quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Princesa da Serra ou Manchester Mineira?

Geralmente, toda pessoa que se muda para uma cidade maior desenvolve uma relação bem estranha com a sua terra natal. Quando fora dela, saudades. Quando nela, tédio.


Sou apaixonada por Valença City, seus paralelepípedos, casas antigas, praças e lembranças de tanta coisa feliz que já vivi por lá. Quando passo em frente à Catedral, consigo me encontrar com as minhas memórias de estudante da Escola Normal, de bailarina da Allegro, de pintora que chorou com o Casarão incendiado ou de várias Festas da Glória.


Mais que a cidade na qual mora a minha família, é o lugar no qual eu cresci, aprendi a ser gente, montei os meus sonhos de hoje. Porém, quando estou por lá, falta alguma coisa. Ainda que nada tenha mudado e eu tenha vários amigos, depois de algumas semanas por lá, existe um buraco em mim. Eu sinto uma vontade desesperada de ir para outro lugar, com mais gente, mais barulho, mais movimento... menos bucolismo.


Em Juiz de Fora, lugar que desperta esse amor inexplicável, eu fico feliz. Muita gente, barulho, movimento, opção; meu apartamento, minha correria, minha dupla jornada de estudante-dona-de-casa. Aí acontece o inesperado: eu me derreto de saudades da minha terrinha. Conto os dias para voltar para casa, arrumo as malas uns dois dias antes, fico me sentindo como uma filha ingrata da “Princesinha da Serra”.


Pego o ônibus ansiosa, antecipo mentalmente cada curva e, estranhamente, sempre faz sol em Valença quando eu chego.


Acho que o problema sou eu.


***


Minha boca procura a Canção do Exílio

Como era mesmo a Canção do Exílio?

Eu tão esquecido de minha terra

Ai, terra que tem palmeiras

onde canta o sabiá.


("Europa, França e Bahia", Carlos Drummond de Andrade)

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