segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Opiniões Desnecessárias de Férias

Tô achando esse acordo ortográfico uma coisa de louco. Eu amo acentuação e vou custar para acostumar: cabe dizer que já arrumei um guia que vai me acompanhar por um bom tempo. Putz, a acentuação é uma coisa quase lúdica: o acento agudo de “feiura” era a verruga no nariz da mulher feia, a trema de “tranquilo” eram dois comprimidinhos de Prozac...piadinha sem graça, mas é a mais pura verdade.
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O tema é batido, a tradução que eu li era péssima (mania feia de fazer download de livros...), mas o livro é incrível: “O Menino do Pijama Listrado”, do John Boyne. Não vi o filme (ainda), mas se tiver um terço da inocência do livro, já vale a pena. É bonito, fiel e ainda tem aquele olhar que só uma criança poderia ter sobre a situação. Eu só não precisava ter chorado feito uma boba durante boa parte do livro.
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Da série “Vícios Incofessáveis”: eu leio revistas femininas. Mas, como tenho senso crítico, quando li a lista divulgada pela NOVA (“100 Jeitos de Fazer uma Mulher Feliz”), logo vi que dali eu tiraria uma boa crise de riso. Vale a pena ler todas as dicas, divertidíssimo! Foi só mandar o link para o Gustavo e logo começaram a surgir as pérolas:

Elogie algo que ela fizer na cozinha.”
Comentário: “Tipo o quê? Quebrar um copo?

Vá com ela a uma reserva ambiental para praticar um esporte junto à natureza.
Comentário: “É essa! Várias coisas que você adora, meu amor: esporte, natureza...
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Tá na moda falar no Obama. Americano tem todo aquele protocolo de fotografar o cara até se dirigindo ao banheiro. Mas o porta-voz do Obamis precisava dizer que ele se perdeu na casa nova? Zoou o cara sem piedade. Se eu fosse ele, trocava por um porta-voz menos dedo-duro.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A Xícara de Louça

Vi esse vídeo um dia desses e me senti dentro dele. O meu objeto preferido, por incrível que pareça, é uma xícara de louça, com o pires, dessas que deviam ser moda lá pelos anos 50. Bibelô de estante. Melhor, ela foi toscamente remendada na asa com cera. Mas sim, é ela a minha preferida.

A tal xicrinha não foi minha a vida inteira. Ela ficava na casa da minha bisavó, de piso de madeira, cozinha de vermelhão e cheiro de sonhos frescos. Eu ia lá todo domingo com os meus avós para visitá-la.

Ela era maior do que aquela casa e que as coisas que viveu. Dessas pessoas que correm mundo sem sair do sofá: entendia de História, Geografia, Astronomia... Com ela, eu aprendi o valor de um livro, assim como o de uma oração feita com verdade.

Há oito anos, eu me vi em frente a uma caixa de coisas dela. E tasquei o que podia para mim (que não tinha muito crédito, por ter treze anos): a tal xícara remendada da estante, colada por ela mesma, com a catarata atrapalhando o conserto.

Delicadeza, carinho, zelo...e um cheiro de sonhos frescos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Doente do Pé

Li ontem numa reportagem a derrubada de um mito da capital fluminense: não, nem todo carioca sabe sambar. E ri sozinha, pensando nos meus desastres pregressos e em como eu já tinha constatado que o brasileiro pode nascer sem esse talento que eu invejo tanto.
Mesmo adorando os mais variados ritmos e tendo estudado dança por alguns anos, nunca levei jeito para o samba. Nem sei quantas pessoas tentaram me ensinar os passinhos básicos, mas era tanta vergonha que eu passava que acabei me conformando. A pior delas foi quando eu vi uma dinamarquesa (sim, uma dinamarquesa!) que sambava feito uma passista e era professora do rebolado no seu país. Foi demais para mim: desisti de aprender e me recolhi à minha insignificância.
E, na semana passada, fui parar em mais um samba. E já antecipei mentalmente a desgraça que vinha, marcando passo, me envergonhar. Mas tive uma grata surpresa: encontrei vários iguais, e nos acabamos mexendo os ombros. Divertidíssimo! Se os pés são doentes, a cabeça é boa.
A minha resignada conclusão é que a ginga tem algo de congênito: ou você tem, ou não vai ter jeito - você vai se lamentar pelo resto da vida. Não há professor que resolva, porque aquela cadência marcada mora do lado de dentro...

Criança tem um jeito particular de ver as coisas. Tudo é enorme, dantesco, exagerado, dramático, derradeiro e definitivo (Certo, a adolescência também costuma ser assim, mas a inocência da infância confere um toque especial).
Eu me lembro de como a minha própria casa me parecia alguma coisa como uma mansão cheia de lugares inexploráveis. Ou como toda lágrima parecia durar para sempre. Ou ainda como as pequenas (ou nem tão pequenas) brigas com a Maria pareciam irreconciliáveis: poxa, ela não consegue entender que a minha Barbie é a mais bonita, não tem como conviver. Ah, a casa dela também era gigantesca.
Nós duas sempre fomos muito diferentes, e até quem não nos conhece e lê os nossos textos pode perdeber isso. Ela sempre foi mais pé no chão, quase pessimista; e eu meio piegas, chorona, sentimental demais.
Hoje, já não acho nem a minha casa nem a dela tão grandes assim; sei que as lágrimas, quando vêm, secam. A minha Barbie pode continuar a ser a mais bonita, mas eu aprendi a ver nossas diferenças como alguma coisa que acrescenta, e muito. Naquela época, nós costumávamos planejar com absoluta certeza um futuro que aconteceu todo diferente.
E, dançando horrores num baile de formatura, eu descubro o quão grande foi a nossa sorte em errar tais previsões.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Dos Medos mais Absurdos

O meu avô é dentista, eu sei. Eu uso aparelho ortodôntico desde a pré-história, eu também sei. Mas descobri um dia desses que...tinha medo de dentista.

A genética me conferiu o karma de ter uma boca cheia de dentes enormes, que mal cabem em mim. E aí, com uns quinze anos, eu escutei que precisaria tirar os quatro sisos, assim que possível.

O primeiro foi aos quinze mesmo, o segundo aos dezesseis. Era tudo tão complexo na minha boca que eles precisavam ir embora um por vez. E eu ficava inchadíssima, sem poder comer direito, sentindo dores, sofrendo. E, ainda por cima, ficava tonta quando ia tirar os pontos. Pode falar que sou uma molenga: eu concordo.

Só agora, no ano passado, precisei tirar o terceiro. Quando fui tirar a radiografia já sentia o pânico se instalando. Ai, Senhor. Uma semana antes do Natal e eu ia ficar uma monstra. E se desse alguma zebra e eu passasse o Natal de cara quadrada? E se não pudesse comer a ceia, tomar sol, ir à praia? Eu me lembrava das experiências anteriores e tremia na base.

No dia fatídico, meu telefone tocou enquanto eu andava na rua. Cirurgia adiantada. Ai, Senhor. Senti uma taquicardia leve, mas dei aquela disfarçada com uma risada e uma piadinha apropriada...coisas da vida em sociedade: se os outros acham que você não está se borrando, você se sente um pouco mais corajosa. E chovia, só para aumentar a tensão no ar. Ai, Senhor.

Quando cheguei no consultório, abri uma revista instantaneamente: afinal, ler me acalma, mesmo se todas as pessoas da revista estiverem com enormes sorrisos...cheios de dentes. Eu ia ter um dente a menos dentro de algum tempo. Ai, Senhor, livrai-me de todo o Mal. Mas nem tive tempo de divagar muito: em menos de um minuto a minha dentista (sorridente) irrompeu à porta e já mandou, sem dó: tá tranqüila?

Poucas pessoas no mundo falam mais que eu, e a minha dentista é uma delas. Ela veio falando que tudo ia ser muito rápido, que o dente estava numa posição fácil de sair...e eu pensando que ela podia falar sobre a novela naquela hora (tudo bem que eu não assisto novela, mas ia distrair).

Aí aconteceu o mais engraçado. A cirurgia apavorante durou menos de quinze minutos. O dente quase pulou da minha boca sozinho (será que eu estava com medo dele ou era ele que estava com medo de mim?). Minha dentista propôs tirar o quarto (e último) siso na hora. Ai, Senhor. Neguei sem pestanejar... já corria adrenalina demais nas minhas veias, eu estava suando, e, quando olhei para baixo, minhas pernas estavam num ângulo que só alguém que quer se proteger consegue fazer.

Pós-operatório? Maior tranqüilidade, sem inchaços ou dores. Tirei os pontos triunfante. E volto agora, em janeiro mesmo, para acabar com esse probleminha. Melhor resolver isso logo antes que me arrumem mais alguma coisa para fazer. Ai, Senhor.
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PS:Agradecimentos à minha dentista, que morre de rir de mim.
PS 2: Um Feliz 2009 a todos!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

2009

Chegamos a 2009! Primeiro post do ano – que na verdade é um recado. Junto com texto vem a esperança rotineira de qualquer novidade. Assunto é o que não falta. Desde a minha nova idade até a Faixa de Gaza – ok me dei uma importância absurda, mas, paciência!

Sobre os novos dígitos não tenho muito a dizer. 21 soa – talvez – mas responsável que 20, como 22, e por ai vai. Estou tensa, já passei de duas décadas. Sinal dos tempos.

Da Faixa de Gaza, muito a chutar pouca coisa real – para mim. Sinceramente, acho que essa questão é muito delicada, tensão absurda. Não consegui formar opinião ou pensar de forma organizada a esse respeito. Cada hora é uma coisa diferente – apesar da questão ser mais velha que a minha avó.

A única “certeza” dentro dessa maluquice toda é que intolerância não está com nada. Matar civis não resolve o problema. O governo do Hamas é o bode expiatório da vez, daqui a pouco encontram outro, e assim seguimos o fluxo.

Acho que é só isso.
Desejo um bom ano para todos,

Maria