quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Ausências

Na minha vida, houve um período nômade. De Valença para Niterói, de Niterói para Juiz de Fora, de Juiz de Fora para (novamente) Valença e, finalmente, de Valença para Juiz de Fora. Tanta andança não poderia deixar (além de um cansaço estúpido) saudades pequenas.
Ganhei amigos em todos os cantos pelos quais estive, e sei que a possibilidade de vê-los, todos, reunidos num salão de festas é ínfima. Essa verdade dói, além de crescer ainda mais a falta que todos eles me deixaram, cada um à sua maneira.
Sinto falta do jeito que os amigos de Valença marcaram minha infância e adolescência, e definiram boa parte daquilo que sou; dos de Niterói pelo jeito que riam do meu sotaque híbrido e das minhas saudades de casa; da vontade que os meus amigos do cursinho tinham de me enforcar por ter abandonado Niterói e do jeito que me acolheram nas suas casas, mentes e corações; e, agora, de férias, sinto falta dos amigos da faculdade, semeados em tão pouco tempo, mas que já me mostraram tantas coisas boas.
Reencontros acontecem por aí, de preferência em repetidas vezes, e servem para que eu reviva momentos tão bons, além de traçar novos rumos para o "prédio de apartamentos" que se tornou o meu coração.
Sei que, como já disse antes, não poderei revê-los todos, queridos ausentes, neste fim de ano. Mas fica aqui registrada a minha saudade de todos vocês (que, naturalmente, sabem que estão nesta lista, mesmo que eu não escreva nomes).
***
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência
Ausência é um estar em mim
E sinto-a tão pegada, aconchegada em meus braços
Que rio e danço e invento exclamações alegres
Porque a ausência, esta ausência assimilada,
Ninguém a rouba mais de mim.
(Carlos Drummond de Andrade)
***
PS: Não se assustem com o arroubo de dramalhão, porque ele foi todo inspirado no trecho escrito acima. =)

sábado, 13 de dezembro de 2008

O que você faria?


Pense rápido o que você faria se só te restasse um dia?
É bem difícil responder essa pergunta instantaneamente. A certeza de só ter mais um dia de vida deve ser uma das piores. Fico tentando imaginar o que eu pensaria se escutasse essa sentença.

Pensar que 24 horas podem representar toda a vida que você tinha idealizado deve ser frustrante. Essa seria a sua pequena amostra de futuro. Talvez, fosse me desesperar, ou mandar para o espaço qualquer restrição do superego. Acredito que tentaria fazer tudo que não fiz até aquele momento, mas, poderia também, me conformar e resolver passar os últimos momentos com os que realmente gosto.

Imagina, em um misero dia qualquer sinal da sua existência some. Como se nunca estivesse aqui. A quantidade de gente interessante que deixaria de conhecer, os porres que deixaria de ter, os amores que não poderia chorar... Um horror.

Esses dias conversei com um amigo e ficamos horas discutindo a esse respeito.Criamos duas histórias. Em uma a pessoa teria – com certeza – só mais um mês. Na outra, existira a possibilidade de morrer em uma semana. Chegamos à conclusão que se tivéssemos nessa posição a melhor opção seria a segunda. A razão é simples: entre possibilidade e certeza, é melhor se agarrar na possibilidade.

De lá para cá essa questão ficou na minha cabeça. Aos poucos entendi uma coisa sobre mim: das certezas – poucas – que tenho, uma é indiscutível, prefiro as incertezas.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Fora da nova ordem mundial ou será a nova ordem?

O mundo anda mudado. Com perdão do trocadilho infame, a super crise econômica americana tem me feito pensar muito. Nunca achei que iria assistir o grande império passar por uma derrocada dessa magnitude. Acho que sempre foi bastante impensado para todos nós – que vivemos nos anos 90.

Não vi a queda do muro de Berlim – nasci em 87, era muito pequena na época. No mundo em que vivi só existia uma potência, os EUA. Tudo que consumi até uns 12 ou 13 era absolutamente americano. Os seriados, a moda, os brinquedos. Houve uma época em que fashion era usar camisetas de bandeira e adivinha qual? A americana obviamente.

Desde os atentados de 11 de setembro, as coisas começaram a mudar. Ficou claro nesse episódio que a CIA era menos poderosa do que – me arrisco a dizer – o mundo pensava. Acreditávamos que eles eram capazes de descobrir – e abortar – qualquer plano que pudesse desestabilizar a ordem e o funcionamento dos EUA. Até que uns camaradas vindos do terceiro mundo mostraram que nem tudo é tão perfeito quanto parece.

De 2001 para cá, é possível perceber que o Tio Sam perdeu o controle do quintal. Hoje a resistência ideológica que temos a eles é bastante expressiva. A idéia de ter um American Way of Life não anima tanto quanto antigamente. E cá entre nós, as desculpas que eles nos dão hoje, não nos fazem vê-los com melhores olhos para cometerem os erros e violações que cometem.

A guerra do Iraque foi uma das piores desculpas já vistas. As tais armas não apareceram até hoje, e, não vão aparecer. O que apareceu – e não pegou muito bem – foi a besteira que fizeram por lá. Hoje eles têm uma tremenda batata quente na mão, e, para piorar, nenhuma desculpa na manga – para engabelar o mundo. Quem paga são os soldados que continuam a morrer.

Até então, de uma forma ou de outra – e numa análise para lá de superficial – só quem se dava mal era o americano médio – que assistia seu filho ir para guerra – e os iraquianos. Agora, tudo mudou de figura. Com essa crise, que vai se tornar recessão- ou talvez já tenha se tornado – os bolsos e bolsas mundiais estão sentindo o impacto. A indústria automobilística americana já anunciou, ou constatou o tamanho do problema. Agora, até os jornais estão enrolados. O New York Times que o diga, vai hipotecar a sede.

Enquanto isso Seu Obama está com a difícil missão de nomear os futuros nomes do governo sem trair a base de apoio – vocês achavam que era só no Brasil? Erraram feio.

Os problemas de lá nunca foram tão palpáveis quanto são agora – na minha opinião. Cogita-se a idéia de fazer um pacotão – que tem tentado salvar a economia – comparado ao New Deal! Os tempos estão mudando...

Não faço idéia de como eles/mundo vão sair dessa. Uma amiga minha vem me dizendo que iremos ver o cowboy se dobrar ao chinês. Exageros aparte, acho que não chega a tanto, mas de fato, alguma coisa está fora da nova ordem mundial, isso com certeza está.
p.s.: Esse texto não tem nenhuma intenção de ser econômico,político,redondo e etc. Foi escrito por uma crítica do sistema "estabelecido" - até hoje.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Ciúme,

Gostaria que esta fosse uma despedida abrupta, mas sei ser impossível. Trabalhei por muito tempo para que você se afastasse, porque sei que nosso relacionamento não é dos melhores.

Te acho alguém sem escrúpulos, que me vem segredando coisas que só você vê. E, logo, estou eu feito uma boba, acreditando nas suas loucuras, contaminada pelas suas idéias.

Eu detesto suas palavras sussurradas, que me provocam lágrimas das mais dolorosas. Queria que você se explicasse ao mundo, e dissesse para todo mundo aquilo que pensa. Mas não. Você prefere cochichar no meu ouvido e me envenenar.

Acho que foi melhor para mim o nosso afastamento gradual: eu fico feliz por não te conferir tanto crédito hoje. Afinal, você é meio esquizofrênico: ouve vozes, sente perfumes e vê coisas. Eu já sofri um bocado na sua mão, passei um bom tempo de mal...mas você continua a me rondar.

Enfim, quero que saiba que eu prefiro você longe de mim. Não, isso seria uma mentira deslavada. Eu quero você por perto, mas que não fale comigo. Fale sobre mim.

Porém, prometa não falar muito.

Um abraço,
Stela

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Dos infernos astrais...

Mais um fim de ano que se aproxima e – conseqüentemente – mais um aniversário também. È esquisito quando você percebe que está às vésperas de completar mais um ano de vida – Deus, como estou piegas. O fato é que nada mudou tanto quanto eu imaginava.

Sei lá, não tenho percebido em mim os traços de uma “adulta padrão”. Talvez, de tudo que tinha que aprender, só entendi que as ações tem reações. Sei que isso é lei de Newton e que aprendi isso no colégio com – os meus distantes – 15 anos. Porém, sei também, que tornar essa lei tão mecânica uma constante no meu dia-dia exige – e exigiu – maturidade.

Não vou negar que às vezes me assusto com muitas das coisas que fiz antes de ter a noção completa dessa teoria. Tanta bobeira me atingiu, tantas palavras eu disse em vão e por ai vai uma lista...

De tudo que aconteceu esse ano posso garantir: o saldo foi positivo. Conheci pessoas fantásticas das quais me orgulho de ser amiga, me distancie de outras que não estavam na minha onda, e, percebi, que quem muito critica pouco faz –e por isso achei que devia ser mais light. Ah...já ia me esquecendo, tive certeza de que a meu contra-ataque e muito mais mordaz do que eu achava. No mais “vamos que vamos, pois o show não pode parar”.

Nesse clima “balanço do ano”, não posso deixar de falar do blog – uma feliz realização. Entendi que nem toda “exposição” é mau-vinda.

O que posso garantir é que de todos os meus infernos astrais, esse é o mais “sereno” – dentro do meu entendimento de sereno, vale lembrar. Que venham os próximos, estou pronta para o embate!