terça-feira, 12 de agosto de 2008

Latinidade

Eu sempre fui defensora do “sentimento latino”. Tento mostrar aos meus amigos com certa freqüência de que somos na verdade latinos, mas isso vem ficando cada dia mais difícil. De fato, não temos nem – ao menos – o idioma em comum.

Estive refletindo muito sobre isso graças – ou não – a uma matéria que peguei na faculdade. Por ser de outro departamento – de Relações Internacionais – a experiência esta sendo – bastante diferente. Em jornalismo, o nosso interesse maior é o Brasil, e no outro departamento, não.

Discussão vai, discussão vem e todo mundo debate a América Latina, ignorando solenemente o Brasil. O nosso país só era lembrado para dizer que não tínhamos nenhum ponto em comum com o resto da América – o que não deixa de ser um pouco verdade.

Não concordo piamente com o que foi dito, mas alguns pontos são reais. Sinceramente as únicas coisas que nos unem são o tipo de colonização e as ditaduras – algumas militares – que tivemos a partir da década de 60. A língua realmente não é a mesma, não adoramos e nem fomos “libertados” pelo Bolívar ou o San Martin – o primeiro inclusive tratava o Brasil como uma espécie de inimigo da revolução – e nossa história seguiu rumos diferentes. O que foi discutido ali me fez pensar muito. Como tentar unir essa América? Como nos incluir nela se temos tão poucos traços em comum?

Não sei se existe um caminho que nos faça sentir parte – verdadeiramente – da América Latina. O que escutei dentro dessa mesma discussão é que deveríamos nos sentir latinos, porque em todo o resto do mundo somos vistos como tal. Tenho minhas objeções a esse ponto. Se nos condicionarmos a visão do outro iremos de fato perder a nossa identidade. Imagina se nos convencermos e entendermos o que somos pelo que outro pensa, seria uma loucura.

O exemplo da união Européia também foi bastante citado – principalmente pelos pontos desfavoráveis omitidos. Os surtos de anti-patriotismo estão acontecendo com alguma freqüência. Queimam bandeiras, controlam etnias – com os ciganos na Itália do Berlusconi – e coisas do tipo. Não sei se tentar unir um continente com tantas diferenças latentes vale a pena.

Espero que primeiro a relação econômica entre o nosso continente seja estabelecida com sucesso. Depois – se for viável – que aconteça a integração como bloco – sem o interesse puramente comercial. É melhor não botarmos o “carro na frente dos bois”, como já bem dizia minha avó.

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