me faz melhor.

P.S.: eu sei que muita gente pode me achar ridícula com esse texto ou achar que delirei, mas quer saber prefiro me mostrar a me esconder. Gente, vou frisar mais uma vez
NÃO ESCREVI ESSE TEXTO POR CAUSA DO JOGO, E SIM POR UM SENTIMENTO ANTIGO.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Espelhos

Agora que saímos da adolescência (beleza, eu ainda levo susto quando tenho atitudes de “gente grande”), eu e minhas amigas chegamos a um consenso esquisito: estamos cada vez mais parecidas com nossas mães.

Elas sempre foram o nosso alvo de críticas preferido. No meu caso, não eram propriamente críticas (minha mãe é um anjo, eu não tenho do que reclamar), mas repreensões esquisitinhas. Enquanto eu falo alto, gesticulo e rio o tempo todo, minha mãe sempre dizia coisas do tipo “Nossa, não sei como você consegue falar em público, eu prefiro morrer”. Além disso, mami sempre foi caseira, e eu a-mo qualquer coisa fora da minha aconchegante casinha: de festa caída a evento do ano, tô em todas. Só para citar algumas diferenças.

Eu me julgava totalmente diferente dela, sem ter onde enxergar semelhança (nem física, ela brinca que sou “filha da avó”). Aí aconteceu o inesperado: cresci. E começaram a acontecer coisas inéditas.

Ano passado, ela foi me buscar no cursinho no meu aniversário. No dia seguinte, umas cinco pessoas vieram me perguntar se minha mãe era “aquela morena que estava na lá na porta”. Como eu me assustei com tanta “adivinhação”, todos deram a mesma resposta: você nunca reparou que vocês têm o mesmo jeito? Não tem como confundir.

Em fevereiro, viajei com duas amigas e uma prima minha. Eu tomei tantas atitudes iguais às da minha mãe que minha prima decretou: “você está igual à madrinha.” Até colocar coisas que eu não precisava na mala, mas que eu sabia que as outras precisariam (mais Dione que isso, impossível).

Aliados a esses dois exemplos bobos, vêm comportamentos cotidianos, trejeitos, gestos, a bolsa repleta de bombons, uma sobrancelha arqueada na hora de chorar, detalhes tão pequenos que não existiam em mim e surgiram com o tempo. Eu pensava que era só comigo, mas quando compartilhei a informação, descobri ser tendência geral. Eu não me tornei uma mini-Di (mesmo porque eu sou muito maior que ela! :P); tornei-me uma mulher com muito mais em comum com ela do que eu poderia esperar.

Só consegui uma explicação para esse comportamento feminino pra lá de non sense. As mulheres têm uma autocrítica bem ácida. Em algum momento, transferimos para as nossas mães aquilo que não gostamos em nós mesmas, mas que em algum lugar, entendemos como inevitável em nós, justamente por ser uma espécie de herança.

E acaba não sendo ruim...

***

ENSINAMENTO
(Adélia Prado)

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

***
PS: Falei sobre o texto para a minha mãe, e ela não conteve a pérola “é porque você me viu fazendo essas coisas e descobriu que dava certo!

Como dois e dois

Não gosto muito de atitudes piegas – apesar de ser piegas. Por isso sempre tive certa repulsa por aquele papo de se definir com músicas e etc. e tal – sempre achei o “O”. Só que às vezes a gente paga a língua – e, diga-se de passagem, feio.

Hoje eu vou postar uma musiquinha – Iupe! Como pessoas felizinhas. Sim, é um pouco complicado se comunicar – se é que isso pode ser chamado de “comunicação” – via música. Eu acho inclusive que nem estou tentando faze-lo não, e que eu me amarrei nessa música – que já é velha mas prestei a devida atenção agora.

Acho que ela talvez não vá dizer muita coisa para vocês – e esse e o grande complicador de “eu’s líricos” – mas, ai vai.


Então, senhoras e senhores:

Como dois e dois
Caetano Veloso

Composição: Indisponível
Quando você me ouvir cantar
Venha não creia eu não corro perigo
Digo não digo não ligo, deixo no ar
Eu sigo apenas porque eu gosto de cantar

Tudo vai mal, tudo
Tudo é igual quando eu canto e sou mudo
Mas eu não minto não minto
Estou longe e perto
Sinto alegrias tristezas e brinco

Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco

Quando você me ouvir chorar
Tente não cante não conte comigo
Falo não calo não falo deixo sangrar
Algumas lágrimas bastam pra consolar

Tudo vai mal, tudo
Tudo mudou não me iludo e contudo
A mesma porta sem trinco, o mesmo teto
E a mesma lua a furar nosso zinco

Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco
Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco

""


P.S.: Em um próximo texto vou abordar o piegas.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sorte ou Revés

Acho incrível observar pessoas tidas como esclarecidas deixarem suas máscaras de impassibilidade caírem para se abraçarem às suas superstições. Não pude conter uma gargalhada quando um professor meu, ateu “convicto”, depois de uma daquelas aulas em que se despreza totalmente o programa acadêmico para se prender a um discurso arrebatadoramente revoltado contra qualquer forma de religião, entra no mesmo ônibus que eu, perto o suficiente para que eu visse que ele tinha um pingente com uma figa pendurado no pescoço. Parece que ele já sabia o motivo do meu riso,e respondeu gaguejando alguma coisa como “Ahhh...ganhei quando era criança...”.Bacana, mas se o cara não acredita em nada, tirar um pingente comprometedoramente crédulo não poderia trazer azar,certo?

Sou católica praticante e, particularmente, acho bem engraçadas essas superstições. Meu primo é absolutamente fascinado pelo número 7. Meu pai nunca escreve com caneta preta. Tenho amigas que se apavoram quando encontram um gato preto. Eu costumo rir disso: meu único medo ao passar debaixo de uma escada é o de derrubá-la com a minha graciosidade habitual.

Eu me considerava imune a essas coisas até que resolvi me observar. Quando me levantei de manhã e coloquei desajeitadamente o pé direito no chão antes do esquerdo (o que seria naturalíssimo numa pessoa canhota), comecei a achar que essa minha imunidade era um tanto quanto falha. Quando desejei “Merda” a uma amiga minha, tal qual nos tempos de ballet, a sensação de falibilidade voltou. Mas quando eu me peguei procurando alguma coisa de madeira para “isolar” uma afirmação potencialmente causadora de má sorte...eu vi que não tinha jeito mesmo.

Só para constar: esse texto foi escrito numa Sexta-Feira 13!
:P

O Ato de Precisar

Toda pessoa quer ser inesquecível. É verdade. Às vezes nos enchemos de vaidade –que em doses certas são importantes – e passamos a acreditar que somos vitais as outras.
Em um dado momento alguns caem na “real” e percebem que o mundo continua a girar com ou sem suas presenças. Porém existem coisas que ninguém gostaria que fossem esquecidas.

Um bom exemplo são os relacionamentos. Por mais que tenha sido bom, quando acaba cada um vai para o seu lado e pasmem, vivem com isso. É verdadeiramente engraçado – ou trágico – pensar nisso. Pessoas que juraram amor eterno podem se desprender daquele amor.

Nunca fui muito boa para entender relacionamentos – pra ser mais sincera sempre fui terrível nesse quesito – mas o que me choca, é como funciona o processo “do nós” voltar a ser “eu”. Honestamente tive refletindo muito sobre isso e como sempre, não cheguei a nenhuma conclusão só a hipóteses.

Hipótese 1: Para se conformar com o fato de que as pessoas vivem sem você é necessário ser pouco egocêntrico. Afinal é preciso entender que como diz a musica “as coisas não precisam de você” para existirem. Por mais que seja bastante difícil se conformar com a idéia ela é real.

Hipótese 2: Na verdade acho que não tem hipótese 2.

Por mais estranho que seja aprendemos a viver sem as pessoas, até mesmo aquelas que fizeram parte de nossa história. Você passa a trazê-las como lembranças, que deram certo ou errado, isso nunca se sabe.

Juras de amor, de amizade ou sei lá o que for, ficam nos lugares onde foram feitas e na memória. O que foi dito em julho do ano anterior não pode se aplicar a janeiro do outro ano. Tudo isso ficou ali, no passado, com as mesmas pessoas, só que em momentos diferentes, o que faz delas pessoas diferentes.

Infelizmente ou felizmente “as coisas não precisam de você. Quem disse que eu tinha que precisar”.

Em Busca da Pauta Perfeita

As pessoas sempre estão em busca de alguma coisa. Mesmo que às vezes sem perceber normalmente almejamos algo que em alguns casos nem sabemos o que é.

Não sei bem por que isso acontece, mas é fato: acontece. Às vezes nossas procuras são interiores – paz interior e coisas do tipo – ou exteriores – namorados, estágios e tudo o mais.

Enfim, essa volta toda é para chegar ao meu ponto, a busca da pauta perfeita. Sim, em tempos de avaliação final do semestre nos vimos malucos para achar uma boa história para ser contada. Ok... Eu sei que maioria vai dizer que não achar de pauta é falta de interesse. Talvez seja sim, visto que hoje as pautas interessantes são os freaks shows da vida real. Acho que estou desinteressada, pelo caso Isabella, pelo dossiê da Dilma, pela bolsa ditadura e por ai vai.

Não duvido que essas questões sejam de fato muito importantes, porém, me recuso a pensar em fazer coro para o que vêm sendo dito a respeito desses casos. Sinceramente eu acho que já chega de especular como foi ou deixou de ser aquela noite no apartamento dos Nardoni. Na boa isso não é ficção, é vida real – e vale dizer das piores. Acho que quem deve tomar as providências é a polícia! E tenho dito! No caso do dossiê é mais complicado afinal, é o meu, o seu, o nosso dinheiro que vai sendo subtraído por primeiras damas ou sei lá quem seja. O que preciso deixar claro é que todas as primeiras damas que gastam dinheiro público – sem ser o que vêm de seus lindos maridinhos – têm que prestar contas sim! Que papo é esse? Nunca soube que primeira dama era emprego público. Enfim ando sabendo de tão pouca coisa que isso pode ter sido institucionalizado e eu não sei. Não acredito em dossiê, acredito em planilha – é preciso dizer: planilha pra mim é justíssimo!

Ok, já perdi tempo demais com assuntos que eu não quero falar. Voltando ao papo das buscas. Imitando o D2 eu estou em busca da pauta perfeita. Eu sei que ela não existe, mas não custa tentar achar. Quero uma pauta que seja uma conversa despretensiosa – dessas que temos em boteco, com o cara da padaria – que represente e de conta das teorias fajutas e divertidas que encontramos em lugares insólitos. De preferência que trate das banalogias alheias da vida e do mundo. Estou em um momento avessa a hard news, óbvio que isso não é para sempre – até porque eu faço jornalismo – mas no momento estou a fim de rir e contar os pequenos detalhes da vida, as conversas infundadas com taxistas, com colegas e professores. Enfim estou em busca da pauta perfeita.



P.S: Esse texto foi escrito há duas semanas, portanto antes do processo da Dilma ser arquivado e dos últimos acontecimentos.

“Numa moldura clara e simples...”

Finalizando o ciclo de apresentações, fui quase “obrigada” a escrever esse texto. Parece forte, mas se encaixa porque eu tenho fugido de auto-análises ultimamente.

Stela Tannure Leal (mas prefiro usar só o sobrenome materno, que evoca a aridez do Líbano e é mais sonoro); 20 anos; irmãe (neologismo criado para explicar minha complexa ligação com o meu único irmão, de 5 anos), filha, neta, prima, amiga; valenciana de nascimento e juizforana de coração.

Escolhi Juiz de Fora para ser o “lugar onde eu ia crescer” antes de saber qual faculdade eu cursaria. Mas, acasos da vida, no meu ano de vestibular eu prestei exame para a UFF (aquelas coisas do tipo “filha, você não pode fazer um vestibular só”). Como praga de mãe sempre pega, só passei na UFF. Mas a UFJF não virou fumaça... virou teimosia.

Fui para Niterói em 2006, apaixonei de vez pelo meu curso (Direito, eu havia esquecido de mencionar), conheci gente incrível, mas resolvi prestar o vestibular para JF, meio por esporte. Não fui chamada por umas duas questões. Vivi a perplexidade quando vi que tinha chegado tão perto sem ter me preparado. E foi aí que fiz o que um monte de gente acha delírio: tranquei a faculdade e transformei 2007 em ano de cursinho.

Fui embora para JF, estudei horrores, conheci ainda mais gente incrível... e para suavizar as lembranças de um ano que não foi lá muito agradável, eu passei. Recebi a notícia numa manhã de segunda-feira, depois de uma noite inteira em claro, roendo as unhas e perturbando Isabella, outra amiga daquelas que dispensa comentários. E foi o momento mais histérico da minha vida.

Agora estou nas minhas últimas semanas de férias (passei para o 2º semestre), entediada e louca para recomeçar a lidar com aquilo que a vocação escolheu.

Ainda que minha vida, até 2007, tenha girado em torno do meu sonho de cursar Direito na UFJF, consegui não abandonar minha identidade. Sou super família e acho que esse traço se desenvolveu em mim por morar na mesma casa que os meus avós desde que me entendo por gente – determinismo geográfico puro. Filha única até os 15, “adotei” como irmãos os meus primos.

Sou dessas pessoas que tentam conversar, conforme a minha parca paciência me permite. Existem pessoas com as quais eu sinto uma simpatia gratuita (os casos de antipatia gratuita também acontecem). Amigos mesmo, conto nos dedos das mãos; nesses casos, sou de fidelidade canina. Não gosto da palavra “inimigo” e nem acho que eu o seja para alguém.

Minha mãe costuma dizer que eu sou dramática. A culpa é dela mesma: me educou com literatura demais numa família quase que só feminina.

Como esse texto está confessional demais me despeço por aqui...
(Acho que sou mais complexa que pensava!)

Muito prazer, Maria Clara

A melhor maneira de começar um texto como esse é de fato me apresentando então lá vamos nós! Meu nome é Maria Clara de Lima Freitas – sim, adoro o meu nome completo sem ocultar nenhum dos sobrenomes – tenho 20 anos, filha única de uma família de classe média, moro no Rio, mas não sou daqui. Vamos para parte mais complexa.

Sou de Valença, cidade da região serrana do estado, no interior. Morei lá até os 17 anos até que vim parar aqui. Meu pai já morava no Rio desde que eu tinha 8 anos – não, papai e mamãe não são separados – meu pai foi transferido para cidade. Passando essa parte, vamos para o menos óbvio – talvez.

O que me trouxe ao Rio foi a intenção – será? – de fazer medicina e então – sabe-se lá porque – resolvi estudar em um colégio “pesado” na preparação para o vestibular – o nome eu prefiro ocultar, afinal de contas não vou fazer propaganda para um colégio que só tem duas letras. Acabei me adaptando bem a essa cidade, fiz amigos e etc. e tal. Como hoje já sabemos, em um dado momento eu ignorei a medicina e me resolvi pelo jornalismo – está bem, esqueci de mencionar que tinha dúvida entre as duas profissões, ato falho. Entrando na parte mais delicada.

Não sei muito bem o porquê de escolher jornalismo e nem se “resolvi”, de fato, a profissão. De repente porque sempre admirei a figura do jornalista. Talvez por ser absurdamente desconfiada e ter uma certa mania de teoria da conspiração – ok, isso também pode ser entendido como esquizofrenia, psicose ou sei lá o que – gostar de escutar outros pontos de vista – mais ou menos – concluindo, não sei. Pretendo descobrir um dia, quem sabe, ou não?!

Enfim, acho que não é muito difícil perceber que eu tenho muitas dúvidas e quase nenhuma resposta. Eu acho que se eu as tivesse não teria só 20 anos – eu sei que tem muita gente que tem respostas com a minha idade, mas foi mal, eu não tenho, sim talvez seja imaturidade, mea culpa. O engraçado é eu ter que escrever um texto desses justamente quando eu estou passando um período de crise de “meio-faculdade” – sim, a palavra não existe, é só um termo que eu uso com amigos para definir o problema recente. Portanto, nem sempre fui tão cheia de perguntas assim – sou mega, ultra, hiper exagerada, megalomaníaca, mesmo, para ser bastante sincera.

No mais, acho que não me resta mais nada a dizer a meu respeito – até porque, desculpem-me, mas escrever sobre nós mesmos é muito complicado, esquisito e sabe-se lá mais o quê.

Para Começar

Bom, não conheço nenhum “Manual Sobre Como Iniciar Um Blog”.Portanto, não esperem encontrar por aqui nada tecnicamente admirável ou prodígios literários.
Esse espaço surgiu das longas conversas entre mim e a Maria,amiga de longa data.Um blog nosso foi a maneira que nós encontramos de comentar sobre as coisas que acontecem ao nosso redor (desde as excentricidades do cotidiano até os acontecimentos desse mundão mesmo), colocar um pouco das nossas impressões e dialogar de uma maneira mais tranqüila que horas de telefonemas interurbanos.
Sem pretensões megalomaníacas, o pontapé inicial está dado.
Divirtam-se com as divagações de duas verborrágicas sem eira nem beira...

=)