sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Politicagem e Desinteresse

Eu sou um péssimo exemplo de cidadã. Ainda que eu seja estudante de Direito, eu odeio falar sobre política. O assunto me cansa, eu me calo e fico antipática. Sou pé frio, meus candidatos nunca ganham... enfim, não sou a melhor companhia se a pauta da mesa são as eleições. Eu gosto do que vem depois delas: a promulgação de novas leis, a elaboração do orçamento, etc. Coisas que me despertam o interesse, porque consigo entendê-las com mais clareza.

Ainda voto em Valença, embora pense em transferir para Juiz de Fora, onde eu posso perceber o andamento do processo político e suas consequências. De qualquer forma, época de eleição em cidade pequena é coisa curiosa. Todos os candidatos a prefeito são conhecidos, direta ou indiretamente, e numa manhã qualquer de sábado, um deles me encontra na rua, me abraça e me chama pelo diminutivo (e olha que esse candidato bate no meu ombro!). Subitamente, minha casa recebe a visita de um candidato a vereador, e ele força intimidade entrando pela porta da cozinha. Meu orkut está cheio de propaganda política e dá uma vontade enorme de mandá-los todos pastar.

Sinto essa raiva porque não acham que eles estejam dispostos a mudar alguma coisa em favor do povo. Em sua esmagadora maioria, querem a proximidade da máquina pública para o proveito particular. Muitos deles sequer sabem qual é a função do vereador, ou o que pode significar a deliberação do Legislativo; mas sabem direitinho qual será o salário deles. Sujam a cidade com propagandas, poluem nossos ouvidos com músicas cafonas.

Sorte que outubro está chegando... e ainda que eu tenha esse asco todo do período de propaganda eleitoral, nunca deixaria de votar e jamais anularia ou votaria em branco. Resta agora encontrar o trigo em meio a tanto joio...

domingo, 21 de setembro de 2008

21

Tal qual na música dos Los Hermanos, não me importo em ver a idade em mim. Por isso, eu sempre adorei fazer aniversário (ainda que o número de presentes diminua significativamente depois que se sai da infância)... telefone tocando, todo mundo reunido: nem precisa ser festa, mas as pessoas costumam esquecer dos problemas nos aniversários das outras, e isso é ótimo.
Aniversário é, para mim, uma recapitulação geral de tudo que foi feito no último ano e um planejamento meio irracional do próximo: uma espécie de Reveillon fora de época mesmo. Mais um fator para me deixar feliz: o saldo dos meus 20 anos foi extremamente positivo, com conquistas, alegrias, saúde, sucesso e amor soterrando os inúmeros problemas que eu enfrentei.
Como na mensagem carregada de remorso que eu li ontem, a vida é feita de escolhas. Que eu escolha sempre o melhor, e as rugas sejam marcas de sorrisos, não de pesar.
(uma pena que você talvez não leia isso nunca, autor da mensagem...pena mesmo)
Parabéns para mim!
Beijos a todos, e obrigada pelos votos de parabéns recebidos pelos mais variados meios!
=)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Para não esquecer!

Todo mundo têm dias ruins. Hoje é o meu dia “D”! Começou com uma dor de cabeça, e quando eu vi desandou total.

Estava eu aqui curtindo – mentira – a minha tristeza inexplicável, quando tive uma idéia brilhante, ligar para uma das minhas queridas amigas! Ok, no começo a conversa estava normal. Até que ela percebeu que eu estava triste. Acredite foi fácil, mesmo pelo telefone. A razão? Eu estava quieta.

Ao perceber, ela logo começou o interrogatório para saber o motivo. O problema é que não tinha um. Eu estava só insossa mesmo. Depois de muitos chutes, por que não arriscar em namorado?! Só que eu não tenho, e pasmem não estou com vontade de ter nesse momento – só daqui a sete meses, agora nem pensar!

Comecei a ouvir coisas do tipo “você está sentindo falta de um parceiro”! Argumentei que não, tenho outras preocupações no momento, e por ai vai. Obviamente ela não se convenceu. E a partir daí escutei aquele discurso normal da amiga que está namorando para a que está solteira.

No início não vou negar que fiquei meio irritada, mas depois passou. Pelo seguinte – mesmo com todo esse papo – me lembrei que não tenho razão nenhuma para ficar chateada. Sabe por quê? Eu estou solteira!

Sempre me animo com esse argumento. Estar sozinha significa estar completamente livre para se perder – e eu adoro isso. No final a tal conversa saiu melhor que encomenda!

Passei mal de rir da minha idiotice, e me lembrei que tenho motivos suficientes para não ficar triste sequer um minuto! Valeu amiga! Toda vez que eu estiver caidinha, comece a ladainha! Em um segundo eu me alegro!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Cabelo, Cabeleira, Cabeluda, Descabelada...

Por toda a minha vida, vivi uma batalha árdua contra as minhas madeixas de fios finos (e rebeldes feito terroristas do IRA). Já repiquei, usei chanel... cansada dos cachos sempre-do-mesmo-jeito, optei pela escova progressiva, e hoje sou uma mulher feliz, que revela seus caracóis só em ocasiões ímpares. Estou numa fase de paz tântrica com minhas melenas.

Aí vem toda a problemática: depois de SEIS meses sem cortar o cabelo, eu lembrava uma brava militante de alguma seita que prega a proximidade do apocalipse e uma juba sem corte. Sob protestos do Gustavo ("não corta muito,por favor") me encaminhei para o salão.

Toda vez que entro num salão, me sinto desarrumada. A luz do espelho faz com que eu pareça ainda mais pálida que o branco-gótico habitual. Para completar, marquei um horário de manhã e realmente estava de cara amassada. E todas aquelas mulheres lindas das revistas de moda... (como ler Vogue e se sentir a última das mortais em dez passos!?)

Confesso que fiquei seduzida pelos cortes fresquinhos do verão. Cada chanel lindo...quase sacrifiquei dois anos de "cabelo crescendo" para voltar a usar algum curtinho acima da linha dos ombros. Mas, meio que instantaneamente, algum instinto protetor capilar me fez sentir uma piedade copiosa dos meus cabelos. E, quando a tesoura se aproximou, o único apelo foi "só as pontinhas,pelo amor de Deus..."

No fim das contas, mudei um pouco. Tirei uns três dedos, fiz um corte bem reto, cortei a franja (de novo!Só para causar polêmica...). E, umas 24 horas depois da interenção, estou rindo feito boba para o espelho....

Há canções e há momentos....

As músicas marcam as nossas vidas. Cada uma a sua maneira. Nos momentos tristes e nos de alegria, lá estão elas, nos consolando ou nos alegrando.

Têm canções que fazem parte da minha história. A minha relação com elas é tão forte, que quando as escuto consigo ter a mesma sensação que tinha antes. Hoje por exemplo resolvi tirar “Scar Tissue” do baú da minha memória. Essa marcou completamente o começo da minha adolescência – era a favorita do meu primeiro amor. Posso garantir que pelo menos por um instante meu coração bateu mais forte.

Já “In your eyes” me faz lembrar das primeiras “nights”. Desde as das casas dos amigos as de boate. Recordo-me perfeitamente de como era sair naquela época. Era completamente diferente, tinha um “que” de novidade – muito gostoso – que não sinto mais. Ah... As primeiras madrugadas em claro. Muito bom.

“Bichos escrotos” – com a Cássia Eller – era um clássico. Eu escutava muito com a Monique – amiga mais que amada. Era uma forma de despejarmos a nossa raiva. Eu por causa do bobão de “Scar Tissue”, e ela por causa de um outro bobão que não tem música. À hora do palavrão era o auge. Gritávamos com uma força absurda.

“Amor meu grande amor” marca a minha primeira ida ao Canecão. Foi muito bacana. Fui com um amigo e sentei na primeira fileira do show do Barão Vermelho. Legal demais!

Logo depois fiquei um tempo bastante razoável sem nada que me marcasse muito. Nada em especial. No máximo músicas legais. Foi um tempo esquisito.

Agora voltei a ter minhas canções! O problema é que são muitas, mas acho que isso é bom. Voltei a sentir um “friozinho” das antigas, que me faz muito bem. Agora, que venham as próximas músicas!

sábado, 6 de setembro de 2008

Entre a Classe e a Catarse

Eu falo palavrões, sem medo de ser feliz. E quando alguém me diz que "moça não pode falar palavrão", eu mando à M!#$% mesmo. Gente recalcada essa que pensa que, para se ser mulher, precisa subir num salto permanente e ficar ali, impassível, sem um xingamento sequer.
O que essa mulher-maravilha faz quando dá uma topada bem dada na parede? Quando se queima no fogão? Quando perde o ônibus porque chegou 3 segundos atrasada no ponto de ônibus? Quando tem mais um problema com serviços via telefone? Se você me disser que ela deve chorar discretamente com um lencinho de seda tampando seus olhos cândidos, eu xingo de novo.
Eu me policio para não dizer nada muito impróprio na frente de pessoas mais velhas: tenho a boca suja, mas não sou desrespeitosa. E acho inadmissível quem usa do palavrão para brigar com alguém: isso empobrece a discussão e tira pontos da argumentação, ainda que se esteja certo.
Mas que dizer um bom palavrão tem poderes curativos...ah, isso tem!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Princesa da Serra ou Manchester Mineira?

Geralmente, toda pessoa que se muda para uma cidade maior desenvolve uma relação bem estranha com a sua terra natal. Quando fora dela, saudades. Quando nela, tédio.


Sou apaixonada por Valença City, seus paralelepípedos, casas antigas, praças e lembranças de tanta coisa feliz que já vivi por lá. Quando passo em frente à Catedral, consigo me encontrar com as minhas memórias de estudante da Escola Normal, de bailarina da Allegro, de pintora que chorou com o Casarão incendiado ou de várias Festas da Glória.


Mais que a cidade na qual mora a minha família, é o lugar no qual eu cresci, aprendi a ser gente, montei os meus sonhos de hoje. Porém, quando estou por lá, falta alguma coisa. Ainda que nada tenha mudado e eu tenha vários amigos, depois de algumas semanas por lá, existe um buraco em mim. Eu sinto uma vontade desesperada de ir para outro lugar, com mais gente, mais barulho, mais movimento... menos bucolismo.


Em Juiz de Fora, lugar que desperta esse amor inexplicável, eu fico feliz. Muita gente, barulho, movimento, opção; meu apartamento, minha correria, minha dupla jornada de estudante-dona-de-casa. Aí acontece o inesperado: eu me derreto de saudades da minha terrinha. Conto os dias para voltar para casa, arrumo as malas uns dois dias antes, fico me sentindo como uma filha ingrata da “Princesinha da Serra”.


Pego o ônibus ansiosa, antecipo mentalmente cada curva e, estranhamente, sempre faz sol em Valença quando eu chego.


Acho que o problema sou eu.


***


Minha boca procura a Canção do Exílio

Como era mesmo a Canção do Exílio?

Eu tão esquecido de minha terra

Ai, terra que tem palmeiras

onde canta o sabiá.


("Europa, França e Bahia", Carlos Drummond de Andrade)