quinta-feira, 17 de julho de 2008

Moça da Roça

Acho as pessoas do interior mais sensíveis, e isso não é puxar sardinha para o meu lado. Há algo moldado nelas pela população composta unicamente por conhecidos e pela paisagem bucólica da janela de casa.

Eu me policio para não perder algumas das minhas manias de interiorana. Pequenos prazeres como sair da padaria com o pacote quente do pão encostado no rosto e cuidados singelos com as pessoas que estão próximas (aquelas lembranças que agradam e não trazem esforço nenhum de quem oferece).

Mas dou os meus “furos de caipira” às vezes. Tanto tempo depois de sair de Valença me deixou mais contida, mas ainda acontece alguma gafe homérica de vez em quando. A pior foi uma vez, em Niterói, eu estava conversando com umas amigas,quando uma delas começou a contar, muito triste, que havia perdido um amigo há algum tempo e só descobrira naquele dia. Do alto da minha surpresa, mandei:

-Mas você não viu o convite de enterro?
-Quê?
-Convite de enterro, uai...
-Discorre, Stela. (já rindo)
-Quando alguém morre, a família enlutada monta um informativo do tamanho de meia folha A4, com o nome de quem morreu, embaixo o nome dos familiares mais próximos: “fulano, beltrano e sicrano anunciam o falecimento de sua estimada mãe, esposa e avó e convidam para o sepultamento no cemitério X, tantas horas, dia tal”, e colam em vários lugares no centro da cidade, e nos lugares que a pessoa freqüentava.

(Nem preciso dizer que as minhas amigas quase se despentearam de rir com tamanha inocência capiau)

-Ué, mas se não tem isso aqui, como vocês descobrem quando alguém morreu?
-Conhece telefone?
-Conheço, mas sempre falta avisar alguém... você não ficou sabendo do seu amigo. Convite de enterro é muito mais eficiente.

Ta aí. Essa gente do interior sabe das coisas.

3 comentários:

Anônimo disse...

E não é que lá em Valença é bem assim mesmo!!hahahaha
Bjooo

Anônimo disse...

Completa paaala do seu texto!
Eu não tenho a mínima noção de nada do interior! Peço encarecidamente para q você deixe fluir mais esse seu lado valenciano pra mim dar mais palas!
ejaUHEAuheauHEAu

;*

Anônimo disse...

uhauhauhauhauhauha
Só em Valença mesmo que isso acontece!!!
Tipo assim:
"João da Costa Magalhães
O joãozinho da padaria, filho da D. Maria do açougue."
Me divirto!!!
Bjos