terça-feira, 15 de julho de 2008

Os mesmos outros

Há muito tempo tive um grande amigo – daqueles que acompanham sua vida de perto. Compartilhávamos as melhores e as piores coisas que aconteciam. Éramos “unha e carne”.

A vida correu e ele começou a namorar e – naturalmente – nos afastamos. A namorada tinha ciúmes –infundados – de mim, me achava muito presente na vida dele. No mesmo ano eu me mudei para o Rio – e isso contribui mais um pouco para o distanciamento.

Tentamos parecer que continuávamos tendo – ao menos – algo que nos unisse. Depois de inúmeras tentativas de mantermos contato, em algum ponto da estrada – que sinceramente não sei qual foi – o trem descarrilou.

Tive a oportunidade de encontrá-lo – uma serie de vezes – já sem a tal namorada. Tentei fingir que éramos os mesmos e que nada havia mudado – além do tempo obviamente – mas de fato nada era como antes. Ele já não ia a minha casa só para ler jornal, não confidenciávamos coisas um para o outro, não tínhamos mais amigos em comum, enfim éramos outros tentando ser os mesmos.

Infelizmente, em alguns casos, perdemos a – inevitável – luta contra o tempo. Esse, talvez, tenha sido o grande vilão da nossa amizade.

Na última ocasião que nos vimos, constatei, de fato, que ele já não estava no presente, mas no passado. Já não falamos a mesma língua, e nem – ao menos – nos reconhecemos. Somos estranhos no hoje e similares no ontem.

Acredito que ele provavelmente não chegue a ler esse texto – e talvez se o fizesse acharia ridículo, talvez. Preciso somente dizer que não tem revolta ou mágoa. Nossa amizade foi bacana enquanto existiu.

Ainda sinto carinho por ele. Espero que a vida o leve aos lugares que ele almeja. Não sei se será colorida ou em preto e branco, mas que seja da maneira esperada.

Ontem foi o seu aniversário. Espero que tenha felicidades e alegrias. Gosto muito do que fomos, por isso, ainda lhe desejo “feliz aniversário”.

Com amor,
Maria


“Mas não tem revolta, não, eu só quero que você se encontre.
Ter saudade até que é bom, é melhor que caminhar vazio.
A esperança é um dom que eu tenho em mim, eu tenho, sim.
Não tem desespero, não, você me ensinou milhões de coisas.”.

Peninha.

3 comentários:

Anônimo disse...

Isso não acontece com nós duas né?!
Similares no ontem e no hoje, falamos sempre a mesma lingua, parece que o tempo não passou, que não ficamos distantes por tanto tempo!!
Amiga vc já é uma parte de mim....hahaha
Sério!!!Mil beijos!!

Stela Tannure disse...

Tem algum texto sobre amizade,desses que já virou clichê, que diz alguma coisa como enquanto houver amizade, ela há de ser reconstruída de novo e de novo.
Eu acredito nisso com muita sinceridade,e acho que você entende muito bem o porquê.

Afinal,estamos aí,cierto?
Amanhã eu recupero o meu tempo perdido aqui no blog!

:D

Anônimo disse...

O mais engraçado é ver que toda pessoa que lê esse tipo de texto fica procurando detalhes pra saber se o texto fala dela...
Enfim, esse é o poder do tempo! As coisas têm prazo de validade... Qdo a gente menos espera, tudo muda! Ou não!
C'est la vie, ma belle! C'est la vie...
Bjos!